23 fevereiro 2008

CHUVAS ABREM MAZELAS


Abriu o céu em São Paulo...
A água não tem para onde correr...
Nem quem mora em regiões baixas, áreas de várzea...
Esses, geralmente da classe mais pobre, pagam a conta...
Levantar os móveis que puder, salvar os documentos e subir na laje...
É o jeito...
Na manhã seguinte fazer o rescaldo...
Estender as roupas nos muros que a enchente não derrubou, jogar fora os móveis de aglomerado que estão pagando a prestação, consertar os eletrodomésticos e sentar em frente da televisão para assistir o noticiário, para saber se há alguém em pior situação...
Há gente em pior situação...
Que consolo...
Há gente que não tem o que perder...
Nem como recuperar...
Têm gente no braziu que reza por uma chuva para poder comer...
Abriu o céu em São Paulo...
A cada chuva percebe-se que a água não tem para onde correr...
Ainda assim, vão, dia a dia, tapando o solo com concreto...
Escavações de prédios fecham e desviam lençóis freáticos...
Breve, não haverá um centímetro quadrado para captar a água e ela vai sair em algum lugar...
Provavelmente longe da casa dos administradores da cidade, dos especuladores imobiliários que moram em coberturas nos bairros mais altos...
Estes, ainda, vão reclamar que os pobres não sabem se comportar...
Jogam lixo nos córregos - o que em parte é verdade - e estão invadindo áreas de mananciais e estragando a água que vão beber...
Que a população vai beber, bem entendido, por que rico que é rico toma Perrier...
A cada vez que abre o céu em São Paulo, a gente percebe quantas mazelas a cidade ainda tem que fechar...

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