19 dezembro 2013

NOQUINHO E A SORTE DO LADRÃO


Vovô, você nem sabe a história que me contaram...
O que é desta vez, Noquinho?
Nada! Se eu contar o senhor vai dizer que estou faltando com a verdade outra vez.
Outra mentira, você que dizer... Cuidado aonde você mete o nariz...  Mas conte! Conte!
O senhor acredita em sorte?
Não muito! Acredito em trabalho e honestidade.
Como o senhor explica esta, então?
Se não contar, como poderei explicar... Desembuche, menino!
Então, vovô... Disseram que essa história se passou num lugar chamado de estacionamento. O que é estacionamento?
Deve ser um lugar aonde se guardam charretes.
Sabe, vovô? Diziam que era preciso trocar o cadeado do portão do lugar aonde se guardavam as charretes.
Sim... sim... Conte rápido, porque preciso terminar meu trabalho.
Então, vovô... Um ladrão muito esperto soube que iriam trocar o cadeado... Colocar um mais seguro.
Sempre é bom segurança nestes tempos. Nunca se sabe quem está do nosso lado. Pode ser alguém mentiroso.
Não fale assim, vovô! O senhor me ofende.
Continue, Noquinho.
Ele roubou as charretes... Quebrou o cadeado com uma imensa marreta e entrou no estacionamento.
E ninguém ouviu o barulho? Deve ter feito barulho ou não?
Não sei, vovô... Essa parte eu não perguntei... Nem pensei nisso... O senhor sabe que eu acredito em tudo que me dizem.
Não devia... Você é um exemplo de como alguém pode – como é que você disse mesmo?
Faltar com a verdade.
Isso... Mas, eu acho que alguém ouviria o barulho. Não tinha nenhum cavalariço, um vassalo cuidando das charretes?
Isso disseram... Ele estava de folga nesse dia.
Estou começando a acreditar que esse ladrão era muito bem informado.
O senhor não acredita mesmo em sorte, hein, vovô. Ele roubou um monte de coisas das bolsas onde as pessoas guardam as coisas que carregam na viagem.
E ele não fez nenhum barulho para quebrar os cadeados das bolsas onde as pessoas guardam as coisas que levam nas viagens? Ah! Noquinho...
Verdade, vovô! E ele não roubou só uma charrete, não. Roubou mais.
Quantas?
Todos os dedos da minha mão.
Cinco?
Seis...
Está bem... Mas deve ter demorado muito para ele fazer isso? Uma noite inteira e ninguém viu o portão aberto a noite inteira?
Não, vovô! Ele tinha uma chave falsa que abria os cadeados.
Epa, Noquinho! Se ele tinha uma chave falsa que abria os cadeados, por que ele usou uma marreta para abrir o portão da rua?
Ah, vovô! O senhor pergunta cada coisa. Isso eu não sei.
Noquinho, Noquinho!
Ah! Vovô... O senhor não está acreditando em mim? Não conto mais histórias para você.
Noquinho, pega aquele formão para mim, que eu não tenho essa sorte. Tenho é muito trabalho... Ganhar dinheiro honestamente...
Posso assistir à TV? Está na hora do CSI...

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(Qualquer semelhança com fatos já conhecidos pelo leitor é pura coincidência)

20 outubro 2013

OS BEAGLES E A ARACRUZ


No dia 03.Jun.2006, cerca de 2 mil pessoas entraram no horto florestal da Fazenda Barba Negro, da Aracruz, no RS. Os camponeses protestavam contra lavouras de eucalipto, destinadas à produção de celulose. A Aracruz informou que a destruição do laboratório de pesquisas causou prejuízo de cerca de US$ 400 mil, afora as perdas intangíveis, como a perda de materiais genéticos que levaram cerca de 15 anos para serem produzidos e outros que não podem ser recuperados. (Site Terra).

A invasão da Clinica Royal por dezenas de pessoas, dizendo-se ativistas e defensoras do direito dos animais, foi igual procedimento ilegal juridicamente e com riscos muito maiores que os prejuízos materiais.

