Hoje lembrei-me do Pasquale!
Cara simpático!
O italiano passava uma imagem simplória...
Muito gentil ao telefone e no atendimento pessoal.
Era muito supersticioso...
Quando terminava o atendimento, era rápido e não deixava o cliente colocar a mão na maçaneta para abrir a porta, onde havia uma ferradura pendurada.
Ma Che! Io abri, io fecho! Dizia ele apressadamente.
Senão leva minha sorte embora ou o Signori não volta mais!
Claro que obrigatório entrar no seu escritório com o pé direito.
Um dia quase tive que dar a volta no quarteirão para não passar embaixo da escada do pintor, enquanto ele falava dos azares que poderia ter se o fizesse.
Aparecesse gato preto era sinal da cruz e oração para mais de hora.
Na sala não faltavam santos e patuás a lhe darem proteção.
Imagens de Nossa Senhora de Aparecida, Santo Antonio e Santo Expedito, água benta, incenso, vela de sete dias e fitinhas do senhor do Bonfim que ele insistia em distribuir...
Tentou me dar escapulário umas três vezes.
Ah! Tinha vasos de espada de São Jorge, arruda e alecrim.
São Jorge lembrou-me mais uma...
Não escrevia com caneta vermelha!
O que São Jorge tem com isso?
Não sei por que ele não escrevia com tinta vermelha, mas eu durante longo tempo só escrevia com tinta preta, por uma questão de corinthianismo.
Algum tempo de terapia e medicamentos fizeram-me perder boa parte do hábito...
Nem me passa pela cabeça a possibilidade de usar caneta verde, lógico...
Tinha um elefantinho na estante com a tromba erguida e de costas para a porta de entrada. Simpatia para evitar falta de dinheiro.
Coloque a bolsa na mesa... Não deixe no chão que o dinheiro vai embora, alertava!
Pasquale era folclórico na empresa.
Muito querido, até que...
O dinheiro da empresa realmente andou desaparecendo.
Numa sexta-feira treze de agosto foi ele que não apareceu para trabalhar.
Desapareceu como embarcado numa estrela cadente ou num rabo de cometa rumo a ponta do arco-íris...
Na terça feira, descobriram que havia provocado um rombo nas contas da empresa...
Na pressa esqueceu na gaveta um pé de coelho e uma figa...
Diz a lenda que fugiu para a Itália.
Isso é costumeiro por estas bandas!
Seu ex-patrão acionou a polícia, mas por via das dúvidas fez promessa a São Longuinho para ver se localiza ao dinheiro subtraído da empresa e também ao Pasquale que deve estar com a orelha quente de tanto que estão falando mal dele...
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