07 outubro 2011

MORRI E NÃO ME AVISARAM

Olá!
Por favor! Alguém fale comigo...
Moço, não finja que não existo...
“Deixa eu” levar fiado!
....................................................
Sabe, gente! São tantas coisas pra gente... Pra gente o que mesmo, Gil?
Ah! Sim... Você colocou no cartão de lembretes...
Cartão?!?!
Arghhhhh....
Cartão, cartão, cartão...
Faz quinze dias que meu cartão do banco foi mastigado pela máquina do terminal e não repuseram. Não posso sacar dinheiro, não posso comprar, não posso nada. Tornei-me um incapaz... Civilmente incapaz... Talvez seja interditado, pois desapropriado já me sinto.
Quero um cartão novo, pedi. Urgente, por favor!
A culpa é da greve, disse meu gerente, que não é meu, mas do banco...
Greve de quem?
Do banco, dos correios, da.... (interatividade aí, leitor).
Tem culpa todo mundo, seu doutor, só não tem culpa eu, que estou “me ferrando-me”.
De Jobin e Vinicius: Eu não existo sem você...
Desliga esse rádio, cáspite!
Nem me venha com a desculpa (culpa... culpa...culpa... ecoa em meus ouvidos) que vão sortear um par de ingressos para o show do Tôfrito e Cuzido para os primeiros que ligarem.
Estou sem telefone há dois dias... Erraram a minha portabilidade...
Quem se importa?
Alô!
Não! Não foi meu telefone que tocou... Foi o orelhão comunitário.
Acho que estou enlouquecendo.
Pelo menos isso... É uma esperança que não tenha morrido...
Sem poder torrar a fortuna de minha aposentadoria, sem receber um telefonema, sem receber uma correspondência – nem que fosse boleto de cobrança - tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu...
Desculpa, Chico!

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