17 dezembro 2011

MENSAGEM A PAPAI NOEL

Papai Noel,

Eu sei que você nem se lembra mais de mim.
É recíproco, pois esqueço de você o ano inteiro.
E nem me lembraria, não fosse seus sósias ficarem aparecendo em tudo que é canto, esquina, praça.
Alguns bem feinhos e magricelas.
Todos com suas Noeletes! Essas sim, em sua maioria, valem a pena serem vistas.
Pelo menos as que aparecem na TV.
Quando eu era pequeno, só tinha rena.
Se bem que tenha quem prefira as renas.
Um bom filé de rena mataria a fome de muita gente.
Ui! Lá vem porrada da “APRenaTa” - Associação dos Protetores de Renas Natalinas, acusando-me de renofobia.
Nonoca...
Posso chamá-lo assim?
Você não existe. Se existisse mesmo, o Manto Sagrado já teria ganho a Libertadores.
É o pedido de milhares de pessoas há anos.
E nada!
Aumento de salário de aposentado, também necas de pitipiricas.
Papai Noel, pensando bem você é um saco!
Quando diminui o congestionamento de porta de escola, você cisma de aparecer e tumultuar o trânsito...
Aquele monte de carro parado vendo árvore de Natal no Ibirapuera, enfeites da Avenida Paulista, esperando vaga em porta de shopping.
A culpa é toda sua, Nonoca!
Aumentam os pedintes nos semáforos.
Aumentam os telefonemas de Associações Beneficentes.
Aumentam as filas nos supermercados
Aumenta o preço do bacalhau.
Espírito de Natal?
Pois, sim!
Mera data comercial.
Papai Noel, se manca!
Ninguém está preocupado com você.

PREVISÕES INFALIVEIS PARA 2012

PREVISÕES PARA 2012

Nossas previsões para 2011 foram um sucesso.
Mais de 95% de acerto.
Em time que está ganhando não se mexe...
Repetiremos o feito em 2012.
Então, vamos lá:

O ano será bissexto.
Assim sendo, seguramente Fevereiro terá 29 dias.
Todos os demais meses também.
A BANCOOP não entregará nenhum imóvel.
O Corinthians disputará novamente a Libertadores.
Pela Internet, circularão informações que Elvis não morreu, que querem acabar com o 13º.salário, que alguém amanheceu numa banheira de gelo sem o rim, que alguém foi dopado ao pegar o segundo prato num restaurante, que este parágrafo está parecendo boletim de ocorrência de tantos “quês”.
Haverá shows com sobreviventes da Jovem Guarda.
A TV Globo apresentará o Especial de Natal de Roberto Carlos.
Se Roberto não se converter à Universal e apresentar-se na Record.
Acontecerão tragédias aéreas. O BBB e a Fazenda continuarão no ar.
Quem sobreviver, e não tiver o que fazer, verá. Estarei ocupado.
Morrerão pessoas que nunca haviam morrido antes.
Em não existindo Medidas Provisórias alterando as datas por motivo de força maior, a terça-feira de Carnaval será numa terça-feira, a sexta-feira Santa numa sexta e Corpus Christi (não confundir com Habeas-Corpus) numa quinta.
Os Habeas-Corpus serão concedidos em todos os dias da semana, liberando o geral.
O governo anunciará a descoberta de poços de petróleo no pressal.
O preço da gasolina continuará salgado.
O índice de reajuste do aposentado será menor que o do Salário Mínimo.
Haverá greves do funcionalismo público. E ninguém notará.
Professores entrarão em greve. E ninguém notará.
Alunos invadirão a reitoria da USP.
O dia das Mães será no segundo domingo de Maio.
Já o dia dos Pais, independentemente de quem seja, será no dia 12 de Agosto.
Haverá congestionamentos em São Paulo.
Diretores de Escolas de Samba reclamarão de injustiça no resultado.
Caetano Veloso dará entrevista garantindo – ou não, sei lá...
Infelizmente, será difícil um filme brasileiro ganhar o Oscar.
Todavia, os astros garantem: Um filme brasileiro ganhará a categoria nacional do Festival de Gramado.
Atrizes globais cinqüentonas (ou mais) unir-se-ão a homens muito mais jovens.
Artistas estarão envolvidos com drogas.
Haverá programação especial para comemorar o centenário de Nelson Rodrigues, Mazzaropi e Jorge Amado e, talvez, novamente, de Adoniram.
O Braziu classificar-se-á antecipadamente para a Copa de 2014.
Noventa e nove por cento de possibilidade do campeão gaúcho ser o Internacional ou o Grêmio.
É semelhante a possibilidade do campeão mineiro ser o Cruzeiro ou Atlético.
O Íbis vencerá uma partida. (N.A.– Preciso errar algo para ter credibilidade).
Chipre não se classificará para as finais da “Euro-Copa”.
José Sarney e parte do PMDB apoiarão o governo.
Outra parte apoiará quem estiver no Governo.
Dilma demitirá ministros por causa de denúncias da imprensa.
Continuaremos sem saber como uma tartaruga sobe num poste e o que faz lá.
Surgirão templos evangélicos em diversas esquinas e galpões.
Eduardo Suplicy cantará “Blowin´in the Wind” , em uma sessão do Senado..
Um membro do Judiciário cometerá crime e será absolvido por seus pares.
Presos indultados cometerão crimes no período do indulto.
Membros do tráfico serão libertados por seus pares que explodirão uma delegacia.
Políticos envolvidos com milícias e com o tráfico serão julgados e absolvidos por seus pares.
A lei da Ficha Limpa talvez seja julgada pelo STF.
O povo discutirá os crimes nas novelas e prescreverão crimes reais de políticos.
O Mensalão poderá ingressar na primeira série, pois completará sete anos.
Haverá horário político obrigatório.
O Ministro da Saúde falará em rede nacional sobre o surto de dengue e afirmará que os culpados são seus vizinhos e os donos de borracharia.
Haverá muitas balas perdidas no Rio.
Morros desabarão por causa das chuvas.
Haverá denúncias de desvios nas doações.
A passeata do Orgulho Gay terá muito mais gente que em 2011.
Miss Braziu ainda será uma mulher.
Há fortes probabilidades de nascer a Miss Braziu-2032.
Se houver a conjunção da constelação de Áries com a Estrela Dalva, haverá forte reação de Touro que exigirá o teste de DNA dos Gêmeos no programa do Ratinho.
Depois dos Quartos Crescentes virão sempre as Luas Cheias.
Haverá “blue moon” em Agosto.
Para terminar, deixo uma mensagem de esperança:
Que todos estejamos aqui ao final de 2012, para novas estonteantes previsões.
Um feliz 2012 !

09 dezembro 2011

GUARDANAPO - Premio Especial do Juri - XIII Concurso Nacional de Poesias

GUARDANAPO

Maquiagem desfeita
Noite mal dormida
Castigo da vida?
Trabalho? Coisa feita?
No espelho um trapo
Sente-se um farrapo.
No canto amassado
Bilhete borrado...
Mais esperança perdida
Foi-se o sonho de véu
Prometido no papel
Tanta jura não cumprida
Carruagem? Conto de fada?
Viagem de lua de mel...
Tornaram-se apenas nada
Pouco restou da despedida:
Doendo no pensamento
Lágrima ressacada
A endurecer sentimento;
Dor cortante navalha
No amanhecer sem calor
Mais um amor errado
Solitária, bate um medo
Derreteu-se outra paixão
Sente arder o dedo
Ao acender o fogão
Nas mãos retalha
Aos fiapos o guardanapo
Com um verso encantado
Que aquecera seu coração
--------------------------------------------------------

XIII CONCURSO NACIONAL DE POESIAS 2011
Clube dos Escritores de Piracicaba

Categoria Profissional: Premio Especial do Júri para Pedro Luiz Dias Galuchi, de São Paulo/SP, com a poesia “Guardanapo”.

22 novembro 2011

SEQUELAS DO BRAZIL

Braziu,
Terra abaixo do Equador
Sem pecado, sem juízo
Você está um porre!
Veio Cabral navegador
Índios livres, paraíso
Quem agora lhes socorre?

Braziu,
Hoje sem suas densas matas
Só mentiras e cascatas
Jagunços bem armados
Será que tu não te arrependes?
De Zumbi a Chico Mendes
Quantos foram eliminados?

Braziu,
De seus bravos coronéis
Importando seus escravos
Acorrentados pelos pés
Libertos foram nos papéis
Continuam as correntes
Nos afro-descendentes

Braziu,
Dos grupos de meninos
Incendiando os Galdinos
Que não têm onde dormir
Nossa revolta só aumenta
Arde vermos o Pimenta
Leve e solto por aí

Braziu,
Das mortes na Candelária,
De Dorothy, madre operária
Essa sim vinha servir
Um povo a pedir socorro
Que despenca pelo morro
Basta uma chuva cair

Braziu,
Preto e pobre é que são presos
Nem ficamos mais surpresos
Só nos resta indignar
Nada de chamar a polícia
Senão surge uma milícia
Pra sua família chacinar

Braziu,
Levanta do eterno berço
De tanto levarem um terço
Seu continente vira ilha
Amada pátria tão garrida
Merecia melhor vida
Só em festa ter quadrilha

Braziu,
De mulher, praia e cerveja
Cada esquina uma igreja
Enriquece seu pastor
Corrupção se espalha
Ainda chamam o canalha
De excelência e doutor

Braziu,
Que fim levou o seu Cruzeiro!
Vale mais quem tem dinheiro
Bom padrinho, costa quente,
Será que um dia toma jeito
Ter igualdade e respeito
Quem sabe mais frente

Braziu,
Da malária, mal de Chagas
A pior de suas pragas
Não é a saúva, é o chupim
Vende riqueza nas lotecas
Enquanto enchem as cuecas
Com o rateio do butim

Braziu,
Crise na bolsa, inflação
Mais um banco faliu
Manda a conta pro povão
De fome chora a criança
Velho morre de frio
Cansa a esperança

Braziu
Tento mudar de canal
A notícia é sempre igual
Do palanque vem promessa
Parece que só interessa
Encher a cara e de fogo
Sentar e ver o jogo

Braziu,
Do folclore e carnaval
Não se estranhe, afinal
O saci ser um herói
Se pelos deuses abençoado
Alguma coisa deu errado
Isso dói e como dói
Braziu,
Terra abaixo do Equador
Sem pecado, sem juízo
Você está um porre!
Veio Cabral navegador
Índios livres, paraíso
Quem agora lhes socorre?

