01 janeiro 2009

REFORMA ORTOGRAFICA .... E A PININHA



Dona Gertrudes, achegou-se com seu jeitinho a Pina...
Que história é essa que vou ter que aprender a escrever novamente?
Que besteira você está falando desta vez, Pina?
Eu escutei umas conversas no ônibus, dizendo que mudaram o Português.
Prestei atenção, porque achei que fosse algum rolo com o Nezinho, mas antes fosse.
Não entendi nada.
Pina! Calma!
Não é nada de importante! É uma reforma ortográfica. Mudaram a grafia de algumas palavras da língua portuguesa.
O que é grafia, dona Gertrudes?
Grafia é a forma como se escreve as palavras.
Entendi... À mão, no computador... É isso?
Não, Pina!
Vou tentar lhe explicar, mas não me faça perder a paciência.
Por exemplo, vamos usar novamente as letras KA, YPSYLONY e DABLIU...
Para quê? Onde eu uso isso?
Sei lá, Pina! Mas, vamos poder usar...
Não vamos mais precisar usar o trema.
O que é isso?
Aqueles dois pinguinhos que se colocava em cima da letra “U”.
Nunca usei isso, não. Colocava o pinguinho em isso do I e olhe lá.
Acho que estou perdendo meu tempo, pensou a patroa.
Pininha, você sabe o que é hifen?
Não...
Paroxítona?
Não...
Circunflexo?
O lugar onde a gente ajoelha na Igreja...
Acento diferencial?
O banco reservado para as pessoas especiais?
Prefixo?
O número do ônibus?
Ai! Pina, assim não dá...
Melhor você limpar a cozinha.
Uso aquele “superalvejante” novo que a senhora comprou?
Superalvejante é com hífen, Pina.
Está vendo, só, dona Gertrudes! Explicando com exemplos fica super-fácil.
Super-fácil não tem hífen, Pininha...
A senhora quer me enlouquecer.
Melhor ir preparar o almoço... Vamos receber visitas...
Vem aqueles amigos da senhora? Sirvo aquele cock-tail com baixo teor alcoólico na ante-sala?
Gostou do cock-tail, patroa? Rabo de galo é feio...
Do coquetel sim, mas vem leva circunflexo, alcoolico não tem mais acento e antessala é tudo junto.
O que a senhora disse? Alcoólico não tem mais acento? Bêbado perdeu o acento?
Calma, Pina! Alcoólico tem. Quem não tem é boia, colmeia.
A senhora vai criar abelhas?
Para, Pina! Para! Não sei como pode...
(N. A. – com acentos diferenciais ou sem?)
Depois eu é sou uma semi-analfabeta...
Semianalfabeta é tudo junto, Pina!
Ta vendo só! Não sei nem ser semi-analfabeta direito...
Tenho mais é que...
Olhe o respeito!
Quer saber de uma coisa, patroa?
Que se lixe essa tal de reforma.
Reforma é tudo igual. Não acaba nunca.
E tem mais...
Isso é coisa “proceis”, “alfabetizados”!
Não aumenta meu salário, vou continuar pegando ônibus cheio...
Prá cozinha, Pina! Prá cozinha!

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