Não gosto do formato mercantilista desse “feirão” que se transformou a Bienal do Livro, mas enfim e como diz Milton “o artista tem de ir onde o povo está”.
Fiquei a maior parte do meu tempo de autógrafos conversando no stand com dois outros autores e com os responsáveis da Editora.
Repentinamente, acendeu-se uma luz no fundo do túnel da solitária hora de autógrafos. Uma professora apontou para mim e disse aos seus alunos:
“Olhem! Um autor!”
Entre feliz e surpreso olhei para os lados e não encontrando nenhum ET concluí:
“Era eu!”
Viva!
Sou um autor.
Ora, pois, oh! Pá!
É o que está escrito no crachá.
A criançada atacou-me.
Acabaram com meu estoque de marcadores de página.
Pediram que autografasse os marcadores.
Diante da felicidade daquelas crianças em ver um autor, lembrei-me da dificuldade que era arrumar unzinho só para levar às escolas durante os 15 anos que fui diretor de escola.
Pensei com meus zíperes.
Posso fazer esse trabalho
Saí do stand e passei a conversar com todos os responsáveis por grupos escolares que encontrei.
Grupo Escolar é coisa muito antiga.
Arf! Quanto tempo.
Deixe estar. Descobri que a Cartilha Caminho Suave da Branca Alves de Lima atingiu sua 127ª. Edição.
Cartãozinho em punho parava os professores de escola pública, dizia sobre meus livros, minha condição de aposentado como diretor de escola e perguntava sobre eventual interesse em que eu fosse até a sua escola.
Reações diversas.
Algumas muito interessadas realmente. Paravam os alunos, perguntavam sobre meus livros e até pegaram o telefone.
Outras mais preocupadas em não perder as crianças, agradeceram e colocaram o cartão no meio de algum livro ou panfleto.
Talvez leiam depois.
Opa! Outro ataque de um grupo de escolares.
Tinham visto um ET.
Digo, um Autor.
Fizeram nova festa.
Animei-me.
Oferecido que só eu, fui de grupo em grupo acabando com meus cartões.
Só para citar, a maciça maioria das escolas que encontrei eram da periferia de St.Paul.
Parabéns a esses professores.
Era meu último cartão.
Um choque brutal.
Dirigi-me a uma professora que chegava com seus alunos e me apresentei entregando-lhe o cartão.
Nem me ouviu e disse:Não!
Insisti: “A senhora não tem interesse em levar um autor a sua escola?”
Não!
Por favor...
Pela carinha da santa, ela ia dizer mais um não!
Só devolve o cartão!
Ela ficou estática e retomei o precioso derradeiro cartão.
Perdeu uma oportunidade dessas.
Um autor de graça.
Cheio “de graça”.
Chateado, falei para o zíper da camisa:
“Essa não é do ramo! O que veio fazer aqui?”
Num flash, passaram imagens de algumas professoras que não eram do ramo e tive que aturar enquanto diretor.
A professora seguinte era, fez-me algumas perguntas e reanimei-me.
Felizmente, a maioria é do ramo.
18 agosto 2008
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3 comentários:
Com certeza "essa aí" não era do ramo! BOBA, gostaria de dizer prá ela que não sabe o que perdeu!!!
Tenho dó dos alunos dela, que infelizmente são os que mais perdem com "essas aí"
Abraços.
Ainda bem que tu estavas em St. Paul, pois aqui onde (infelizmente) moro, daria-te por satisfeito se ouvisse um sim. Aliás, ator de teatro de Bonecos que sou, levando teatro, não de graça, pois temos uma parafernalia técnica e cenografica, e comer, afinal, parece que somos humanos, vamos nas escolas e as professoras, salvo poucas, são assim, parecem não ser do ramo. Que horror para o mundo. Parabéns pelos textos, aqui, e no recanto. Abraços.
E a curiosidade da molecada é encantadora.
Não sei se viu a menina abrir seu livro, acho que era Independência Entre Rios", e reparar na sua foto, com o mesmo chapéu - "mãe, é o autor!". A mãe, professora, confirmou e a menina continuou a folhear o texto.
Quanto a mim, tenho muito o que aprender sobre marketing pessoal...
E vou agora fuçar o seu blog.
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