Braziu,
Hoje sem suas densas matas
Só mentiras e cascatas
Jagunços bem armados
Será que tu não te arrependes?
De Zumbi a Chico Mendes
Quantos foram eliminados?

Braziu,
De seus bravos coronéis
Importando seus escravos
Acorrentados pelos pés
Libertos foram nos papéis
Continuam as correntes
Nos afro-descendentes

Braziu,
Dos grupos de meninos
Incendiando os Galdinos
Que não têm onde dormir
Nossa revolta só aumenta
Arde vermos o Pimenta
Leve e solto por aí

Braziu,
Das mortes na Candelária,
De Dorothy, madre operária
Essa sim vinha servir
Um povo a pedir socorro
Que despenca pelo morro
Basta uma chuva cair

Braziu,
Preto e pobre é que são presos
Nem ficamos mais surpresos
Só nos resta indignar
Nada de chamar a polícia
Senão surge uma milícia
Pra sua família chacinar

Braziu,
Levanta do eterno berço
De tanto levarem um terço
Seu continente vira ilha
Amada pátria tão garrida
Merecia melhor vida
Só em festa ter quadrilha

Braziu,
De mulher, praia e cerveja
Cada esquina uma igreja
Enriquece seu pastor
Corrupção se espalha
Ainda chamam o canalha
De excelência e doutor

Braziu,
Que fim levou o seu Cruzeiro!
Vale mais quem tem dinheiro
Bom padrinho, costa quente,
Será que um dia toma jeito
Ter igualdade e respeito
Quem sabe mais frente

Braziu,
Da malária, mal de Chagas
A pior de suas pragas
Não é a saúva, é o chupim
Vende riqueza nas lotecas
Enquanto enchem as cuecas
Com o rateio do butim

Braziu,
Crise na bolsa, inflação
Mais um banco faliu
Manda a conta pro povão
De fome chora a criança
Velho morre de frio
Cansa a esperança

Braziu
Tento mudar de canal
A notícia é sempre igual
Do palanque vem promessa
Parece que só interessa
Encher a cara e de fogo
Sentar e ver o jogo

Braziu,
Do folclore e carnaval
Não se estranhe, afinal
O saci ser um herói
Se pelos deuses abençoado
Alguma coisa deu errado
Isso dói e como dói
-------------------------------------------

Baseado em versos de Duque Estrada, Ary Barroso, Baby Consuelo e Chico Buarque e tantas notícias de jornal.

15 novembro 2011

ENTERRO DO QUERENCIO (quase cordel)

Vilarejo em silêncio
Quando a noticia correu
Morreu o seu Querêncio
Antes ele do que eu

Raquel caiu em pranto
Desses de desesperar
Tido quase como santo
Pelo povo do lugar

O padre se lamentou
A perda do sacristão
Porque não me esperou?
Queria dar extrema unção

Na hora do velório
Todo mundo apareceu
Que nem festa de casório
Quem não foi, diz que perdeu

Nem é bom lembrar
Confusão já começou
As beatas a rezar
Carpideira enciumou

Na viúva, a Raquel
Chegou um desconhecido
Foi mostrando um papel
Dívida do falecido

Zé do Empório escutou
E se manifestou
Se for pra ser assim
Também devia para mim

O Mané da Padaria
Foi ao padre e cochichou:
Tem vinho da sacristia
Que ele levou e não pagou

O Toninho lá do bar
Tomou coragem e reclamou
Minha mesa de bilhar
Com o taco ele rasgou

Murmurou uma mocinha
Da casa do pecado
Teve uma vezinha
Que eu lhe fiz fiado

O que é ruim também piora
Surgiu dona Esperança
Veio na última hora
Mostrar o pai para a criança

Querêncio deitadinho
Não podia reagir
Com cara de santinho
Parecia até sorrir

Raquel quase desmaiou
Só pode ser maldade
O cunhado confirmou
Tudo mesmo era verdade

Gritou enraivecida
Que vá logo para o inferno
Pra chegar bem na outra vida
Ainda lhe comprei um terno

Já vai tarde seu safado
Nem olhou para o caixão
E saiu de braço dado
Com um tal de Ricardão

27 outubro 2011

O SEQUESTRO DA FILHA DA SECRETARIA ELETRÔNICA

Alô! Você ligou para 5081-XYXZ. Mansão do Pedrão. Após o sinal deixe seu recado, que retornaremos – proposital a cruel dúvida: retornaremos de algum lugar ou retornaremos a ligação? - assim que pudermos ou ligue para meu celular - se for alguma coisa importante, a pessoa terá meu número.
A secretária lá de casa atende mais ou menos assim as ligações quando não estou ou não quero atender. Viva o B Identifica Número de A.
Tenho que confessar que eu acho que é assim.
Tem muito que na frase anterior? Não gostou, vá a Delegacia e faça um Boletim de “Oqueorrência”.
Eu ia dizendo que não se exatamente o que minha secretária eletrônica responde quando é incomodada.
Deve ser porque não ligo para ela.
Confesso: certa época eu ligava muito, para não me esquecer de algo. Deixava alguns recados para mim, como não “se esqueça de pagar a conta do telefone”.
Juro que sempre escuto as mensagens e retorno quando é algo importante.
Hoje, encontrei minha secretária quase em pânico.
Piscava desesperadamente.
Corri para ouvi-la.
A fita fazia fita.
Dizia, com voz de medo: Mãe! Mãe! Responde, mãe! Fui assaltada! Me ajuda! Me seqüestraram!
Breve silêncio...............
...................................................................
Dona! Seqüestramos sua filha! Responde, dona! Vamos matar sua filha!
Toin...toin...toin...toin...
Claro que o esperto leitor já deve ter concluído o lógico. Tratava-se daqueles telefonemas onde bandidos assustam familiares dizendo que seqüestraram seus filhos.
Estou acostumado a esse tipo de ligação.
Certa noite “meu filho” telefonou as três da matina dizendo que estava sendo seqüestrado. Ele jamais me ligaria às três da manhã. Cortaria sua mesada se fizesse isso. E as baladas acabavam geralmente as quatro.
Noutra madrugada, novo seqüestro. Minha filha. Mandei que a matassem, pois ela me enchia a paciência. Além disso, não tenho filhas.
Em outro seqüestro, voz convincente. Quase cai na esparrela, não estivessem meus filhos viajando fora do país.
A ameaça recebida hoje causou indignação com a queda da qualidade do seqüestrador. Será que o Sindicato dos Seqüestradores não tem um curso de qualificação profissional?
Eita, bandido burro! Não sabe nem conversar com uma secretária eletrônica. Poderia ter ameaçado mais. Dizer aonde eu deveria levar o dinheiro do resgate. Para eu não chamar o CSI. Não ligar para o 190. Ao menos deixar um telefone para retorno. Algo assim, não acham?
De outra parte, o telefonema deixou-me encafifado. Minha secretária parece ter ficado muito preocupada com o recado.
Será que a “filha seqüestrada” seria mesmo a minha? Ou será que a minha secretária terá mesmo uma filha que eu desconheço?
Nestes tempos de modernidade, nada surpreende. Espera-se qualquer coisa.
Estou desconfiado!
Será que a minha secretária terá tido um caso nessas conduítes da vida? Com o cabo da antena de TV, da TV a cabo, do alarme.
Sei não!

24 outubro 2011

ADOTE UM CÃO E LEVE UMA CRIANÇA

Dirão cobras e lagartos.
Texto sem pata nem focinho.
Voltas em torno do rabo.
Claro que gosto de animais.
Tenho a pata atrás com certa raça bípede e mamífera.
Chegada a uma ditadura.
Sou contra todo tipo de ditadura.
Inclusive a dos cães abandonados.
Quem adota um?
Dei uma volta pela cidade.
Vi umas filas.
De pobres e abandonados.
À porta do Posto de Saúde.
Não eram cães.
Talvez tratados pior que os cães da fila da tosa.
Todos prosas.
Quem não quer tomar banho e tosar a barba não entra no albergue.
Dorme sob o Minhocão.
Um cão comia restos de cachorro quente.
Sob o sol quente, crianças mendigavam.
À espera de adoção?
Sem qualquer chance.
Já adotados pela miséria, sem esperança
Deu na TV: Tosador descuidado mata cachorro.
Proíbam-se os “mata-cachorros”.
Pega! Pega! Morde o motoqueiro.
Pega! Pega o filhote no colo.
Uma gracinha!
É castrado!
Castrado o destino dos mal nascidos.
Nos berços da vida.
Nos corredores do SUS.
É sem sentido?
É sem sentido.
Canil é orfanato de cachorro?
Alguns cães são como crianças para muitos.
Muitas crianças queriam ser tratadas como alguns cães.
Atenção!
Promoção!
Quem adota uma criança?
Leva um cachorro de brinde.
Quem adota um cachorro?
Leva uma criança de brinde.
Leva, vai!

19 outubro 2011

FIAT LUX

DIVAGAÇÕES ILUMINADAS



Hoje quase entrei em estado de choque.
Queria escrever um texto e pus-me a matutar à busca de uma idéia luminosa.
Oh! Raios!... Porque me falham, conexões cerebrais? Onde estão vocês, neurônios? Melhor consultar um neurologista. Posso estar com um axônio com defeito químico na sinapse.
Eu, que sempre diziam estar ligado em duzentos e vinte, talvez esteja com algum plug desligado.


