22 novembro 2011

SEQUELAS DO BRAZIL

Braziu,
Terra abaixo do Equador
Sem pecado, sem juízo
Você está um porre!
Veio Cabral navegador
Índios livres, paraíso
Quem agora lhes socorre?

Braziu,
Hoje sem suas densas matas
Só mentiras e cascatas
Jagunços bem armados
Será que tu não te arrependes?
De Zumbi a Chico Mendes
Quantos foram eliminados?

Braziu,
De seus bravos coronéis
Importando seus escravos
Acorrentados pelos pés
Libertos foram nos papéis
Continuam as correntes
Nos afro-descendentes

Braziu,
Dos grupos de meninos
Incendiando os Galdinos
Que não têm onde dormir
Nossa revolta só aumenta
Arde vermos o Pimenta
Leve e solto por aí

Braziu,
Das mortes na Candelária,
De Dorothy, madre operária
Essa sim vinha servir
Um povo a pedir socorro
Que despenca pelo morro
Basta uma chuva cair

Braziu,
Preto e pobre é que são presos
Nem ficamos mais surpresos
Só nos resta indignar
Nada de chamar a polícia
Senão surge uma milícia
Pra sua família chacinar

Braziu,
Levanta do eterno berço
De tanto levarem um terço
Seu continente vira ilha
Amada pátria tão garrida
Merecia melhor vida
Só em festa ter quadrilha

Braziu,
De mulher, praia e cerveja
Cada esquina uma igreja
Enriquece seu pastor
Corrupção se espalha
Ainda chamam o canalha
De excelência e doutor

Braziu,
Que fim levou o seu Cruzeiro!
Vale mais quem tem dinheiro
Bom padrinho, costa quente,
Será que um dia toma jeito
Ter igualdade e respeito
Quem sabe mais frente

Braziu,
Da malária, mal de Chagas
A pior de suas pragas
Não é a saúva, é o chupim
Vende riqueza nas lotecas
Enquanto enchem as cuecas
Com o rateio do butim

Braziu,
Crise na bolsa, inflação
Mais um banco faliu
Manda a conta pro povão
De fome chora a criança
Velho morre de frio
Cansa a esperança

Braziu
Tento mudar de canal
A notícia é sempre igual
Do palanque vem promessa
Parece que só interessa
Encher a cara e de fogo
Sentar e ver o jogo

Braziu,
Do folclore e carnaval
Não se estranhe, afinal
O saci ser um herói
Se pelos deuses abençoado
Alguma coisa deu errado
Isso dói e como dói
Braziu,
Terra abaixo do Equador
Sem pecado, sem juízo
Você está um porre!
Veio Cabral navegador
Índios livres, paraíso
Quem agora lhes socorre?

Braziu,
Hoje sem suas densas matas
Só mentiras e cascatas
Jagunços bem armados
Será que tu não te arrependes?
De Zumbi a Chico Mendes
Quantos foram eliminados?

Braziu,
De seus bravos coronéis
Importando seus escravos
Acorrentados pelos pés
Libertos foram nos papéis
Continuam as correntes
Nos afro-descendentes

Braziu,
Dos grupos de meninos
Incendiando os Galdinos
Que não têm onde dormir
Nossa revolta só aumenta
Arde vermos o Pimenta
Leve e solto por aí

Braziu,
Das mortes na Candelária,
De Dorothy, madre operária
Essa sim vinha servir
Um povo a pedir socorro
Que despenca pelo morro
Basta uma chuva cair

Braziu,
Preto e pobre é que são presos
Nem ficamos mais surpresos
Só nos resta indignar
Nada de chamar a polícia
Senão surge uma milícia
Pra sua família chacinar

Braziu,
Levanta do eterno berço
De tanto levarem um terço
Seu continente vira ilha
Amada pátria tão garrida
Merecia melhor vida
Só em festa ter quadrilha

Braziu,
De mulher, praia e cerveja
Cada esquina uma igreja
Enriquece seu pastor
Corrupção se espalha
Ainda chamam o canalha
De excelência e doutor

Braziu,
Que fim levou o seu Cruzeiro!
Vale mais quem tem dinheiro
Bom padrinho, costa quente,
Será que um dia toma jeito
Ter igualdade e respeito
Quem sabe mais frente

Braziu,
Da malária, mal de Chagas
A pior de suas pragas
Não é a saúva, é o chupim
Vende riqueza nas lotecas
Enquanto enchem as cuecas
Com o rateio do butim

Braziu,
Crise na bolsa, inflação
Mais um banco faliu
Manda a conta pro povão
De fome chora a criança
Velho morre de frio
Cansa a esperança

Braziu
Tento mudar de canal
A notícia é sempre igual
Do palanque vem promessa
Parece que só interessa
Encher a cara e de fogo
Sentar e ver o jogo

Braziu,
Do folclore e carnaval
Não se estranhe, afinal
O saci ser um herói
Se pelos deuses abençoado
Alguma coisa deu errado
Isso dói e como dói
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Baseado em versos de Duque Estrada, Ary Barroso, Baby Consuelo e Chico Buarque e tantas notícias de jornal.

15 novembro 2011

ENTERRO DO QUERENCIO (quase cordel)

Vilarejo em silêncio
Quando a noticia correu
Morreu o seu Querêncio
Antes ele do que eu

Raquel caiu em pranto
Desses de desesperar
Tido quase como santo
Pelo povo do lugar

O padre se lamentou
A perda do sacristão
Porque não me esperou?
Queria dar extrema unção

Na hora do velório
Todo mundo apareceu
Que nem festa de casório
Quem não foi, diz que perdeu

Nem é bom lembrar
Confusão já começou
As beatas a rezar
Carpideira enciumou

Na viúva, a Raquel
Chegou um desconhecido
Foi mostrando um papel
Dívida do falecido

Zé do Empório escutou
E se manifestou
Se for pra ser assim
Também devia para mim

O Mané da Padaria
Foi ao padre e cochichou:
Tem vinho da sacristia
Que ele levou e não pagou

O Toninho lá do bar
Tomou coragem e reclamou
Minha mesa de bilhar
Com o taco ele rasgou

Murmurou uma mocinha
Da casa do pecado
Teve uma vezinha
Que eu lhe fiz fiado

O que é ruim também piora
Surgiu dona Esperança
Veio na última hora
Mostrar o pai para a criança

Querêncio deitadinho
Não podia reagir
Com cara de santinho
Parecia até sorrir

Raquel quase desmaiou
Só pode ser maldade
O cunhado confirmou
Tudo mesmo era verdade

Gritou enraivecida
Que vá logo para o inferno
Pra chegar bem na outra vida
Ainda lhe comprei um terno

Já vai tarde seu safado
Nem olhou para o caixão
E saiu de braço dado
Com um tal de Ricardão