Segundo o cientista Carlos Moraes:
“Parece uma ação caridosa, mas estes animais podem representar um risco para a população. Não se sabe que experimentações foram feitas no Instituto Royal, mas os animais usados em testes são inoculados com vírus, patógenos, ou medicamentos que podem contaminar a população. Por isto são confinados, e as pessoas que trabalham lá são todas paramentadas, tanto para não contaminar os animais e também para não serem contaminadas”. Explica, ainda: ”... que animais usados em teste só podem ser adotados por famílias apenas após o aval de veterinários. Quando os animais representam riscos à população, por exemplo, os animais são sacrificados após a experimentação.” (Site Ultimo Segundo-IG).

Ademais, alguns ativistas não seriam assim tão dedicados a causas da adoção, pois:
“A Polícia Civil de São Roque, localizou na tarde deste sábado, dois dos 178 cães que foram retirados à força por ativistas de dentro do Instituto Royal, na madrugada de sexta. Uma denúncia anônima indicou que dois beagles circulavam em uma estrada de bairro próximo ao instituto. Investigadores fizeram buscas e os levaram até a delegacia." (site Estadão)
.
As questões levantadas questionam friamente a atitude.
Se havia indícios de maus tratos aos animais, o caminho correto seria o Judiciário e não a ação truculenta e impensada.
Perguntas que ficam:
Quem se responsabilizará pelo ato criminoso da invasão de propriedade privada? 
Qual a diferença de quem invadisse as casas dos ativistas, roubando seus bens com o argumento de defenderem a desigualdade social de uns terem mais que outros?
Quem responderá pelos riscos de infecções que possam ser disseminadas pelos animais?

A ação revela também a pequenez do conhecimento cientifico dessas pessoas. Talvez, à similaridade daqueles que tentaram impedir o programa de vacinação de Oswaldo Cruz, no início do século XIX. Vencedores estes, estaríamos até hoje morrendo de febre amarela.
Em países mais avançados, seres humanos são utilizados como cobaias para experimento de medicações. Quem sabe por isso o Prêmio de Medicina sempre esteja distante de nós.
Provavelmente, alguns ativistas de hoje tenham apontado o dedo para a Via Campesina em 2006, mas agiram igual.

Que ninguém seja infestado por algum vírus e que todos paguem judicialmente pelo seu ato.