Esperem um pouco. Preciso ter uma conversinha com o corretor automático de textos.
“Se liga, meu! Pare de corrigir para plugue. Em meados do século XX era plug mesmo. De mais a mais o plug é meu, eu escrevo como eu quero. Se continuar grifando meu texto, eu lhe desligo”
Essas máquinas!
Continuando...
Puxando pelo fio da memória, imagens surgem lentamente como nas velhas televisões valvuladas.
Algumas notícias tristes.
Lembrei-me da história do Nélson, um rapaz tamanho guarda-roupas, que trabalhava com manutenção de elevadores. Deve ter conectado o vermelho no amarelo, quando era para conectar o preto no branco e foi lançado ao fosso. Felizmente estava apenas no segundo andar e não veio (ou foi) a óbito. Entretanto, o deslocamento de ar e o barulho levaram parte de sua audição.
Em outra situação, perdi um aluno. Empinava pipa e tentou desenganchar uma do fio com uma barra metálica. A descarga foi fatal.
Um terceiro caso nunca foi muito claro.
Diz a lenda que um casal estava no escurinho, fazendo sei lá o que. Não era no cinema, nem chupavam dropes (no meu tempo era drops) de anis, que nem a Rita Lee. De repente, como em outra música: A lâmpada acendeu...
Que foi grilo falante? Como você é chato! Se liga, mano! Qual o grilo desta vez?
Ah! A música era “... a lâmpada apagou....”
Sei lá! O fato é que a lâmpada acendeu, o marido apareceu e encheu o rapaz de porrada.
Está muito trágico? Parecendo aqueles programas de fim de tarde?
Para iluminar seu sorriso, lembrei-me de uma historinha singela.
Bem light...
Um menininho assistia a um filme no cinema, quando um black-out (prefiro o estrangeirismo a esse neologismo do apagão) apagou (ou blequeteou?) o bairro. Inocentemente, o garoto perguntou à mãe se iriam passar o filme a vela.
Engraçadinha, não?
Algo mais sério?
Minhas linhas de transmissão levam-me às usinas energéticas.
Itaipu... Furnas...
A quantidade de pessoas em cargos dos Conselhos de Administração dessas estatais não lembra uma árvore de Natal cheia de penduricalhos, enfeites e estrelinhas, entre pisca-piscas coloridos?
Por essa luz que me ilumina: Disse algo que não devia?
Que foi desta vez, grilo? Ainda troco você por um vaga-lume falante.
Ah! Eles preferem ficar longe dos holofotes?
Melhor homenagear alguém? Mais seguro?
Já sei!
Ninguém melhor que Thomas Edison.
Oh! Iluminado descobridor (e não inventor) da energia elétrica. Você merece todas as homenagens e loas. Foi o grande transformador do mundo. Sua descoberta, depois da roda, a maior de toda humanidade. Sem ela, quase nada seria possível. Basta-nos abrir os olhos e veremos quantas coisas o ser humano pode desenvolver com sua descoberta....
Epa! Que foi isso?
A lâmpada piscou...
Será que dará tempo de terminar o tex...

10 outubro 2011

LIDER TAXI - DESRESPEITA DEFICIENTE VISUAL

Divulguem e boicotem a TAXI LIDER

Nota publicada no
Jornal o Estado de S.Paulo.

Érsea é vice-presidente do Instituto Iris, onde presto trabalho voluntário.


TAXISTA SE NEGA A TRANSPORTAR DEFICIENTE VISUAL

Sou deficiente visual e me locomovo com a ajuda de meu cão-guia. Embora exista uma lei que garanta o meu direito de ser transportada com ele em veículos públicos e privados, muita gente ainda insiste em desrespeitá-la. Em 15/9, por volta das 22 horas, liguei para a Líder Táxi solicitando um carro. Quando o taxista chegou ao local solicitado, negou-se a fazer a corrida e disse: "Animal dentro do meu carro, nem pensar". O motorista arrancou com o veículo ainda com a porta aberta. Naquele momento, eu estava apoiada na porta e, por pouco, não fui jogada ao chão. No ano passado, tive o mesmo problema. Fiz uma reclamação na Líder Táxi e, desde essa época, quando ligo de meu celular, nunca há um carro disponível. Novamente telefonei para reclamar, mas a ligação só chamava. Porém, ao ligar de outro telefone, fui atendida já no primeiro toque. A atendente justificou dizendo que "infelizmente, não dispomos de veículos adaptados para o transporte de passageiros com cão-guia". Ora, não é preciso nenhuma adaptação para fazer esse tipo de transporte. O cachorro, além de dócil, é treinado e fica sentado no assoalho do veículo durante todo o trajeto - sem causar qualquer interferência no trabalho do motorista. Além disso, a Lei 11.126/05 assegura ao portador de deficiência visual o direito de ingressar e permanecer com o animal nos veículos e nos estabelecimentos públicos e privados de uso coletivo.

ERSÉA MARIA ALVES / SÃO PAULO

07 outubro 2011

MORRI E NÃO ME AVISARAM

Olá!
Por favor! Alguém fale comigo...
Moço, não finja que não existo...
“Deixa eu” levar fiado!
....................................................
Sabe, gente! São tantas coisas pra gente... Pra gente o que mesmo, Gil?
Ah! Sim... Você colocou no cartão de lembretes...
Cartão?!?!
Arghhhhh....
Cartão, cartão, cartão...
Faz quinze dias que meu cartão do banco foi mastigado pela máquina do terminal e não repuseram. Não posso sacar dinheiro, não posso comprar, não posso nada. Tornei-me um incapaz... Civilmente incapaz... Talvez seja interditado, pois desapropriado já me sinto.
Quero um cartão novo, pedi. Urgente, por favor!
A culpa é da greve, disse meu gerente, que não é meu, mas do banco...
Greve de quem?
Do banco, dos correios, da.... (interatividade aí, leitor).
Tem culpa todo mundo, seu doutor, só não tem culpa eu, que estou “me ferrando-me”.
De Jobin e Vinicius: Eu não existo sem você...
Desliga esse rádio, cáspite!
Nem me venha com a desculpa (culpa... culpa...culpa... ecoa em meus ouvidos) que vão sortear um par de ingressos para o show do Tôfrito e Cuzido para os primeiros que ligarem.
Estou sem telefone há dois dias... Erraram a minha portabilidade...
Quem se importa?
Alô!
Não! Não foi meu telefone que tocou... Foi o orelhão comunitário.
Acho que estou enlouquecendo.
Pelo menos isso... É uma esperança que não tenha morrido...
Sem poder torrar a fortuna de minha aposentadoria, sem receber um telefonema, sem receber uma correspondência – nem que fosse boleto de cobrança - tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu...
Desculpa, Chico!

05 setembro 2011

HEMORRÓIDAS...ARDEM!!


Vejam isso é email que se mande.
Foi redigido por um "premiado" durante o "pós-operatório" do traseiro.
Diz a lenda que é assim mesmo.
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Ptolomeu em 150 d.C. falava que a terra era o centro do universo e que tudo girava em torno dela.
Foram precisos cerca de 1400 anos para esta teoria ser rebatida por Nicolau Copérnico provando para a humanidade que o Sol sim era o centro.
Eu, simplesmente eu, descobri em apenas três dias, após 56 anos, que ambos estavam redondamente enganados: O centro do Universo é o ..... (fiofó)
Isso mesmo! O vulgarmente chamado de ...!
Operei das hemorróidas em caráter de urgência algumas semanas atrás.
No domingo à noitinha, o que achava que seria uma singela eliminação de gases, quase me virou do avesso.
É difícil, mas vamos ver se reverte, falou meu médico.
Reverteu merda nenhuma. Era mais fácil o Lula aceitar que sabia do mensalão do que aquela lazarenta bolinha (?) dar o toque de recolher.
Foram quase 2 horas de cirurgia e confesso não senti nadica de nada e não sofri abuso sexual durante minha letargia!
Dois dias de hospital, passei bem embora tenham tentado me afogar com tanto soro que me aplicaram, foram litros e litros.
Recebi alta e fui para casa repousar.
Passados os efeitos anestésicos e analgésicos, vem a primeira vez.
TAKEO...!! Parece que você está evacuando um croquete de figo da Índia com pedregulho, casca de abacaxi, concha de ostra e arame farpado.
É um auto-flagelo.
Por uns três dias dói tanto que você não imagina uma coisinha tão pequena e com um nome tão reduzido (...) possa doer tanto.
O tamanho da dor não é proporcional ao tamanho do nome.
Acho mesmo que o ... deveria chamar-se dobrovosky, tegulcigalpa, nabucodonosor.
Passam pela cabeça soluções mágicas:
Usar um ventilador! Só se for daqueles túneis aerodinâmicos.
Gelo! Só se eu escorregar pelado por uma encosta do Monte Everest.
Esguichinho d’água! Tem que ser igual a da Praça da Matriz, névoa seguida de jatos intercalados.
Descobri também que somos descendentes diretos do bugio, porque você fica andando como macaco e com o (...) vermelho; qualquer tosse, movimento inesperado, virada mais brusca o (...) dói, e como!
Para melhorar as idas à privada, recomenda-se dieta na base de fibras.
Foi o que fiz.
Devo ter comido cinco vassouras piaçaba, um tapete de sisal e alguns metros de corda.
Agora sei o sentido daquela frase: quem tem medo de cagar não come!
Tudo valeu, agora já estou bem. Vou ao banheiro como manda o figurino, não preciso pensar para soltar pum e o (...) está afinado. Uma beleza. Acho que em “ré” menor.
O chato é que tive de usar Modess por 20 dias após a cirurgia e hoje estou sentindo falta dele!
Ai! Meu Deus!

28 agosto 2011

CORDEL CAPA DE REVISTAS (BATTISTI E ZÉ DIRCEU)



Ninguém me leve a mal
Que ando ruim da vista
Mas nas capas de revista
Lá das bancas de jornal
Parecia até competição
Numa o italiano terrorista
Noutra o “chefe” do mensalão

Olhei e me enraiveci
Como as coisas são erradas
Trabalhamos feito idiotas
E usam o nosso dinheiro
Pra sustentar esse condenado
Que matou compatriotas
Belo par de companheiros

O italiano tem documento
De cidadão brasileiro
Talvez ganhe um monumento
O que me deixa surpreso
Se lá ele seria preso
Aqui bem junto ao mar
Refestela-se a descansar

Como é normal essa gente
O outro bem falante
Também se diz inocente
De cabelos faz implante
À espera de sua condenação
Mas a todos garante
Decerto não terá prisão

O que não dizem do Brasil
Lesados aqui e vítimas da Itália
Que somos filhos de vadia
Comprados por alguns mil
Não espero ação divina
Na verdade é sempre falha
A justiça, se tardia

12 agosto 2011

PINA VOLTOU DAS FÉRIAS


Oi, Gegê!
Pininha? O que aconteceu? Você sumiu...
Posso voltar ou a senhora me deu justa causa?
Claro que pode... Justa causa por que?
Verdade! Não sou rezistrada...
Deixe esses detalhes para lá... Por onde andou, menina?
Fui fazer turismo... Visitar uns parentes lá em cima...
Seis meses visitando parente, Pina! Haja parente... Ainda bem que você não é política, senão haja lugar para tanta gente...
Tenho muito mesmo. Tenho parente por tudo esse Nordeste. Em tudo que é estado.
No Piauí, em Maceió, Juazeiro do Norte e do Sul, Arapiraca, Aracaju, Caruaru, Camanducaia...
Pina, não exagere! Camanducaia é logo ali, em Minas...
Não senhora! É perto de Fortaleza...
Pina! Perto de Fortaleza? Não seria Caucaia?
Por isso é que eu demorei... Eu pedia passagem errada...
Ai! Pina! Você não mudou nada... Vá vestir o uniforme que tem bastante serviço...
Pra já!... Dona Gegê...
O que foi?
Quem ajudou a senhora esse tempo todo...
Tive que me virar sozinha...
Por isso que está essa bagunça... Depois fala mal de mim...
Pina! Não começa...
Ai! Gegê... Eu não tenho culpa dessa confusão, não é?...
Que confusão?
Do pessoal da mulher do Lula.
Que mulher do Lula?
A que eu votei. A presidenta...
Ai... ai... ai... ai... ai... O que você tem a ver com a presidente?
Sei não! Eu fiz confusão nas Cidades, posso ter atrapalhado o Transporte de alguma mercadoria... Sei lá! E estão algemando quem faz Turismo.
Pina! Pelo amor de Deus... Não é nada disso...
É sim! Eu vi na televisão do meu primo lá em Cabaceiras... A TV dele é mais bonita que a da senhora... Porque a senhora não compra uma igual?
Não interessa! E fica de boquinha bem fechada, senão mando colocar um zíper...
Puxa vida! Já vi que não mudou nada!
Vai lavar a louça, vai!

