06 novembro 2008

CELULAR NO CENTRO ESPIRITA

Nota de advertência - A leitura desta veridica narrativa não é recomendável para crentes de qualquer crença.
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Hoje passei em frente onde havia um Centro Espírita, local que muito contribuiu para o fim de quaisquer resíduos de convicções religiosas de minha parte.
Já tinha restrições desde que o Pelé foi jogar no outro alvinegro e por mais que eu rezasse, ele marcava mais e mais gols contra o Manto.
Não sei se ele fez mais gols ou eu fiz promessas para ele não marcar.
Um pênalti que o Garrincha perdeu contra os periquitos – ainda não eram porquinhos - aos 44 do segundo tempo pode ter sido outro motivo.
Até o Grêmio, time sem santo padroeiro foi campeão da Libertadores e o Manto nada.
Para o Jorginho a cassação impiedosa.
Sem desconversar, outra causa de minha desconversão pode ter sido a quantidade absurda de promessas que minha mãe fazia e eu é que tinha de cumpri-las.
Precisava lá de promessas para acertar aquelas perguntinhas e tabuadas e passar de ano?
Tenha a santa paciência! Ou melhor, tenha a paciência e só!
A quantidade de malandros que abriram igrejas e exploram a credulidade messiânica insana de “povos brazilis” é outra das causas.
Eu mesmo criei o meu Apostolado que tem crescido mais que o PIB do braziu.
Só não cai dinheiro na minha bolsa, o que prova a honestidade do culto.
O desejo de exclusividade aos dons de Yoshua, que destaco nunca foi católico, pelos diversos propagadores da divindade é também causador de minha firme descrença.
O catolicismo é a mais nítida das incoerências religiosas. Proibiam o cuto de deuses pagãos diversos, jogavam pessoas na fogueira, diziam que a Terra era quadrada e hoje devem ter até deus da chuva na forma de um santo do pau oco.
Quase esqueço do Centro Espírita.
Lá ocorreu um fato sedimentador de minhas convicções a única convicção bíblica que acredito:
Era pó e ao pó voltará... E só!
No longínquo século XX, tive um problema de saúde e dentre o receituário palpiteiro indicaram-me a ida a centros espíritas.
Havia também recomendações de novenas, trezenas, maisenas, promessas, lavagem da escadaria da Igreja do Bonfim, ida de Kombi à Aparecida do Norte, subir de joelhos a escadaria da Penha e outros martírios e mais um monte daquelas negociatas com santos.
Olhem aí o Santos de novo!
É Carma!
Calma! O Pelé já parou com o futebol!
Encheram-me tanto a paciência que decidi dar uma oportunidade aos mistérios transcendentais.
Mas precisa ter fé!
Então danou-se!
Se o santo é bom faz milagre com fé, sem fé, fé de mais ou fé de menos.
Fui ao tal Centro Espírita.
Olhe eu aqui... Faça-se o milagre!
O senhor precisa de passe!
Vim a pé!
O senhor tem de orar!
Nem pensar.
Fazer energização!
Tomar estas gotinhas!
Nada mais eram que fórmulas homeopáticas vendidas a um preço extorsivo e não adiantaram nada.
Hoje o médium vai ouvi-lo!
Foi a gota!
Não, não tinha ácido úrico, não!
Três horas de fila para ser atendido pelo dogmático homem que vinha lá de não sei onde, uma vez por mês, para curar, pragmaticamente, qualquer doença.
O cidadão ouvia, fazia cara de quem estava incorporado, falava umas palavras que ninguém entendia e prescrevia mais gotinhas.
Estava quase na minha vez.
De repente, uma música invade o ambiente.
Procura que procura de onde vem o som que atrapalhava o silêncio.
Três chances para o leitor adivinhar o que era.
Anjinhos do céu entoando canções de Natal?
Ensaio da bateria da escola de samba do bairro?
Um celular?
Acertou...
Três tentativas para adivinhar de quem era o celular?
Eu não tenho celular.
Minha avó não estava lá.
O médium?
Acertou novamente!
Pôxa, você é bom em adivinhações, meu leitor. Incorpore-se ao Apostolado e seja bem vindo.
Picareta é o que não falta!
O médium parou o atendimento e atendeu a ligação.
Não sei quem era, mas duvido que tenha sido alguma entidade pedindo espaço para uma incorporação.
Caí fora imediatamente, mais que nunca convicto do acerto de minha profissão de falta de fé.
Hoje quando vi o Centro Espírita fechado veio-me uma dúvida.
Será que cortaram a linha telefônica deles e perderam definitivamente o contato com os céus?
Pelo sim, pelo não, não uso celular até hoje.
Vai que ele toca, eu atendo e estão me chamando do lado de lá.
Inclua-me fora disso, sô!
------------------------------------------------------------------------------------------------------ Nota final – Em nome da democrática e constitucional liberdade de opinião: Sem rancores, nem guerras santas, hein!

4 comentários:

Enio Luiz Vedovello disse...

É... A comunicação espiritual também se moderniza...

Anônimo disse...

Uma vez eu entrei, por pura curiosidade, numa igreja, que não era igreja, mas um bigcentroespírita. Só que eu estava acompanhada e ali, era homem de um lado e mulher de outro. Eu estava na porta, fui praticamente arrastada para dentro e separada do meu amigo. A sessão já estava quase começando, com uma luz azulada iluminando uma mesa no meio do palco. A minha curiosidade foi para o beleléu e eu quis sair e a mulher-guardiã não queria deixar eu ir embora. Eu ameacei fazer escandalo... Aí funcionou... :)

Anônimo disse...

Meu amigo....qdo. chegar a sua HORA não adianta não ter celular! Vc. vai dar de cara com "eles" de qq. jeito!!!!
Abraços "espirituais" e Palmeirenses....

Toninho Moura disse...

Só vou acreditar nisso quando alguém psicografar um programa em Assembler!