30 setembro 2013

EU ODEIO PROFESSORES

Outra vez greve...
Todo ano essa ladainha.
Com quem eu deixo meu filho?
Coisa de sindicalista!
Quatro meses de férias, reclamam do que?
Sinceramente?
Professor deveria parar de trabalhar definitivamente. Ao lixo essa conversa de vocação, serem vigas-mestras (sic) e importantíssimos para o desenvolvimento de um país movido a escravagismo capitalista chinês, Ipods, Ataris, .
Para que serve um professor?
Melhor seria perguntar: A quem serve o professor?
Descreio, hoje de sua necessidade em termos de aprendizado e cultura.
Via-de-regra trata-se apenas de uma babá a baixo preço de custo, atendendo de  modo coletivo ao proletariado classe média dos novos tempos.
Ei! Peralá, que não sou Madalena!
Antes da terceira pedra, reflitam...
Tantas agressões recebidas. Talvez essa mal formada (deformada) categoria dos professores precise de especializações. Uma delas mestrado em lutas marciais. Se não para ensinar a arte às crianças, sirva para autodefesa.
Outra especialização.
Artes circenses. Mágica, equilibrismo, ser um palhaço.
Mágica para ensinar o trivial ABC, um dois, três com os propositadamente parcos recursos disponibilizados para a Educação movida a Pibinho Amantegado.
Ser palhaço, na expressão mais pura da palavra, ao dedicar um sorriso a uma criança ávida da ilusão que a escola mudará sua vida. Sabemos muito bem que noventa e nove por cento dos alunos têm seu destino traçado ao nascer pela renda de seus pais. E nas costas, um peso imenso de serem futuramente culpados pela taxa de desemprego e déficit da previdência.
Finalmente, professor tem que aprender a equilibrar-se no dia a dia arrastado de sonhos de consumo impossíveis com a esmola mensal das escolas públicas
Eis aí o xis de uma equação que não interessa a nenhum governante resolver. Dizem que não há número que solucione esse problema.
Não sei a fórmula e se tivesse a solução, não revelaria gratuitamente. Guardaria a sete (esse número é o que vem depois do seis, certo?) chaves para ser minha plataforma de campanha e, vendendo promessas, angariar alguns votos junto a categoria.
Mas, em verdade, em verdade vos digo (alguém disse isso):  Quanto mais precária a educação, maior dependência, mais cotas, mais “zelite” a culpar.
Voltando ao palhaço do professor.
Talvez, os governantes de plantão não tenham, na infância, jamais recebido um sorriso de um professor.  Talvez, fizessem, já em treinamento para serem poderosos, zombarias e agressões, sabedores não necessitarem deles para seu “progresso e crescimento”. Por isso, tratem tão mal a categoria.
Tenham ódio e desprezo pela categoria.
Estão vendo só professores? Quem planta colhe...
Vamos lá! Sorriam
Não vão sorrir?
Então, vão cuidar de suas vidas, abram uma Igreja, um partido político, mas parem de amolar com essas graves.
Senão...
Gás lacrimogênio já...
Temperinho de pimenta...
Para adoçar uma balinha de borracha.
E se me acusarem de perturbar a ordem pública, aproveitem a borracha e apaguem o que eu disse.

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N.A
1) Dia 28.Set.2013 - A mando do governador Sergio Cabral (PMDB) e do presidente da Câmara Municipal, Sr. Jorge Felipe (PMDB), professores municipais foram retirados "à força" pela PM/RJ do prédio da Câmara.

2) Site G1 - A P.M.arrombou uma porta lateral da Câmara Municipal do RJ na noite deste sábado (28) para retirar os professores que ocupavam o local desde quinta-feira (26). Os professores disseram que foram retirados à força e, de acordo com o sindicato da categoria, cerca de 20 pessoas teriam ficado feridas. A 5ª DP confirmou a detenção de três manifestantes, que foram liberados ainda na madrugada. Policiais usaram spray de pimenta contra manifestantes.

3) Que saudade da professorinha! (Ataulfo Alves)

24 setembro 2013

A VINGANÇA DE HILLARY CLINTON

Nossos apóstolos especiais, enviados a Assembléia da ONU garantem que Hillary vibrou ao saber que o maridão passaria a noite na companhia de Dilma Roussef e Cristina Kirchner. Após ficar, por quase duas décadas, com Mônica Levinsky entalada na garganta, chegou a gritar, ao melhor estilo Galvão: ”Vai que são suas, Bill!”

27 julho 2013

A VISITA DO PAPA CHICO

O Papa Francisco usa um cocar que ganhou dos índios no Teatro Municipal Foto: Mônica Imbuzeiro / Agência O GloboQuando Francisco chegou
O país, novamente, parou
Correu o povo em juras de fé
Enforcando mais uma semana
De carro zero, peregrinos a pé
Remediados e gente bacana
Todo mundo pra Copacabana


Menino! Coitado do Chico
Tá certo que ele é argentino
Mas não precisava pagar esse mico
Pra começar seu tormento
Deu-lhe boas vindas o braziu
Com um congestionamento
Típico das avenidas do Rio

Naquele recua e avança
Policia espantando fiel a tapa
Camelô correndo: Olha o rapa!
Chiquinho não se fez de rogado
Deu beijinho em criança
Ao lado do ônibus parado
Perdoou um monte de pecado

Na hora do beija-mão
Quem é que agüenta 
Discurso da presidenta
Falou quase meia hora
Pediu pro país solução
Permiso, mas o que é isso
Que conversa é essa agora
Não faço milagre não
Quem fez foi o João