11 junho 2011

O RIO E O DIVINO (Primeiro Lugar na VII Aprodivino/Itanhaem)

Esta poesia foi classificada em Primeiro lugar na APRODIVINO 2011 de Itanhaém
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O RIO E O DIVINO


Rio escorre sem sororoca
Deve ser pra ver a soca
Divina arte em forma peregrina
Maridos, esposas, idoso, menina
Todos a amassar o pilão
Distribuir o produto pro irmão

Rio vai morrendo de vontade
Queria parar e ir para praça
Mudar o desaguadouro
Assistir a fé de verdade
Orgulho de povo de raça
Quanto vale esse tesouro?

Rio passa perto devagarinho
Se não provocasse enchente
Chegaria pertinho dessa gente
Veria o brilho no olhar de menino
Que vai socando com carinho
Preparando a festa do Divino

Prestando bem a atenção
Vento no Rio entoa um hino
Tum... Tum... Tal um coração
Acompanha o badalar do sino
Adentro da noite sagrada
Em que a fé é demonstrada

Rio não pode voltar suas águas
Gente pode esquecer as mágoas
Redobrar a fé ano após ano
Põe mais arroz, enche de farinha
Soca o pilão, sonha outro plano
Reza Pai Nosso, Salve Rainha

Alegria não seria só minha...
Se numa magia do destino
Saísse o Rio da linha
Viesse saudar o Divino!
.........................................................................
Vem rio, vem!
Vem saudar, vem!
A festa do Divino
De Itanhaém
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09 maio 2011

PANIS ET CIRCENSES

PANIS ET CIRCENSES

A Platéia quer dar risada
Mas como contar piada
Fazer chiste, uma troça?
Queimaram o homem da carroça

Ardeu como Galdino
E tantos sem nome
Queimados de fome
Ardendo por dentro
Meninos do Centro
Na Sé, Candelária,
Chacina, Zona Leste
Só mais um do Nordeste
Placas nas esquinas
Vendem-se meninas!
Coisinha corriqueira!
Que bobeira, negão!
Viva a novela diária
Hoje não tenho não
Nenhuma palavra hilária
Uma situação “non sense”.
Mas... e a platéia?
Precisa sorrir...
À alcatéia:
Panis et circenses
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São Paulo, 09 de maio de 2011.
Esta semana dois “carroceiros” foram queimados vivos no bairro do Brás.

06 maio 2011

BANCOOP - INTERVENÇÃO E VILA CLEMENTINO

Colegas de Infortunio,

Falo pessoalmente, pois enquanto diretor da ASSOCIAÇÃO não recebi qualquer contato da BANCOOP.
Sinceramente não sei quais motivos ainda leva pessoas a manterem contatos extrajudiciais com a BANCOOP, procurando-a ou atendendo todo e qualquer telefonema.
Aliás, consultei e avisei ao Sindico e Subsindico quanto a mais esta artimanha da "Cooperativa de fachada".
Ambos responderam que não haviam sido procurados.
Quem é, então, o contato que representa o Vila Clementino?
Será que acreditam mesmo em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, para não mais elucubrar sobre a motivação de aceitarem "negociações".
Seis anos de mentiras não serviram de lição?
O que essas pessoas têm ido fazer na sede da BANCOOP?
O que trarão de novidade após a reunião da proxima segunda feira?
Tentarão nos empurrar novamente a OAS? Oferecerão que troquemos o desligamento da cooperativa pelo perdão da dívida?
Muito provavelmente não dirão nada de novo, pois nada mais tem a dizer.
Ou será que pedirão para não penhorarmos cadeiras, garrafas de uisque, frigobares, etc...
A BANCOOP está destruida.
Plagiando a manchete de uma revista de grande circulação: A casa deles caiu.
Na última terça-feira, os argumentos do advogado da cooperativa foram fulminados pelo voto do relator do Conselho Superior do MINISTERIO PUBLICO.
A Intervenção é iminente.
Até o Sindicato dos Bancários tenta tirar o time de campo e "ameaça" executar a dívida de 45 milhões ainda este mês.
O newletters, outrora farto de "convicentes" argumentos, neste mês saiu quase apenas com fotos.
A BANCOOP, como prevemos, ao confiarmos na Justiça, chegou na fase do não ter mais nada a dizer, depois de diversas vezes não querer conversa com seus cooperados, impedindo o acesso as Assembléias.
Encaminha-se para o choramingo dos condenados encurralados, lembrando que alguns de seus dirigentes foram denunciados pelo MINISTERIO PÚBLICO CRIMINAL.
Será que os "negociadores que representam o Vila Clementino" ainda não tem noção que estamos com a ação ganha, a BANCOOP NÃO RECORREU DE NADA e o juiz já deu todos os indicativos para a cisão do Vila Clementino.
O que leva colocarem em risco nossa luta?
Ao risco de assumirmos um prejuizo financeiro ainda maior do que já temos, perdoando o algoz?
Qual a vantagem em revestirmos a fantasia de "cooperados" quando os tribunais sedimentam a tese de sermos vitimas de um estelionato praticado pelos próceres da "arapuca"?
A quem interessa divisionismo entre moradores e "sem teto", neste momento?
Talvez interesse a BANCOOP.
Fotografar pessoas e escrever qualquer bobagem no rodapé da foto, quanto a estar negociando com o empreendimento, como tem faltado à verdade em outros locais.
Pensem sobre o assunto, tendo em mente:
QUALQUER NEGOCIAÇÃO COM A BANCOOP AGORA PODE CAUSAR GRANDES PREJUIZOS PROCESSUAIS E FINANCEIROS, A TODO EMPREENDIMENTO.
E dispenso o rosário de argumentos quanto a nunca vamos receber mesmo.
Não receber é muito diferente que abrir mão de um direito.
Por acreditar no Estado de Direito, da minha parte dessa luta não abrirei mão.

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Ditado árabe: Se você é enganado uma vez, a culpa pode não ser sua. Na segunda vez, com certeza será.

MUDE A VIDA DE UM DEFICIENTE VISUAL - ADOTE UM CÃO GUIA - Saiba como em IRIS

05 maio 2011

CORAÇÃO DE MÃE

Fiz este coração para você, entregando à mãe um mal formado origami construído numa folha de jornal.
O garoto demonstrou felicidade com o carinho da mãe lhe retribuindo o presente. Ela afagou sua cabeça, deu-lhe um beijo e puxou-o para seu colo.
Pessoas que estavam em pé no ônibus sorriram desarmadamente diante dos gestos de afetividade que o garoto e sua mãe trocavam acumpliciados.
A dupla simples havia subido no ônibus um ponto antes.
Pelo uniforme surrado, muito provavelmente, era aluno da escola de educação infantil municipal da região.
Pela conversa ele queria comprar um presentinho para o dia das mães.
A tradicional desculpa do “não estou precisando de nada” parecia apenas retratar a impossibilidade daquela mãe em adquirir qualquer bobagem à prestação ou no “um e noventa e nove” para se presentear.
Revirou a sacola e entregou um carrinho ao filho, que se pôs a manobrá-lo no vidro do coletivo, num “vrum-vrum” a imaginar-se piloto de fórmula um. Ou motorista de ônibus, como convém imaginarmos o destino de pessoas mal-nascidas.
Ajoelhou-se no banco e começou a conversar com o passageiro de trás, numa cena inimaginável na cidade grande.
Você tem carro, indagou.
Ao ver o sinal assertivo, reperguntou, então porque anda de ônibus?
Um sorriso desconcertado foi a resposta.
Agora de pé no colo da mãe, que se apertara para que alguém mais sentasse, voltou para as manobras na janela.
Aproveitou uma curva imaginária e beijou a mãe, repetindo que queria comprar um presente para o dia das mães.
Mas você já meu o coração, retrucou a mãe.
Onde a senhora guardou?
O de papel está na minha bolsa, o seu – apertando com o dedo o peito do menino – está aqui, apontando para o próprio peito.
O menino fez cara de desentendido.
A mãe riu.
Olhou pela janela, apressou-se, apertou a campainha, pediu licença e desceu do ônibus.
Levou todos os olhares a acompanhá-los caminhando pela rua até perdê-los do alcance de visão no trafegar do ônibus pela avenida.
Mas não tinham ido embora totalmente.
Deixaram um pedacinho de coração em todos.
Muitos, e eu inclusive, devem estar querendo aprender como se faz a felicidade num pedacinho de jornal.
Alguém pode me ensinar a dobrar um coraçãozinho de origami?

22 abril 2011

QUEM É ESSE NA FOTO?

