03 agosto 2009

ALGUÉM DESLIGUE A CHUVA!

Mesão de férias...
Vamos viajar?
Cuidado aí, turista! Olhe a gripe!
Qual? A que faz “atchoinc”?
Isso mesmo, a suína...
Caramba!
Adeus geleiras da Patagônia, Sul do país e congêneres!
Nordeste, nem pensar! Tenho incompatibilidade alimentar com os temperos... Volto de lá um “reizinho”...
Europa é para quem pode...
A vantagem de morar em São Paulo é que as praias paulistas ficam no próprio estado.
Se chove fica mais perto para colocar as coisas na van e voltar empanturrado de frango assado...
Invejem-nos, mineirada!
Cariocas, quem os chamou na conversa?
Chuva lembra-me aulas de Geografia.
Mais da professora que da matéria...
Eu era bom em assuntos de temperatura e variações climáticas...
Somatizava...
Gelava quando era marcada prova, suava frio ao perceber que não sabia nada de clima, volume pluviométrico, essas coisas...
As orelhas se aqueciam quando vinha a correção e a nota.
Certa feita, respondi que a média de precipitação pluviométrica diária em São Paulo era 200 mm...
A professora disse que alagaria do Oiapoque ao Chuí e o sertão finalmente viraria mar...
Para que eu precisava saber o que eram ventos alísios, minuano, frentes frias?
Porque na zona temperada chove mais?
Massa Polar, tábua de marés...
Opa!
Isso está ficando interessante... Massas, tábua de qualquer coisa, uma Polar...
Piadinha horrível, professora! Concordo...
Um consolo não houvesse furacões, maremotos, ciclones no braziu...
Tsunami não é do meu tempo...
Assim não precisava estudar essa parte...
Tem uma lenda que diz serem a chuva e o frio agradáveis...
Fonte de inspiração!
Pois sim! A mim dá mais mau humor...
Ainda mais pensando que me secaria um pouco na praia.
Penso em escrever algo...
Um lindo poema...
Ta bom! Pode ser um soneto...
Uma trovinha...
Um haikaizinho...
Qual o quê!
Estou com os dedos congelados. O mesmo deve ter ocorrido com a carga da caneta...
O papel está úmido de tanta chuva que cai nestes dias.
Usar o computador para escrever?
Pois é... Até nisso a chuva atrapalha...
Um raio atingiu a fiação do prédio onde estou ilhado e o computador comunitário foi para o conserto.
Pensei em ir à lan house, mas debaixo de chuva, eu hein!
Vocês sabem! Velho molhado é friagem, resfriado, gripinha, pneumonia e óóóóóh!...
A sequência de espirros desmentem as palavras de meu pai:
”Bode quando espirra é sinal de bom tempo!”
Nem pensar em sair.
Olho a chuva, o mar revolto batendo na mureta, os narizes das crianças nas janelas do prédio vizinho namorando a praia impossível.
Nem quero pensar na roupa lavada que não seca, na roupa suja que foge do cesto do banheiro, na roupa limpa que está acabando.
Cidadezinha sem cinema, sem shopping, fazer o quê?
Preciso voltar à civilização!
Se a bateria do carro funcionar, a neblina deixar...
Penso imediatamente em São Paulo...
Quando eu era pequeno e a cidade menor era terra da garoa...
Crescemos – ela muito mais que eu - e ela se tornou a terra dos temporais...
Encolhido, vejo na TV que hoje deve ter chovido os tais 200 mm por lá...
Socorro!
Oh! Daí de cima!
Alguém pode desligar essa chuva?

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