Baixinho ouviu-se o cochicho
Enxugando o suor na batina
Chico fala ao bispo do lado
Tenho tanto compromisso
Viajei muito, estou cansado
Se me aparecer a Cristina
Juro que viro bicho

Visitar a santa Aparecida
Chuva, frio e céu nublado
Helicóptero é risco de vida
Solução de um deputado
Afinal, quem sabe, sabe
Comitiva num avião da FAB.
Chico abençoa, tudo perdoado

Subiu morro, viu menino raquítico,
Rezou missas, mil orações
Não apareceu nenhum político
No dia das confissões
Homenagens, apresentações
Promessas entre as canções
Neste pais de padres show-men
Cantou de novo Fafá de Belém

Preparando o fim da viagem
No repouso em singela cama
Zapeando viu de passagem
Noticias de um telejornal
Guaratiba era um  mar de lama
Chico, por aqui isso é normal
Pergunte ao Paes e ao Cabral

No cortejo, trocou solidéu
Acenos, mãos erguidas ao céu
Da criança ganhou um boné
Não querendo se comprometer
Um pergunta o fez emudecer
E partiu sem responder

Foi melhor Maradona ou Pelé?


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(em processo de registro junto a BN)

07 março 2013

SARAUS E RODAS DE POESIA



De definições diferentes, saraus e apresentações de poetas chegam a confundir-se.
Este texto não pretende dizer que um é melhor que outro, mas diferenciá-los e emitir opinião pessoal.
Saraus podem apresentar todos os tipos de arte. Música, pintura, artes plásticas, performances e até, se sobrar espaço, poesia. Não nos esqueçamos da fertilidade de idéias da Semana de Arte Moderna de 1922, que renovou conceitos artísticos.
A Roda de Poesias caracteriza-se por abrir espaço apenas à poesia. E quanto espaço a poesia abre. Especialmente a troca de idéias entre seus participantes, a descoberta de diferentes formas de manifestação escrita, inclusive com o plágio criativo, e até a formação de parcerias na construção da literatura.
Nos últimos anos participei ativamente de múltiplos saraus, mas apenas de algumas raras rodas de poesia.
Cansaram-me os saraus. Sem abandoná-los, passei a ir a poucos..
Embora seus participantes sejam, em sua ampla maioria, competentes na arte que praticam, os saraus tornaram-se repetitivos ao meu gosto. Fartei-me de ouvir as mesmas canções durante dois terços ou mais de cada evento, restando aos poetas parcos segundos, entre as cantigas, para apresentar sua poesia. Assim, tipo um comercial para as pessoas se prepararem para o próximo cantor se apresentar.
Mas, se é disso que a maioria do público gosta. Ao show... Abram-se as cortinas.
Diferentemente das rodas de poesias, onde podemos prestar toda atenção no poeta, perguntar-lhe o que quis dizer, sugerir uma pequena alteração num verso, pedir o texto para relê-lo. Claro para isso necessário eliminar-se todas as suscetibilidades e estar pronto para aprender e aceitar o novo, uma vez que, salvo alguns – desculpem-me - repetidamente “enluarados”, “estrelados” ou “sempre apaixonados”, nenhum poeta é melhor ou pior em sua arte. Apenas diferentes.
Lembro, ainda, que nem toda poesia é feita para ser apresentada em público. Há, minimamente, três espécies de poesia.
Poesias para serem declamadas, rápidas para que a atenção do ouvinte não se disperse, poesias para serem lidas, mais longas, onde se permite prestar-se maior atenção a cada segmento da poesia, as articulações de rimas, os encadeamentos de versos e ainda há poesias para serem vistas, como a concreta.
Ainda há a possibilidade dos varais de poesia, onde cada leitor segue sua velocidade, pode copiar versos, voltar-se ao verso anterior para entendê-lo melhor. Há um segundo sentido sendo aguçado. De quebra, ainda talvez, tenhamos a oportunidade de se aprender novas palavras, sem vergonha de ficar com aquele jeito de não entendi nada.
Enfim, passadas as rápidas considerações, cada ao leitor pensar sobre o assunto e encaixar-se onde melhor lhe aprouver.
Para terminar um pedido:
Se souber aonde há roda de poesias, mande-me informações, pelo 
email: plugal01@gmail.com 
Um grande abraço a todos os poetas. E aos que não são também.