- Cuidado! Não coloque os dedos nelas para não engordurar mais. Estão quase desmanchando.
- Quem era este aqui, vó Hilda?
- Seu tataravô materno. Meu avô paterno
- Está amarelada. Não existia máquina digital naquele tempo?
- Claro que não!
- Então digitalizaram...
- Isso mesmo.. É assim que falam quando colocam fotos antigas no computador?
- Será que a máquina era daquelas que o flash explodia no rosto das pessoas?
- Não são tão velhas assim, mas fotos iguais a essa só eram tiradas no fotógrafo. Tinha que marcar hora.
- Oh! vó... Inventa outra...
- Verdade.
- Porque tão poucas fotos?
- Porque eram caras. Não eram como hoje em dia que se a foto não sai boa é só apagá-la da câmera. Nos filmes cabiam no máximo 36 poses.
- Pose? Era preciso posar para a foto? Dizer xis?
- Não se tirava foto de qualquer coisa, nem de qualquer jeito. As pessoas tinham que se concentrar para saírem bonitas na foto. Eram avisadas que a máquina ia disparar. Um fotógrafo teve a idéia de colocar uma gaiola atrás da câmera e gritava “olhem o passarinho!” quando ia disparar a foto para que as pessoas olhassem para a câmera.
- Ah! Seria bom se tivéssemos mais fotos, não é?
- Era desnecessário. As fotos eram quase todas iguais. A diferença é que as pessoas ficavam um pouco mais velhas, as crianças crescendo. Raramente se alterava, aparecia alguém novo na família.
- Namorado?
- Que é isso, menino? Só entrava nas fotos de família quando casava. E bem casadinho. Não era assim como hoje que em cada foto sua irmã aparece com um namorado novo.
- A senhora já deu cada bola fora, hein! Lembra quando cumprimentou um dizendo o nome de outro.
- Nem me lembre. Hoje só dou um aceno. Mas, como eu vou decorar tantos nomes. Cada hora ela está com um namorado diferente. Deve ter um arquivo de fotos para cada um no computador
- Que nada, vó! Têm namorados que ela nem passa para o computador... E se passou, ela deleta.
- Ah! Ah! Ah! Essa juventude de hoje.
- Poxa, vó! Estou pensando numa coisa. Deve se desagradável se em cada foto a mãe aparece com um pai diferente.
- Nem me fale. E há tantas famílias com meio-irmãos hoje em dia.
- Por isso que os pais apareciam tão pouco nas fotos antigamente?
- Claro que não, seu bobo! É que antes do disparador automático, alguém tinha que ser o fotógrafo e essa incumbência era dos homens que sabiam mexer melhor nas máquinas. E geralmente era o pai.
- Achei uma com o “bisavô”.
- Isso mesmo. Essa ao lado dele, pequeninha, sou eu.
- Quem tirou a foto?
- Um vizinho, amigo da família.
- Como era o nome dele?
- A gente chamava de Zé Alemão.
- Era mais um José de nome complicado?
- Quase isso. Era Adolph, Wolfgang ou algo parecido. Acho que era fugitivo da segunda guerra.
- Ele sabia tirar bem as fotos. As pessoas estão bem centradas. Nenhum pé cortado.
- Era alemão. Bons de fotos. Desenvolveram a Rolleiflex.
- Que é isso?
- Uma das mais famosas máquinas fotográficas do século passado.
- Devia ser bem amigo, para o “bisa” deixá-lo pegar sua máquina. Ele ainda está vivo?
- Não sei. Ele se mudou do bairro quando eu era pequenina. Atenda ao telefone, por favor.
- É para a senhora.
- Quem é?
- Deve ser cobrança. Estão procurando Dona Hildegard Tavares da Silva Dantas.
- Já estou indo... O que será para me chamarem pelo nome completo?
- Posso ir olhando as fotos enquanto isso?
- Pode, mas cuidado... E sem muitas perguntas.

18 abril 2011

CÃO GUIA

Na última quarta feira do mês de Abril “comemora-se” o Dia do Cão-Guia. Este ano será o dia 27.
Quem não se encanta quando vê um deficiente visual acompanhado por seu cão-guia?
Logo vem a vontade de acariciar o cão.
Parece coisa de filme. Distante da gente. E realmente está um pouco distantes.
Apenas em 2005 entrou em vigor a Lei Federal 11126/05 universalizando no país o direito de acesso do cão-guia a qualquer espaço público.
O cão-guia é um divisor de águas para o deficiente. Transforma a vida daqueles que conseguem um. Passam a ter maior independência, facilitam seu deslocamento, ampliam a acessibilidade, dentre outras dificuldades do dia-a-dia.
Quem é esse animal?
As principais raças de cão-guia são: o Labrador, o Gold Retriever, o Pastor Alemão e seus cruzamentos. Cada uma destas raças possui exigências básicas para um cão-guia: um temperamento disposto e estável, tamanho e peso saudáveis e pêlos fáceis de se tratar.
Treinados para conduzir a pessoa de um lugar a outro em linha reta, parar nas mudanças de elevação (meio fio, escadas); e conduzir seu dono em torno dos obstáculos, inclusive aéreos, tais como galhos das árvores e telefones públicos. O usuário deve saber os sentidos (direção) para alcançar os destinos desejados e dar ao cão os comandos verbais para chegar lá.
O trabalho de um cão-guia requer habilidade e comunicação. Os cães quando estão com a “guia de serviço” devem evitar distrações, como ruídos, cheiros, outros animais e pessoas, a fim de se concentrar no trabalho de guiar. O usuário aprende a reconhecer e seguir o movimento do cão, como p.ex. quando virar em uma linha reta a fim de evitar obstáculos. O usuário também deve saber como prosseguir com cuidado quando o cão retarda ou para.
Antes do treinamento formal, cada filhote tem seu nível de sensibilidade avaliado. Esta informação ajuda a determinar como prosseguir no programa de treinamento dentro das particularidades de cada cão. São feitos exames físicos completos, por uma equipe de veterinários, a fim de determinar se os cães estão em boa forma, saudáveis e prontos para começar a treinar.
O cão tem vida útil de trabalho de oito a dez anos quando são aposentados e recolhidos a uma instituição que cuida deles, se o deficiente não tiver condições de mantê-lo.
Simples e bonito, não?
Seria mais fácil se isto fosse a realidade do Brasil.
Os menos de oitenta cães-guia existentes por aqui são em sua maioria cães labradores.
Não qualquer labrador. São importados. Vêm dos EUA.
A pergunta é rápida: Porque isso se há tantos labradores e pastores andando por aí?
A resposta também rápida e simples: O Brasil não tem nenhum programa de criação e treinamento para os animais, embora possua alguns treinadores capacitados e existam cerca de cinco milhões de deficientes visuais no país.
Há uma entidade que organiza a “importação” dos cães.
O IRIS – Instituto de Responsabilidade e Inclusão Social – OCISP que vive basicamente de trabalhos voluntários e parcerias, tem cerca de três mil deficientes cadastrados na esperança da chegada de sua vez de receber gratuitamente seu cão, obtido através da parceria com a Dog Leader (Michigan-US) que doa os cães.
Entretanto, há as despesas por conta do treinamento exigido pela Dog Leader. É necessária a ida do deficiente até os EUA por cerca de quatro semanas para um período de adaptação, que são pagos pela IRIS.
O custo é de cerca de U$ 15.000 (cerca de R$ 25.000,00)
O último cão trazido foi Toby (foto). Veio em 2008.
IRIS, em 2011, espera enviar quatro deficientes para o treinamento, mas depende de patrocínios e doações.
Qualquer pessoa (física e jurídica) pode ajudar. Acesse o site www.iris.org.br.
Verão como é fácil facilitar a vida de quem não pode ver.

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03 abril 2011

PINA E O BACALHAU


Gegê, tô saindo...
Pegou a lista, Pina?
Claro! Senão como eu vou me lembrar dos nomes estranhos que a senhora quer que eu compre no mercado?
Que nomes estranhos, Pina?
Olhe aqui... Petitpois, champinhon, grapefois, escargoti... Isso morde?
Ai! Pina! São nomes franceses. E precisamos aproveitar que o dólar está barato.
Dólar... Dólar... Não estou encontrando... Acho que a senhora se esqueceu de colocar na lista...
Pina! Dólar é a moeda americana.
Peraí, Ge! Que confusão! Os ingredientes não são da França? Lá a moeda é euro... Eu vi na TV.
Dai-me forças, minha Santa Joana D’Arc que hoje eu incendeio a Pina.
Pina! O dólar estando barato, o preço dos importados baixa e podemos comprar.
Ah! Por isso que o homem que dá notícia antes da novela falou que o bacalhau estava barato e ia ter muita fartura na Páscoa?
É, Pina!
Eu vou ter folga na Páscoa?
Pode ser... Sexta ou domingo...
Posso escolher?
Pode!
Que dia vai ter bacalhau?
Sexta, claro!
Então, eu folgo no domingo.
Dá para explicar a lógica do seu raciocínio?
Não é raciocínio. É curiosidade. Quero um pratinho desse bacalhau importado.
Ora, Pina! Todo ano temos bacalhau na Sexta da Paixão.
Mas, na quentinha que eu levo, só posso colocar batatas.
Piiiiinaaaaaa.... Não me irrite...
Calma, Gege! Mas este ano a senhora deixa levar um pouquinho de bacalhau importado?
Claro, claro...
Estou saindo...
Perai, Pina! Lá na sua casa, vocês não compram bacalhau na semana Santa? Não aproveitam as ofertas?
Oh! Gege! Que é isso? Na Vila, o pessoal só cheira bacalhau por falta de banho. Não sobra dinheiro para comprar essas coisas chiques não. Acho que nem o padre come.
Vocês não sabem o que é bom.
Saber, nós até sabemos... Não temos é dinheiro para comprar.
Mas está barato, Pina!
Sabe o que é, Dona Gertrudes... O bacalhau, o petitpois, essas coisas podem estar baratas, mas a gente gasta muito com bobagens.
Pobre é assim mesmo. Gasta muito com bobagens...
Pois é, Gê! A gente tem que gastar com arroz, feijão, farinha, condução. E essas coisas não têm preço em dólar. Só aumenta...
Pina! Vou ter que concordar. Compra um quilo a mais de bacalhau para você levar.
Obrigado, mas não vou comprar não.
Porque?
Se eu levar o pacote escondido no ônibus, podem pensar que estou sem banho.
Ora, não esconda.

Ai, Dona Gertrudes. Quer que eu seja assaltada?
Vai pro mercado, Pina.
To saindo...
A lista... Não esquece a lista...

31 março 2011

POMBAS E LATIDOS POR TODA PARTE

A ignorância e o desrespeito se somam em todas as partes da cidade: Comida distribuída às pombas pelas ruas e praças e cães que não param de latir.

POMBAS

Os que alimentam pombas devem achar bonitinhos esses ratos voadores que apenas servem para transmitir doenças.

Vejam uma pequena síntese sobre o assunto:
Doenças que podem ser transmitidas por pombos
Criptococose - micose profunda. Os sintomas são: febre, tosse, dor torácica, podendo ocorrer também cefaléia, sonolência, rigidez da nuca, acuidade visual diminuída, agitação, confusão mental. São transmitidas através da inalação de poeira contendo fezes de pombos contaminadas pelos agentes etiológicos.
Histoplasmose - micose profunda. Os sintomas que podem ocorrer variam desde uma infecção assintomática até febre, dor torácica, tosse, mal estar, debilidade, anemia..
Ornitose - doença infecciosa aguda, cujo agente etiológico. Os sintomas são: febre, cefaléia, mialgia, calafrios, tosse.
Salmonelose: doença infecciosa aguda no sistema digestivo. Alguns dos sintomas são: febre, diarréia, vômitos, dor abdominal. É transmitida através da ingestão de alimentos contaminados com fezes de pombos contendo o agente etiológico.
Dermatites - são provocadas pela presença de ectoparasitas (ácaros) na pele, provenientes das aves ou de seus ninhos.

