03 junho 2008

PAPO DESANIMADOR NO METRÔ

Ontem, nem muito por ser o xereta que sou, “assuntei” uma triste conversa no Metrô.
Impossível não escutar, uma vez estivesse prensado qual sardinha e quase de rosto colado na dupla de conversava.
Um deles, de unas vinte e cinco anos, com forte sotaque catarinense dizia que tinha medo de ficar em St.Paul.
Que era tinha muito ambulante, muita violência, que ninguém dava nota fiscal nas lojas e que estava chateado por que tinha pedido para guardarem um produto numa loja, que ele iria sacar o dinheiro no caixa eletrônico e quando voltou meia hora depois tinha vendido sua encomenda.
O outro, com seus quarenta anos, retrucou que aqui era assim mesmo. Tinha que ser esperto, ficar de olho em tudo. Um peixe, um no gato.
Expressamente, ouvi algumas frases do diálogo:.
“Não pode dormir no ponto, senão dançou...”
“Mas, isso não pode ser assim... Temos que confiar na palavra...”
“Isso é lá no Sul... Aqui não é assim, não...”
“Tem que mudar isso...”
“Mudar o quê? É todo mundo desonesto... Político, deputado, juiz... Tudo igual...”
Parou de falar um pouco, para permitir que alguns passageiros passassem para descer e prosseguiu:
“Você vê só o governo... O cara nunca sabe nada, não vê nada. Os amigos dele envolvidos em tudo que é canalhice (não foi bem esse o termo, foi mais chulo) e os caras estão tudo aí na maior mordomia...”
“Isso precisa mudar...”
“Muda nada... Só vai piorar... Não é do meu tempo, mas para mim só voltando os milicos para por ordem nesse titica (o termo foi também mais chulo).”
Eles desceram e não fiquei sabendo para onde a conversa se encaminhou.
Mas, fiquei refletindo.
Um homem de quarenta anos, sem esperança de que as coisas possam mudar para melhor, desanimando um rapaz, aparentemente de boa índole, a crer em instituições, em ética, em palavra dada, em compromisso.
A seguir neste rumo de descrença, terei passado minha vida lutando em vão...
E meus sucessores estarão, como direi...
Fritos...
Meu São Jorge, me dê força...

Um comentário:

Enio Luiz Vedovello disse...

O grande problema é esse: todo mundo fala, ninguém faz nada. A começar de nós mesmos, eu me incluo na culpa...