06 março 2013

TABU



Sempre me lembro.
Sentados na sala.
Meu pai e eu.
TV antiga.
Ganha usada.
Sintonia ruim.
Bombril na antena.
Preto e branco.
Todos os personagens
Ansioso não tirava os olhos.
Vai ser hoje.
Tinha de ser.
Sofrimento juvenil.
Promessas à imagem na parede.
Hoje já não creio nisso.
Foi-se metade.
Metade da fé perdida?
Que não perdêssemos servia.
Era costume. 
Pedrada de Paulo.
Lá no alto.
Era hoje, não é pai?
Ralhou: Senta...Não grite!
Olha lá, olha lá!
Outra vez...
Minuano...
No cantinho.
Mais uns miinutinhos.
Terminara um sofrimento.
Abracei meu pai.
Fui dormir feliz.
Seis de março de 1968.
Faz 45 anos.
O pessoal do Rei e Santos era vencido
Dois a zero.
Acabava-se o tabu...

 

A foto é do jogo seguinte, mas foi esta equipe que derrotou o Santos.

05 março 2013

PININHA NA RINHA DO MMA



Qual a desculpa de hoje, Pina?
Não me olhe com essa cara, dona Gertrudes.
Foi o ônibus, o congestionamento, falta de energia no trem, despertador atrasou?
Tudo isso e nada disso, Gegê.
Gertrudes, por favor, que hoje não estou para Gegê. Estou atrasadíssima para a Academia. Fala logo, a desculpa...
A senhora não me deixa falar...
Desembucha...
Foi o seu Takeo...
Ora, Pina... Até o Sr. Takeo vai levar a culpa de seus atrasos. Tenha a paciência.
Verdade, Gegê... Eu passava no ônibus e vi que estava cheio de viatura na frente da casa dele.
O que aconteceu? Ele estava ferido? Foi assalto?
Não entendi direito, mas ele estava sendo algemado.
O que foi, fala logo...
Calma, ai! Eu desci do ônibus e fui tomar informações sobre o qüiproquó.
Sabe o que os poliça me disseram?
Claro que não!
Primeiro eles mandaram eu circular. Disse que estava circulando desde madrugada no ônibus, aí eles disseram que eu estava desacatando a autoridade e veio pondo a mão em mim. Aí, eu falei para ele que ia contar tudo para minha patroa, que ela era mulher de um repórter e ia denunciar “eles” na TV. Eles ia tudo aparecer naqueles programas da tarde.
Está bem, Pina! Agora conta por que estavam prendendo o Sr. Takeo.
Eu comecei a gritar: Takeo, Takeo, Takeo... O que aconteceu? Um poliça com duas estrelinhas na lapela falou grosso: Ele cometeu uma contra invenção. Eu respondi: O Takeo não é inventor. Ele é, Gegê?
Contravenção, Pina, contravenção. Que contravenção ele cometeu?
Sei lá! Se eu souber o que é isso posso explicar...
Bom, volta a fita. O Sr. Takeo foi preso por que?
Disseram que ele tinha galo no quintal.
E daí?
Também não entendi e pedi para explicarem: Disseram que ele estava treinando os galos para uma tal de rinha...
Ai! O Takeo fazendo rinha de galo? Isso é piada. O Takeo cria umas duas ou três galinhas por que gosta de ovos naturais, sem produtos químicos.
Pois é... Mas, eu tive uma idéia para soltarem o Takeo,
Ai, ai, ai, ai, ai... Que você fez?
Falei que os galos eram encomenda da minha patroa para fazer canja.
Canja de galo, Pina?
Sei lá, com essas modernidades, galo pode ser galinha.
E soltaram o Takeo?
Eles falaram que iam vir aqui investigar se era verdade... Se eles aparecerem, a senhora confirma.
Está bem! E o Takeo?
Perguntei para um moço que estava assistindo a confusão o que era rinha. Com paciência ele explicou... Os galos ficam num cercado lutando até sangrarem e se matarem. Demorou um pouco, mas quando entendi, virei mulher-macho... No bom sentido... Comecei a gritar: Se o Takeo está contravertendo (existe isso, Gegê?) tem um monte de gente na televisão fazendo igual e eles ganham até dinheiro.
Como é que é, Pina?
Eu vi o marido da Zefa assistindo. Dois homens entram no cercado e ficam se batendo até sangrarem e um desistir.
Isso é MMA...
O que é isso?
Artes Marciais Mistas. Uma luta onde vale quase tudo.
Homem pode e galo não pode? Não entendi. A senhora pode me explicar a diferença?
Acho que os dois estão errados, mas fazer o que? Briga de galo é proibida, MMA não é... Bem, mas o Takeo? Os policiais o soltaram?
Em parte...
Como em parte?
Colocaram ele na viatura, mas tiraram as algemas.
E para onde foram?
Disseram que iam para a Delegacia, mas antes iriam confirmar a história que eu contei...
Que história?
Da canja, ora...
Ai, não, Pina... Assim não dá... Tocaram a campainha... Vá lá, veja quem é?
Vixe, Gegê...  São os poliças... Deixo entrar ou digo que não está?

