15 junho 2008

A VOLTA DO CACHORRO VIRA-LATA?





O atual futebol apresentado pela seleção brasileira parece estar condizente com a expressão de Nelson Rodrigues: “O Brasil tem síndrome de cachorro vira-lata quando enfrenta os times de países europeus”.
Antes temíamos os europeus.
Agora nem os latinos nos respeitam.
Em nome da modernidade, retifico Nelson Rodrigues: "Temos síndrome de cachorros fura-sacos".
E saquinho de vinte litros.
Numa só semana, vencemos com muito custo a “expressiva” seleção canadense, onde metade dos jogadores fala francês e metade inglês. Deve ser por isso aquela Torre de Babel da defesa deles, que passou o jogo batendo cabeça.
Depois duas gloriosas e retumbantes derrotas para a Venezuela, onde o futebol é o quarto esporte, depois do beisebol, pugilismo e bola ao cesto e para o valente time paraguaio, jogando metade do jogo com dez jogadores.
Não há que culpar o técnico.
Nos tempos em que éramos cachorros vira-latas, com qualquer técnico, só perdíamos para a Argentina e Uruguai.
E olhe lá.
Não tínhamos milionários jogadores jogando na Europa errando passes e dando chutes bisonhos a ameaçar cinegrafistas postados longe do gol.
Será que é isso?
Nossos grandes e ricos jogadores importados ficaram com medo do futebol latino, não se dão conta que são brasileiros e tremem.
Isso não é de hoje.
Vêm desde 1986.
Foi a última geração que chamava a bola de amiga e a tratava com carinho.
Depois disso, sucederam-se sofrimentos com agressões à bola.
Eliminados pelos argentinos em 1990.
Em 1994, embora campeões, foi a primeira vez que se comemorou um título numa final sem gols e depois de um chute por cima do travessão.
Em 1998, chegamos aos tropeços a final, perdendo até da Noruega, que tem como principal esporte a pesca do bacalhau, e fomos massacrados pela França.
Em 2002, um título legítimo, mas com um futebol retrancado, ganhando sofridamente duas vezes da potente Turquia, da China e da Costa Rica, apertado da Inglaterra, com um gol “espírita” do Ronaldinho Gaúcho e da Alemanha, esta sim uma partida digna de cães de alta linhagem.
Mas, lembram do sufoco para chegarmos à Copa?
Classificamo-nos na bacia das almas.
Atrás da Argentina, Equador e com os mesmo pontos que o Paraguai.
Recuperado o respeito, em 2006, o Brasil foi o primeiro nas eliminatórias, mas depois tivemos aquela atuação pífia na Copa com o “quadrado mágico” fazendo a bola parecer quadrada.
Estão perdendo o respeito com o futebol brasileiro.
Será que correremos o risco de termos de fazer contas até a última rodada das eliminatórias, fazermos promessas a todos os santos, acendermos velas e enchermos as esquinas de trabalhos para nos classificarmos para a Copa de 2010.
Pelo jeito que a carruagem está passando, os cães ao redor não ficarão só ladrando, não.
Vão nos colocar para correr.

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P.S.- Só um detalhe: A seleção não tem nenhum jogador que passou pelo Manto Sagrado e jogou um futebolzinho de segunda divisão.

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