Além de doenças, outros problemas
Entupimento de calhas; apodrecimento de forros de madeira; danos a monumentos históricos, em antenas de TV, em pintura de carros (devido à acidez de suas fezes); contaminação de grãos; acidentes aéreos ou terrestres.
Métodos de controle
Educativo - Baseia-se na orientação da população, alertando-a para que evite alimentar os pombos, pois tal hábito acarreta aumento exagerado do número de aves, com maior risco de transmissão de doenças e danos ambientais.
Barreiras físicas - Este método baseia-se na utilização de telas, fechamento das aberturas por onde as aves adentram, com alvenaria ou outro material resistente; colocação de fios de nylon.
Repelentes - Existem no comércio vários produtos, que são aplicados sobre telhados, beirais, etc. com o objetivo de afastar as aves do local.
Todos os métodos de controle possuem suas vantagens e desvantagens; entretanto, o que se recomenda é a utilização de medidas integradas, a fim de se obterem melhores resultados.

(Fonte: Centro de Controle de Zoonoses da Prefeitura de São Paulo)

LATIDOS A QUALQUER HORA

O segundo problema é o desrespeito de vizinhos a paz alheia. Cães que não param de latir.
Todos têm o direito a não serem incomodados em qualquer hora do dia. Nada de Lei do Silêncio
O direito a tranqüilidade, não ser incomodado em sua casa em qualquer hora do dia está, inclusive, protegido pelo direito de Vizinhança (artigo 1277 CC).
Não aceite argumentos tipo:
Cães têm que latir: os incomodados que se mudem; tomem calmantes; procurem seus direitos.
Procurar seu direito, sim.
Ao vizinho que não lhe respeita, não cuidando para que o cão não incomode com latidos persistentes e intermitentes há um caminho:
O processo cível, cabendo inclusive pedido de indenização pelo dano moral causado.
Já há diversos julgamentos nesse sentido, até com acórdãos do Tribunal de Justiça.
Procure o Juizado Especial Cível (Pequenas Causas). Não precisa de advogado
Cachorros são adestráveis pelo treinamento.
Donos mal educados ou desinformados são adestráveis pelo bolso.

Importantíssimo: Não faça nenhum mal ao cachorro.

Para terminar um recado a quem gosta ou não de cães:
Há milhares de deficientes visuais a espera de um cão-guia.

Saiba como ajudar acessando o site www.iris.org.br

29 março 2011

BANCOOP PROCURA COOOPERADOS

Noticia-se que o presidente da BANCOOP procurou um dos "lideres da resistencia".
O desespero ante a derrocada final da cooperativa de fachada obriga-nos tomar muito cuidado e preucações.
Ninguém da BANCOOP é confiável ou merece respeitabilidade.
Devem estar armando alguma.
Ser enganado novamente por ela é no mínimo burrice.
Se a BANCOOP, que está prestes a sofrer intervenção, tem algo digno de nota a dizer,
que o faça à frente do Juiz, que alíás procura citar seus dirigentes no âmbito criminal.
Cuidem-se quanto a ameaças ou tentativas de cooptação...
A hora final está chegando
Cuidado! Muito cuidado! Todo cuidado!
E é pouco.

25 março 2011

PEDRAS NA EDUCAÇÃO DA PEDRA

- Juntem dez dessas pequeninas ásperas e substituam por esta maior quadradinha. Quando tiverem dez quadradinhas, vale uma lisinha um pouco maior. E se conseguirem dez lisinhas, pronto: È o mesmo que mil pequeninas ásperas. Estão vendo só como Matemática não é assim uma pedra no sapato?
- Pode sim! Pode escrever na parede. Daqui a uns séculos...
- Quanto é um século?
- Século são dez quadradinhas ou...? Quem sabe?
- Uma lisa?
- Perfeito!
- Daqui há uns séculos vão nos dar importância. Seremos famosos. Esses desenhos que vocês ficam fazendo na parede serão chamados de rupestres e interpretados como...
- Kamasutra dos Flintstones?
- Não, Joãozinho! Receberá uma análise antropológica, filosófica do espectro conceitual sobre a vida dos pré-cambrianos.
- Como?
- Eles nem imaginarão o que somos.
- Pare, Pedrinho! Não jogue seu material didático na cabeça dela... Pode machucar... Espere quando tiver uma namorada. Poderá usar um porrete.
- Quantas você engoliu, Pedrita? Amanhã não reclame...
- É verdade que no meio do caminho tinha uma pedra?
- Não se diz tinha... É havia...
- Era desmoronamento.
- O governo contratou qual empreiteira para tirar?
- De onde tiraram tanta bobagem? Cabeças duras...
- Para semana que vem estudaremos Guimarães Rosa?
- Quem é esse cara? Joga boliche com o Barney?
- Minha mãe disse que é o autor do “Burrinho Pedrês”, seu bobo...
- Bobo é você. A aula é matemática, não de gramática. São pedras diferentes.
- Literatura. Ai! Você me acertou uma áspera.
- Calma gente! Escutem um pouquinho, só... Podemos misturar as pedras... Isto é, nestes tempos o ensino é interdisciplinar. Um pessoal, depois de estudar muito, redescobrirá isso daqui a algum tempo. Umas lisinhas de anos. Entenderam?
- ...
- Não!
- O sinal! O sinal! Até amanhã, professora!
- Crianças! Cuidado! Não machuquem o dedo chutando o material didático. Nem maltratem os filhotes de dinossauros dos vizinhos.
- Ai! Amanhã eles voltam. Quem me ajuda a apagar a parede e guardar o material?

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“Ser professor é literalmente carregar pedras desde aqueles pedregosos tempos”.
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Este texto faz parte do Exercício Criativo - A Educação pela Pedra.
Outros textos em http://encantodasletras.50webs.com/pelapedra.htm

09 março 2011

QUE ROLO!

Faz uns tempinhos houve “séria” discussão na mídia, com os órgãos de defesa do consumidor bradando contra a atitude dos fabricantes em diminuírem a metragem dos rolos de papel higiênico de 40 para 30 metros.
À época achei uma grande traição. Afinal, você pensava que ainda tinha dez metros e...
Cadê o papel?
Resolveu-se que tinha que estar destacado (no picote?) a metragem dos rolos.
Hoje voltou-me a imagem da discussão.
A guerra dos papéis continua.
Em forma de promoções.
Compre 16 rolos e pague 15.
Rolos com papeis duplos de 20 metros versus papeis simples de 30.
Quem vai pensar nisso na hora agá?
Se for simples dobra, ora...
Compre quatro rolos do papel Xis e ganhe uma caixa de lenços de papel. Deve ser indicado para intestinos presos. Secar as lágrimas.
Compre oito rolos do papel ypsilon e ganhe uma caixa de lápis de cor. Deve ser para pichar a porta de banheiros públicos, enquanto espera.
Publicitário pensa em cada coisa.
Pensando bem. Eita guerrinha de ...! (interatividade aí, pessoal!)
Agora preciso ir.
Aonde?
Não é da sua conta! Vocês não têm nada a ver com isso.
Têm, gente?

07 março 2011

LOTERIA DO METRÔ

Blim... Blom...
Informamos aos senhores passageiros que este trem permanecerá parado a espera do deslocamento do trem que está à frente.
Voz grossa ou delicada lá vem o aviso que vamos chegar atrasados outra vez.
Quer que desçamos para empurrar?
Socorro, Padim...
Por favor, alguém avise o motorneiro do bonde que está vindo trás para ele parar também...
Valei-me...
Ai! Que falta de ar.
Tenho claustrofobia.
Alguém caiu nos trilhos.
Faltou luz de novo em São Paulo
Vai descer na próxima estação?
Se chegar lá.
O metrô de São Paulo está um caos.
Caos lembra-me o “braziu varemnós”.
Uma coisa leva a outra, embora o metrô já não esteja conseguindo levar-me a lugar algum no horário certo de tanto tempo que fica parado.
Neste país da jogatina oficial e desperdício de dinheiro público poder-se-ia criar a “loteria do Metrô”.
Tipo assim:
Aposta simples: Quantas vezes o Metrô irá parar por dia?
Jogo duplo: Quantas vezes ficará parado numa estação? Dentro do túnel?
Aposta tripla: Hora e tempo exato de paradas, embora em algumas estações tenham retirado os relógios. Deve ser causa e efeito. Ou defeito? Tiram o relógio para os passageiros não verem o tempo perdido.
Apostas acumuladas semanal, quinzenal e mensal.
O premio?
Ora!
Uma viagem de ponta a ponta sem paradas.
Não dá?
Tentei...