18 fevereiro 2013

I DON’T SPEAK ENGLISH



 “ “The book on the table” ...“O Buick tem tablet” ... “O Burton teve a Taylor”?
As assemelhadas frases retrocitadas (ou supracitadas) significam quase exatamente nada para mim e milhares de pessoas brazilianas que não falam (nem entendem) uma única Word em Inglês.
Minha ignorância e incapacidade em aprender inglês sempre me foi dolorosa. Via os colegas de “Gymnasio” cantarem e não entendia nientes o que John, Ringo, Paul e George diziam em suas músicas.
Acredite, se quiser: Um de meus professores no colegial (lembram-se dele?) foi o professor João Fonseca, gabaritado autor de “Ih! Espique English”.
Não sei por que tamanha dificuldade com o Inglês.
Aprendia com alguma facilidade os outros três idiomas ensinados naqueles bons tempos de escola pública. Está certo não lembrar praticamente mais nada de Francês, exceto os primeiros acordes da Marselhesa, do Platini e do Zidane. No Espanhol tropeço, mas não digo “Cueca Cola”, mesmo que esteja colando. No português, rastejo. Se dissesse que sei o Português estaria faltando com a verdade. Poucos têm essa capacidade. É quase impossível saber-se plenamente o português. Tanto é verdade que o governo estendeu a aplicação das novas normas ortográficas, até que um ex-presidente aprenda minimamente as velhas.
Escutou bem, corretor do Word? Pare de me corrigir...
Curioso foi, num dos vestibulares que prestei, haver obtido um dez na prova de inglês.
Três hipóteses para tal milagre.
A primeira era que traduzir um texto daqueles, qualquer criança de cinco anos, nascida na Inglaterra ou USA – exceto Miami – conseguiria. A segunda era o vestibular ser para Direito, onde se privilegia o Latim, diga-se “en passant”, - vg. (verbis gratia) de passagem - também não entendo bulhufas de pitipiricas. Na terceira, e mais provável, o encarregado da correção iria dar-me um zero. Começou a tremer de tanto rir com as asnices de minha prova, a caneta caiu e riscou um traço à frente do zero. O responsável pela transcrição da nota para a folha de fechamento, traduziu que o risco era o número um e escreveu dez.
Para não me dizer absolutamente ignaro quando se trata de inglês, aprendi que JIP (Japonês, Inglês e Português) são as únicas nacionalidades em que o feminino também usa chapèuzinho (quando estudei, chapèuzinho tinha o charme do acento grave). Quem quiser comprovar o uso do chapèuzinho pelas mulheres dessas nacionalidades, pode visitar o bairro da Liberdade em São Paulo, Trafalgar Square in London ou a padaria do seu Manoel, aqui na Vila.
Meu sofrimento com o inglês atingiu seu auge quando Diana apareceu em minha vida. Não a Lady Di, mas uma professora da faculdade de Jornalismo.
Talvez fosse uma dose de ciúme.
Ela chegava sempre com um tal de “Good Night”. Não dava a mínima para qualquer palavra que eu lhe dizia em Português. Ia embora com o “bye bye” ou com Solon (seria aquele grego? Afinal ele era legislador, jurista, poeta e mais 998 utilidades, tanto que era apelidado de Bombril entre seus pares).
