Filhos, filhos, por que tê-los?... Se não tê-los, como sabê-los (Vinicius de Moraes)-------------------------------------------------------------------------------------
Conheço um rapaz que se decidiu pelo celibatarismo e vida solitária.
Desilusões amorosas?
Más línguas dizem outras coisas.
Ele principalmente decidiu não ter filhos.
Tem dois cachorrinhos.
Umas gracinhas.
Obedientes, carinhosos, fiéis.
São otimamente tratados.
Na opinião dele é muito melhor e mais fácil criar cachorros que filhos.
Os cachorros segundo ele são mais educáveis.
Não precisa ir a reuniões da escola.
Enfrentar filas para fazer matrícula.
Levar a curso de inglês, espanhol, polonês.
Segundo ele, seus cães são poliglotas.
Latem em diversos idiomas e são entendidos em todos.
Diz, que diferentemente das crianças, só latem quando estritamente necessário.
Fome, vontade de sair à rua ou percebem alguma coisa estranha.
Não ficam latindo por que querem brinquedos, assistir desenhos, não querem tomar banho, um pegou a comida ou o brinquedo do outro.
Não latem de madrugada com cólicas.
Podem ser deixados sozinhos uma tarde inteira no apartamento, que não há risco de algum vizinho denunciar ao Conselho Tutelar por abandono de menor.
E os cãezinhos são pequeninos.
Um Shi Tzu e um West Highland White Terrier.
Ambos de boa linhagem, com pedigree.
Ficam quietinhos no colo, não mexem nos botões do elevador.
Passam muito bem no Hotel do Pet Shop quando ele viaja.
Vai além.
Quando passeia com eles pela rua e teimam um pouco sobre qual direção seguir ou mesmo ameaçam não querer mais caminhar, é simples.
Pega-os no colo.
Sem manha.
Sem reflexos psicológicos que terminem em ludoterapia analítica para identificar a culpabilidade da mãe, que nem sabem que foi.
Basta um olhar que vão para a casinha.
Um dia lhe perguntaram mais diretamente por que não teve filhos.
Disse que odiar-se-ia se gritasse com uma criança.
Lembrei dele por que hoje estava caminhando no Parque e vi uma mãe aos berros com uma criança de uns quatro anos:
Seu idiota! Bradava a mulher...
Fica quieta! Emendado com um puxão pelos braços.
Melhor não ter filhos, mesmo.
Queria vê-la fazer isso com um cachorro.
Um doberman, por exemplo.
Deve ser por essas situações que há jovens que matam a mãe para ir ao Baile dos Órfãos.
Pensando bem, o rapaz está certo.
Melhor criar bem cães que maltratar crianças.
06 dezembro 2008
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