02 março 2011

RUA PROFESSOR TRANQUILLI - TEMPOS TRANQUILOS

04126-010.
No dia 10 de Outubro de 1928, quando Antonio Augusto Davin, meu bisavô, adquiriu o lote na Travessa Terceira, Freguesia de Villa Marianna, localizado a cinqüenta e cinco metros da Rua Loefreguin, não existia o Código de Endereçamento Postal. A Travessa Terceira só tinha mato. Depois ainda foi denominada Rua da Floresta. Hoje é a totalmente urbanizada Rua Professor Tranquilli, em homenagem ao professor Tranquillo Tranquilli, falecido em 1947, titular de diversas matérias no Colégio São Bento.
Na sala da casa que ocupa o último dos lotes herdados por seus familiares, ainda balança uma cadeira adquirida no dia do meu nascimento, em 1955, para que a dona Maria de Lourdes embalasse seu neto nos últimos dias de vida.
Nessa época, a rua de terra batida já estava com quase toda sua extensão habitada e quase igual ao que é hoje, não fossem dois prédios que roubam a insolação das casas.
Todos vizinhos se conheciam.
No lado par ao lado do muro do Hospital Santa Cruz era casa do Amadeu da venda. Atravessando a Jorge Tibiriçá estava a casa do seu Geraldo, ao lado do último terreno sem construção onde fazíamos guerra de canudos entre os pés de mamona. Depois vinha a venda do Seu Valdomiro e dona Sophia, a lojinha do Seu Domingos e dona Aurora, as três casas de meus primos Elisa, Aurora e Julinho, a casa da Dona Dolores e seu Nicola – estas quatro demolidas em 2005 para construção de um prédio -, vizinha do seu Manoel pintor, meu avô e pai da Dona Olga, a casa construída no terreno do tio Alberto e que seria do seu Vitório, a casa do seu Hilário, depois a do Seu Luiz, vizinho do Luiz tintureiro, que toda sexta-feira saía de madrugada para pescar na Billings e às vezes levava os meninos da rua. Ao lado a casa do seu Francisco, fotógrafo. Os últimos cinco sobradinhos, que hoje são quatro, foram construídos no começo da década de 60. Do lado ímpar a oficina do Pedrão, a casa que eu achava a mais bonita da rua e está praticamente igual até hoje, na esquina da Rua Manoel de Moraes. A seguir, a dona Maria do 85, a casa do Tiguês, outra oficina mecânica onde é arquivo do hospital, o açougue do Romeu, a casa da dona Julieta, costureira, para onde se mudou o Seu Vitório, a casa da dona Aurora, mãe da Dra. Irene, dentista; a casa da Dona Arlete, mãe do Ariel que correu a São Silvestre num ano da década de 60. Atravessando a Trabiju havia a casa da dona Emilia, também costureira, esposa do Alcebíades, ao lado da dona Aparecida, outra costureira, mulher do Gino, motorista de praça, como meu pai Pedro, depois a casa e fábrica de cortiça do Seu Antonio e dona Rosinha, a casa da Dona Clélia e seu Davi – estas três também demolidas e finalmente a casa da mãe do Nenê que jogava no Corinthians e a vendinha do seu João, pai do Maurinho.
A gente sabia até quem eram os cães. O Biju do 239, o Banzé do 238, a Flay do 258.
Era necessário prendê-los às pressas para evitar que fossem pegos pela carrocinha que passava “de surpresa” às sextas feiras.
Na década de 60 brincamos “perigosamente” por uns dias, nos buracos onde era instalada a tubulação do esgoto. Era o fim da limpeza das fossas que se escondiam nas calçadas.
Uma grande felicidade. Asfaltaram a rua e pudemos descê-la de carrinho de rolimã. Se o seu Rômulo estivesse em casa, só da casa dele para baixo, por causa do barulho. Mas se ele não estivesse, era desde o topo da Jorge Tibiriçá até a Loefgreen na frente da vendinha do seu João. Algumas vezes nos esborrachávamos no terreno da dona Irma, esposa do seu Irmo, na Loefgreen. Algumas vezes assustamos o cavalo do verdureiro que passava duas vezes por semana.
Foi um grande evento a troca das carroças de lixo pelos caminhões.
Na época junina, Dona Aparecida organizava uma fogueira, ao lado do muro, onde hoje há um pé de romã.
A rua tinha seus defeitos. A feira de domingo atrapalhava as brincadeiras. A mesma declividade, tão útil para as velozes corridas de carrinhos, nos obrigava a jogar bolinha de gude e algumas peladas na Trabiju ou Loefgreen, que eram retas.
Falando em futebol até um poste tinha apelido. O Carlos Alberto, cortado da Copa de 1966, completava o time se faltava um. Lembro que fizemos uma pequena homenagem a ele quando foi o capitão em 1970.
Campeonatos de jogos de botões não faltavam quase todas as tardes.
O começo do final desses bons tempos dourados foi em 1972, quando construíram o viaduto sobre o “buracão ou barroquinha” da Loefgreen e os carros começaram a “cortar caminho” por lá.
Nessa época, quatro moleques criados na rua - Cláudio, Luiz Carlos, Hiroshi e eu - todos vestibulandos nos despedimos da tranqüilidade da Tranquilli, com a última pelada na rua. Nunca mais vi ninguém brincando na rua. Nem meus filhos que cresceram na mesma casa, mas já se mudaram para outros caminhos em suas vidas.
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Crônica publicada no Jornal Vidaqui de 25.fev.2011

09 fevereiro 2011

VIDEO GAME, A ULTIMA ESPERANÇA

Estou cansado de recomendações sobre os maleficios do uso indiscriminado do computador. Puras sandices de pessoas descompromissadas da realidade que ataca boa parcela da população brazileira.
Como não jogar?
É antes de um lenitivo, um elemento de distração para as penurias do dia a dia, uma forma de esperança, de que tudo pode mudar, ao menos no campo virtual.
E quem sabe tornar-se um dia realidade.
Onde encontrar no mundo real tantas coisas e pessoas belas, fotochapadas? Onde conseguir chegar perto da aquela machina com 1000 cavalos, cercado de top models?
Como correr mais que um piloto de formula Um, senão num video game?
No caso em questão, somente no video game, continuaremos a ter esperança de ganhar a Libertadores.
Chuif... chuif... chuif...

28 janeiro 2011

MATEMÁTICA MODERNA APLICADA?

Que saudade da aurora da minha vida, da escola querida, que acho que nem voltando mais.
Que conta é essa, perguntou a professora?
De mais.
E esta?
De menos. (Se dissesse “menas” era exame, segunda época e reprovação irrecuperável).
E esta aqui, crianças?
De vezes.
E esta?
De dividir.
A professora completou: Como só acertaram, por aproximação, a divisão, dividirei a nota de vocês até aprenderem que a de menos é subtração, de vezes é multiplicação e a outra é adição. Não é demais aprender o nome certo?
Nós custávamos a aprender aritmética. A professora trabalhava muito, passava-nos dezenas de problemas, continhas, expressões, et coetera.
Eu pensei que aprendera.
Mas sabe gente, são tantas coisas que ouço e faz tanto tempo que aprendi... Assim tipo a nível de estou começando a achar mesmo que mudaram a matemática (ou aritmética) junto com a nova ortografia.
Rádio e TV também são educação. Ou não, diria ouvir estrelas. E .ensinam errado, despudoradamente, sem direito a revisão.
Outro dia o spiquer do football protestava que o preço do ingresso dobrara de valor. Aumentara 200%. Não fosse o amor a minha calculadora, presenteada pela madrinha, tê-la-ia defenestrado. Refleti e guardei-a, pois é uma raridade não chinesa.
Consultei um dicionário de matemática. Dobrar significa aumentar 100% e não 200.
Um economista não economizou na análise. Disse que a taxa de inflação crescera 3% menos. Acho que terei voltar para terapia analítica.
Já me assustei com demanda ociosa, paralisei-me ao aumento negativo. Assim, sinto-me diminuído em meus conhecimentos.
Uma pérola? O valor do produto (não era o resultado da conta de vezes) está oitenta vezes menor. Tentei decifrar a conta, mas essa nem pedindo socorro a Dona Graciosa (*)!
Coisa de louco, sô!
“Me solta, enfermeiro. Amarra eles”.

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(*) – Professora de Matemática do Colégio Estadual Brasílio Machado, nos anos dourados da aurora de minha vida, no século passado, que muito me ensinou.

20 janeiro 2011

DORINA NOWILL - HOMENAGEM DO GRUPO RETINA

Reproduzo o Texto de Marieta Boemel, publicado na Veja Falada e Recanto das Letras, nas vozes de Roseli e Pedro Galuchi.

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Dorina, mestra querida!
Dispensamos, hoje, o tratamento mais cerimonioso.
Receba-nos como humildes discípulos, já que tanto nos ensinaste.
Há pessoas que nascem com maior ou menor brilho.
Tu nasceste com brilho esplendoroso, tão intenso que iluminou não apenas tua existência, mas os caminhos dos que te rodeavam e a vida dos que necessitavam de tua luz para sobreviver.
Libertaste os cegos da clausura; estavas convencida de que o saber era o único caminho a trilhar pelos que pareciam condenados às trevas.
Desbravadora e pioneira iniciaste, a princípio sozinha, a batalha pela possibilidade de aprendizado.
Não havia um único livro em braile quando querias prosseguir os estudos. Iniciaste solitária, a busca do material necessário.
Aos poucos, formou-se um pequeno grupo de colaboradores, embrião da futura Fundação para o Livro do Cego.
Anos mais tarde, mentes brilhantes, numa justíssima homenagem perpetuaram teu nome, renomeando-a Fundação Dorina Nowill para o Cego.
Quantos, desprovidos de visão, nesta fundação, aprenderam a ler, a escrever e a caminhar?
Quantos renasceram após o processo de reabilitação, passando a encarar a vida sob outro prisma, tornando-se pessoas independentes?
Incontáveis os que Brasil afora, se beneficiam dos livros da biblioteca do livro falado e atualmente, do livro digital acessível.
O pequeno grupo que no início se formou foi crescendo; tornou-se uma multidão que conseguias arregimentar com teu carisma, um exército cujo armamento era o conhecimento.
Era a alavanca que conduziria o cego à condição de cidadão, ofertando-lhe, inclusive, oportunidade de trabalho para que sobrevivesse dignamente.
Nós, Grupo Retina São Paulo, somos uma entidade com pouco tempo de existência.
Nosso objetivo é o bem estar dos que enfrentam as dificuldades da gradual perda de visão.
Temos também o compromisso de estar em permanente contato com a comunidade científica para transmitir aos componentes de nosso grupo os avanços da ciência no sentido de combater as doenças da retina.
Buscamos forças, mirando-nos em teus exemplos de pertinácia e perseverança.
Prometemos aqui, inesquecível Dorina, não esmorecer no trabalho a que nos propusemos, buscando ofertar aos que nos procuram o empenho, o apoio e a força mostrando lhes a esperança.
Pregamos otimismo, enquanto aguardamos que a Ciência, um dia traga a solução de nossos problemas e nos encontre bem preparados para uma nova vida.
Seguiremos com nosso trabalho, baseados em teu lema:
“Vencer na vida é manter-se de pé, quando tudo parece estar abalado.
É lutar quando tudo parece adverso.
É aceitar o irrecuperável.
É buscar um caminho novo com energia, confiança e fé.”
Dorina! Perene será tua lembrança!

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Acesse o site do grupo Iris e veja como você pode colaborar para um deficiente visual obter um cão-guia.

18 janeiro 2011

NÃO SEI SE SOU...