Não falava uma única palavra em língua nativa, isto é em Português, pois a língua nativa do “braziu varemnós” é o Tupi-guarani.
Talvez, não soubesse falar nossa língua.
Desculpável...
O que não era desculpável eram as notas que obtínhamos.
No final do ano, com o intuito de melhorar nossa média e evitar a DP (v.g. dependência), propôs um trabalho para os alunos do fundão. Aqueles com notas abaixo da média. Teríamos que apresentar uma entrevista, em inglês, com alguém famoso.
Nosso grupo compunha-se por cinco alunos ou dez analfabetos funcionais, pois íamos duplamente mal. Tanto na última flor do Lácio, quanto na língua de Robin Hood.
Quatro seriam os entrevistadores.
Eu, com minha tradicional sorte, fui sorteado para ser o entrevistado.
Ao menos poderia escolher quem seria.
Escolhi Bjorn Borg, tenista sueco que maravilhou o mundo nas décadas de 70/80. Afinal, sabia alguns termos inglêses do tênis. Coisinhas como ace, game, set-ball, match-point, advantage, smash, tie-brake, Orange-bol, Roland Garros, Taça Davis, Wimbledon, Thomas Koch, Maria Esther Bueno. Essas palavras que se aprende na transmissão de jogos pela TV.
O entrevistado responderia dez perguntas. Tipo “roda-viva”.
Tudo em inglês.
Óbvio!
Decoramos as perguntas e respostas de forma seqüencial e lá fomos nós. Católicos no centro do Coliseu Romano a espera dos leões, no caso da Leoa.
Na ponta da língua a ordem das respostas.
Tudo ia bem até a sétima pergunta, quando um dos “entrevistadores”, no limiar da ansiedade, trocou a pergunta e fez-me a oitava. Rapidamente respondi o combinado para a sétima.
Algo assim: a pergunta para o Borg aqui era onde havia nascido e respondi minha partida contra Rod Laver (nunca se enfrentaram – o australiano Laver jogou nos anos 50).
A mestra, diga-se “en passant” (verbis gratia de novo - de passagem), lia um texto e parecia não prestar a mínima atenção ao trabalho, quase caiu da mesa e gritou: Stop!
Melhor seria dissesse: Estepe! Afinal era um caso de troca. Trocaram a pergunta. A resposta eu acertara a ordem.
Com aquele olhar meigo do leão vendo a gazela, perguntou-nos: What?
Entendi o ocorrido e travei, gaguejando mais que George VI.
Segundos após, o “nobre” colega – na hora acho que disse fedapê em inglês – percebendo a asneira que fizera, desatou a rir.
Não sei se ria pela graça da situação ou de pavor do que poderia advir.
Farsa descoberta, para completar a tragicomédia, emendei:
Sorry! I am Swedish. I don’t speak English and not understand the question.
Até a teacher caiu na risada, provavelmente causada pelo sotaque norueguês de Bjorn. Traindo-se, disse in Portuguese: Vocês não têm jeito!
Agraciou-nos com honrosa nota five, salvando-nos da temível DP(já explicado).
Bye bye, Solon, bye bye... (Quem lembrou dessa, tem mais de 50).
Thank you, people!

