03 outubro 2008

SLOGANS PAULISTANOS ENGANOSOS

1 - São Paulo não pode parar...
2 - A cidade que mais cresce no mundo...
3 - São Paulo, a locomotiva do braziu...
Melhor ir parando por aqui a lista de slogans sobre a capital da América Latina.
Os slogans perderam o sentido.
São Paulo já parou!
Você chega à cidade vindo de qualquer estrada e pronto!
Tudo parado!
Sem piada!
As marginais que margeiam a cidade, diferentemente dos marginais que se instalaram dentro da cidade, são um “mar” de carros parados.
Isso se não estiver chovendo, senão fica a carinha do braziu.
Um mar de lama.
Não adianta tentar fugir.
Nem das Marginais, nem dos marginais.
Isso quando estes não se aproveitam da paralisação delas e vão faturar ali mesmo.
Uma amostra grátis para quem está chegando.
Treinamento para os cinesíforos, semáforos, sinaleiras ou faróis onde você é atacado mais habitualmente.
Muito feliz a idéia do rodízio no âmbito da segurança pública.
Você corre menos risco de ser assaltado.
São Paulo é uma cidade persistente e muito teimosa achou que poderia continuar crescendo.
Surgiram os incorporadores, um pessoal inescrupuloso e autofágico que desrespeita o Plano Diretor da cidade com conversas nas diretorias e outros departamentos municipais, e resolveram fazer a cidade crescer para cima.
Ter-se-ia lá no alto a garantia de segurança que não se tem no chão.
Seu condomínio já colocou o circuito interno de câmeras de segurança, os alarmes de segurança, os botões de pânico, os seguranças que lhe colocam em pânico porque geralmente estão envolvidos com o pessoal que fez o arrastão no condomínio?
Nãããããoooooo?
Seu condomínio não tem isso?
Isso é obrigatório em condomínios. Coisa de gente fina. Classes A ou B.
Não vá me dizer que você não mora num desses?
Mora em apartamento conjugado? Conjunto habitacional financiado pela Caixa?
Apedrejem-me, apedrejem-me...
Você ainda se dê por feliz.
Tem muita gente em situação bem pior.
Comprou da Encol ou da Bancoop e não verá seu apartamento nem aqui, nem na China.
Cito a China como exemplo de que você não tem onde reclamar. Jamais encontrará o responsável e se suspeitar de alguém ele dirá que não é ele ou que não é com ele e num instante desaparecerá com ou sem hábeas corpus.
E você fica com cara de nóia ou de vítima do Naya.
Daí, só reclamando com o Papa.
Você não mora em apartamento, mas tem que visitar alguém que mora num crescimento vertical.
Pode escolher o bairro.
Vila Mariana, Perdizes, Sumaré, Bela Vista, Pinheiros, Jardins, Higienópolis, Aclimação, Santo Amaro.
Interaja... Coloque a zona que quiser.
Faça como a Angélica ou a Soninha e vá de táxi ou bicicleta, pois você terá um enorme problema para estacionar seu “ponto zero” de 72 parcelas.
Ocorre até com quem não tem “ponto zero” financiado, como eu...
Ia só deixar um presente de casamento no apartamento de um parente em Moema.
Andei quatro quadras entre o carro e o prédio.
De outra parte, em casa sinto certo prazer sádico ao ver o desespero das pessoas querendo estacionar seu carro para irem aos dois prédios da rua e só haver guias rebaixadas no entorno.
Até coloquei uma plaquinha: “Nem um segundinho!”
Aí digo para meus zíperes: Que bom ter fobia a lugares altos! Moro no chão e só me mudarei para uma quitinete subterrânea.
Isso se não ocorrer uma desapropriação para aliviar o trânsito ou construir uma estação de metrô.
Metrô lembra ambulantes irregulares, que também tem sua culpa no caos do trânsito, além do barulho, sujeira e venda de produtos irregularmente.
Obrigam aos pedestres andar pelo meio da rua, porque não tem espaço para andar pelas calçadas ocupadas por eles.
Por uma questão lógica se São Paulo parou e só cresce para cima, obviamente não pode ser locomotiva nem do braziu nem de coisa alguma, primeiro porque saiu “fora dos trilhos” e depois, gente, locomotivas não voam.
O trem está feio embora São Paulo continue linda demais.
Agora nem precisamos parar para ver.
Ela está parada!
Às vezes, lembro-me de uma piada dos anos 60 quando São Paulo começava a crescer e criavam as primeiras avenidas.
Um mineirinho, recém chegado, tentando há uns dez minutos atravessar a rua, grita a um cidadão, que está do outro lado, observando:
Cumpade, como faço para atravessar?
Não sei... Nasci do lado de cá.
Está quase isso!

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