Descobri não ser quem pensava ser, logo deixo meu passado para reencontrar minha família.
Sou ou não sou quem sou?
Se depender de meus avôs, não sou neto deles e sim de outras pessoas que jamais imaginei existirem.
Se os leitores estão achando o texto meio confuso, imaginem a minha cabeça ao descobrir que meus avôs maternos não eram eles e sim... (Ah! coloquem o que quiserem, oh! raios).
Eu que sempre admirei o Vô Mané e a vó “da parede” – não a conheci, exceto pela foto no túmulo – depois de mais de cinqüenta anos descubro que não eram eles.
Acho que minha mãe sempre quis revelar esse segredo. Várias vezes, disse-me que a cegonha me trouxera, encontrara-me dentro de um repolho, numa caixa de sapatos – não! isso foi em Monthy Pyton –, abandonado na porta da igreja.
Não a condeno!
No fundo, talvez tenha morrido sem saber que ela sim não era filha de seus pais.
É provável.
Uma coisa bate fundo em minha dúvida. Meus avôs não eram eles, mas meus bisavôs eram.
Raios! Raios! Raios!
Custei a entender. Mas tentarei explicar!
Tentava a obtenção da cidadania portuguesa.
Se Marisa (não a Tommei, que ganhou o Oscar) é italiana, porque eu não posso ser português? Só porque meu apelido é italiano e meu avô carcamano registrou doze filhos com sete apelidos diferentes?
Pus-me a desvendar a árvore genealógica.
Meu avô Manoel nascera no final do século XIX, num vilarejo cheio de terrinha no continente. Ele e milhares de Manuéis.
Manoel que era bom mesmo, nenhum.
Isso se conserta, dirá o atento leitor.
Respondo: claro! Dá um pouco de trabalho e, de fato, não faz tanta diferença. Difícil está de ensinar o galo. Acostumou-se com o cocorococó e não quer de jeito algum cantar cucurucucu.
Mané pra lá, Mané pra cá foi o de menos.
Quem?
Maria de Lourdes?
Não tem ninguém com esse nome, não!
Tem que ter.
Não tem...
Tem...
Não tem...
Ai! Jesus!
Maria de Jesus tem... Dezenas...
Maria de Jesus era a bisavó.
Tem Maria de Jesus filha de Maria de Jesus.
Um aparte! Não entendo por que minha mãe dizia tanto que queria ser filha de Maria? Será que era para aumentar a confusão?
Oh! Gajo! Veja se a Maria de Jesus filha da Maria de Jesus era filha do Antonio filho do Francisco. Esse Francisco teve um monte de filhos, mas nenhum Mirosmar.
Era!
Outra dúvida paira sobre o enevoado.
Será que meu avô Manalgumacoisa desposou a Maria certa ou casou-se com a mãe dela para livrar-se da sogra?
Dirá o leitor: Que confusão, minha Nossa Senhora de Lourdes...
Lourdes, não! Por favor! Lourdes é na França. E nem remende com Fátima, que ela apareceu depois da confusão.
Averbações para lá, averbações para cá e quase tudo certo, exceto por estar ouvindo vozes.
Deve ser um bate-papo no além. Pedrão conferindo se os Manuéis e Manoéis estão nos lugares certos. Minha avó ele que se atreva a conferir. É de Jesus, xará. Vai se meter com o filho do Chefe? As Marias são todas de Jesus e pronto.
Posso até obter a cidadania, mas aí será que estará correta?
E se a Lourdes e o Manoel existiram e eram espiões? Mudaram de nome para enganarem os agentes da KGB e CIA?
Improvável, pois elas não existiam.
Francamente, não sei mais quem sou.
Nem sei se existo.
Sou um fenômeno da natureza?
Um ET?
Coisa de louco, sô!
“Solta eu”, enfermeiro! Solta! Desta vez, não tenho culpa.

15 janeiro 2011

ZELÃO (atualizando S.Ricardo)

Quando Zelão chorou...
Todo morro entendeu
Mas não resolveu
Outra chuva caiu
Encosta escorregou
A casa sumiu
O mundo desabou
A mulher morreu
A criança morreu
A esperança quase...
Tremeu na base

Amanhã passa o luto
Semeia novo fruto
Espera a vida mudar
Tem que melhorar!
Juntar muito cobre
Não ser mais pobre...
Não ter que ajudar
Não ver ninguém chorar

Trovejou de novo
Corre! Meu povo
Levanta a mobília
Protege a família
Corre, Zelão!
Socorre! Zelão!
Zelão! Zelão!
Não morre, Zelão!

09 janeiro 2011

TUDO É PERMITIDO

Férias...
Verão...
Sol... (não esqueça o protetor)
Cerveja...
Era um domingão (Premê)...
Brasília Amarela (Mamonas)...
Vamos a La Playa?... Oh! Oh! Oh!
Chegamos...
Colocar cadeirinhas, guarda-sol...
Dá licença?
Só um espacinho...
Não pode?
Tem que pagar consumação?
Eu trouxe o frango, a farofa e a tubaína...
Tem que pagar?
As areias das praias paulistas – de Ubatuba a Peruíbe – foram loteadas pelos quiosques.
Notícia velha ou crime continuado?
Chama a polícia!
Chame o ladrão (Jorginho da Adelaide)
As praias são patrimônio da União... Não podem ser “alugadas”, cedidas em comodato, et coetera, et coetera, et coetera...
Arruma uma desculpa, rápido!
Aqui é “terras brazilis”....
Estamos abaixo do Equador (Chico e Ruy Guerra)...
É proibido proibir (Caetano)...
Não tem fiscal suficiente...
Está todo mundo em férias...
Não é comigo...
Nem com eu...
Tem culpa todo mundo...
Só não tem culpa eu...
E os demais turistas.
Pensando bem, temos...
Olha lá! Pega o binóculo...
No Guarujá...
É ele... O exemplo da nova classe média...
Forte da Marinha... Só para ele?...
Que é isso companheiro? (Gabeira)... A família inteira...
Mas pode?
Também não!
Nem com passaporte diplomático?
Devolve a câmera(jornalistas da Folha de S.P)...
Olha a chuva! (quadrilha)
A ponte quebrou! (quadrilha)
Está insinuando o que?
Deixa pra lá...
Circulando... Circulando...

06 janeiro 2011

ANO NOVO: SAUDE E VIDA NOVA

Não tem como!
Mesmo para quem, como eu, a passagem de ano nada mais é que o dia em começamos a nos preocupar com o aumento dos valores das extorsões – digo impostos, preço dos transportes, et coetera, et coetera, et coetera... – quando paramos para assistir a São Silvestre e um brasileiro vence, pensamos: “Ano que vem, que já quer dizer este ano, vou prestar mais atenção na saúde, fazer check-up, avaliação física e recomeçar meus treinamentos – o conselho vale também para quem nunca fez nada, ouviram sedentários? Quem sabe participar da São Silvestre? Agora ficou fácil mostrar que esteve lá. Entregam a medalha junto com a camiseta,antes da prova.
Onde eu estava mesmo quando parei?
Na subida da Brigadeiro?...
Cala a boca, grilo!
Estão vendo como preciso de exames médicos preventivos? Já estou misturando conversa, esquecendo o que falava. Pode interagir, leitor. Revele sua deficiência.
Decidi marcar exames médicos logo no primeiro dia útil do ano.
Senão esqueço.
Alô! É da clinica cardiológica?
Queria marcar um consulta com o doutor... Doutor... Doutor... Por favor, veja na minha ficha o médico que me acompanhava.
A última consulta?
Ora, minha querida, se não lembro nem o nome do médico, vou lembrar quando passei em consulta.
Esse mesmo!
Ele não atende mais?... Aposentou?... Que pena! Mas ele não fazia exames periódicos, as atividades físicas que tanto recomendava? Não dava tempo?... Lamento... A senhora me indica algum outro? Pode ser. Só volta em fevereiro?... Depois eu ligo...
Já que estava no telefone com o manual do plano de saúde, tentei outra especialidade.
Alô! É da clinica do Dr. Rinaldo? Isso, o urologista. Queria marcar uma consulta.
Esta semana não dá?
Ah! Não acredito... Teve duas crises de litíase? Natal e Reveillon? Tentou chá de quebra-pedras?... Não adiantou?... Tem que explodir a laser?... Deseje uma boa recuperação para ele... Posso ligar daqui a uns quinze dias?
Alô! Dá para marcar uma consulta com o Dr. Armstrong?
Só daqui vinte dias? Engessado? Rompeu os ligamentos numa pelada? Poxa! Justo ele, que sempre me disse para não jogar mais futebol por causa do joelho. Aconselhava esportes mais suaves depois de certa idade. Caminhada, hidroginástica. Bom, ligo depois.
Caracas! Nenhum médico disponível... Nem tudo está perdido... Posso começar o ano mudando minha alimentação.
Alô! Queria agendar com a nutricionista. Acho que era Fátima
Fat... Isso mesmo... Só dia 10?...Está se recuperando de uma lipo?... Lipo-escultura, não?... Para perder quatro quilinhos?... Sei...
Nessa eu não prometi retornar a ligação...
Coisa de louco!
Pensando bem... Alô... Clinica do Dr. Freud?...
Obrigado por haver ligado para a Clínica Mental Dr. Freud. Voltaremos a atender após o dia quinze. Deixe seu nome e telefone, que entraremos em contato... Em caso de urgência, ligue para o CVV ou dirija-se ao SUS (e que fique doido mesmo)...
Ah! Deve ter ido relaxar um pouco. Sempre falava nisso. Até yoga me recomendou.
Não digam que não tentei...
Alô! É do delivery?
Duas calabresas bem gordinhas, três pastéis... Sim... Pode mandar duas latinhas de cerveja.

05 janeiro 2011

AS LÁGRIMAS DE MARISA

Dona Marisa chorou
Lágrimas de crocodilo
De derreter botox
Num instante se lembrou:
Era o fim de tudo aquilo?
Cadê a baixela de prata?
Voltar às peças de inox
Dona Marisa chorou
Vida mais ingrata!
Quanta malvadeza!
Quantos afazeres agora!
Ter que marcar hora
No salão de beleza.
Uma cidadã italiana,
Por nada condecorada,
Colocar as mãos na maçaneta?
Coisa mais careta!
Era tudo tão bacana:
Acordar no Alvorada
Assovia! Vem empregada!
Ver jogo da Copa,
Passear pela Europa.
Nem tudo é perfeito
No carro foi esquecida
Mas deu-se um jeito
Coisas da vida!
Dona Marisa chorou
Mordomia quase findou...
Não é assim tanto trampo.
Fazer bobs, colocar grampo
Acostumar com a vizinhança
Em São Bernardo do Campo
Que horror!
Barulho de criança
Gente no elevador
Oh! Vida, oh! Dor!
Oh! Azar...
Quero mais é viajar
Dona Marisa chorou
Querer requentar o café
E ver que o gás acabou
Quem atende a campainha?
Pedir açúcar pra vizinha?
Assim não dá pé!
Dona Marisa chorou
Entendi sua tristeza
Acabou a moleza!
E agora?
Chora Marisa, chora!