20 janeiro 2013

TRATADO GERAL DO FILHO DA PUTA

Quem vive aqui neste país
Terá que comigo concordar
Há uma raça perversa e infeliz
Mereciam a mira de fuzis
Infelizmente posso assegurar
Tem filho da puta em todo lugar

Povo andando no fio da navalha
Chama de doutor gente canalha
Aturando todo tipo de sevícias
Morrendo de medo das milícias
Sofre quieto! Nem pode reclamar,
Um filho da puta pode lhe estrepar

O assassino era adolescente
Atirou pra mostrar ser mais valente
Nas esquinas, basta aparecer
Um do tráfico vem logo oferecer
Dar um pico, carreirinha aspirar
Filhos da puta destroem seu lar

Desliguei o rádio e a televisão
É noticia ruim, chacina, corrupção
Tiroteios, parece o Velho Oeste
Só herói pra prender tanto cafajeste?
Batman! He-Man! Podem me ajudar?
Filhos da puta não sabem enfrentar

Mulher que do marido só apanha
Chuva arrasta casas da montanha
O crack dizimando a juventude
Quem deveria uma atitude
Só aparece na hora de votar
Filhos da puta querem se locupletar

Longe de pensar só o político
Exemplar desse sujeitinho típico
Multiplicam-se por toda parte
Não adoecem, nunca tem enfarte
Não é preciso muito procurar
Filho da puta é fácil de encontrar

Brotam do nada, vêm em batalhão
Preste atenção, tem um por perto
Bituca ao chão, se achando esperto
Larga o carro à frente do portão
Lixo nas praias, e que dane o mar
Filhos da puta devem nascer de par

Você se escangalha de estudar
Batalha e conquista bom emprego
Fez serões, horas extras sem parar
Ajeita-se e na hora do sossego
Seu tapete um vai querer puxar
Filhos da puta sempre a apunhalar

No Metrô ocupa o banco reservado
Fura fila se fazendo de rogado
Deixa cachorro o dia inteiro a latir
Desgraça alheia, faz piada a sorrir
Pintura nova, surge para pichar
Filhos da puta são mesmo de enervar

Cuidado! Senão você se encaixa
Não respeita pedestre na faixa?
Som alto em plena madrugada?
Não recolhe o cocô da calçada?
Certamente alguém vai praguejar
Um filho da puta acaba de passar
 
Tem filho da puta em todo lugar
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Idéia incidental de Filha da Puta
(Ultraje a Rigor/1989)




19 janeiro 2013

USAIN BOLT MORRE ATROPELADO?



Pouco menos de 10 segundos é o tempo que Usain Bolt – campeão olímpico e recordista mundial – demora para cruzar 100 metros.
Talvez somente ele, se estiver bem atento à largada, consiga atravessar diversas avenidas de São Paulo no tempo destinado aos pedestres, que além de tudo não podem disparar imediatamente ao sinal de partida – o sinal verde do homenzinho do poste.
Isto porque o pedestre ainda tem que aguardar a passagem de alguma moto entre os carros atravessando o sinal vermelho.
Em São Paulo há avenidas de duas pistas com mais de quinze metros, por exemplo Domingos de Moraes, Jabaquara, em que o tempo semafórico para a travessia de pedestres é de incríveis sete segundos.
Largando bem, o pedestre mais veloz conseguirá, com esforço, chegar ao meio da pista.
Aí, poderá tomar um lanche, um energético, respirar fundo e recuperar-se para a segunda parte da travessia.

Diante deste absurdo da CET - Cia. Eng. Tráfego – resta-nos dar uma dica para o veloz campeão melhorar seus tempos:
Usain, venha treinar atravessando as avenidas de São Paulo.
Mas, cuidado!

Não falhe na largada, senão poderá morrer atropelado, como tantos pedestres.