07 setembro 2010

INDEPENDENCIA DO BRASIL - QUEM DECIDIU FOI DOMITILA

Pedroca, acorda! Levanta... Chegou recado...
Parece que precisas mudar o itinerário
Mensagem do Patriarca, o Bonifácio
Situação confusa pras bandas do Rio...

Ora, Domitila... Continuemos nosso pecado
Não deve ser nada de extraordinário
Aturar esses Andradas não é nada fácil
Pudesse os mandaria a Portugal de navio


Vem assinada também pela Leopoldina
Diz que você disse Fico e não tem parada
Chegaram ordens estranhas d´além mar
A soldadesca está ameaçando uma rebelião

Não sei por que me casei com essa menina
Ela bem sabia que eu era da pá virada
Dá muito palpite, pensa que pode mandar
E esse povo quer que tudo eu dê solução

Pedro... São deveres de um príncipe regente
Porque não proclamas a Independência?
Dá uma subida até as margens do Ipiranga
Mostre a espada, dê um berro... Um gritinho

Titília, minha bela... Deixe isso mais para frente
Um dia faço!... Prometo... Tenhas paciência
Agora, venha para cá... Tires essa tanga...
O braziu pode esperar mais um pouquinho

Ah! Pedroca... Se o pais for independente
Eu, que tanto gostas de dividir a cama,
Quem sabe assim, do nada, de repente
Transformo-me em sua primeira dama

Domitila, assim tu me deixas mais doente
Já não me basta minha doença venérea?
Prometo... Caso o avião Dumont invente
Só para vir te ver, criarei uma ponte aérea

Como amante sofre, hein, Pedroca!
Você nunca cumpre nada que promete
No máximo, serei mais uma Marquesa
Esquecida no litoral, aí pelos cantos


Mas quem te encheu a cabeça de minhoca?
Terás jóias, casa no Estácio e uma charrete
Serás, para mim, sempre minha princesa...
Prometo-te mais... Mandarei fazer a Rio-Santos...

Vá Pedro! Como toda mulher, Domitila ordenou...
Amuado juntou as tralhas, desfez acampamento
A tropa deixou a praia cheia de farofa e frango
Brecheret pescava na Represa... Que sorte!...

Matreiro, alertou: Vão perguntar se fotografou...
Seguiram Serra acima em lombo de jumento
Junto ao Museu um argentino cantava um tango...
Isso não! Berrou Pedrão... Independência ou morte!

Depois ele achou governar muito do sem graça
Abdicou e se mandou de volta para a matriz
De mais a mais quem resolvia era o Chalaça
Pedro só assinava onde marcassem o xis...

Influência mineira, talvez, e Leopoldina virou trem
Pedro uma estação... Quem disse foi o Stanislaw
O triângulo com Amélia descansa num mausoléu.
Domitila, coitada, dorme só, lá na Consolação

Não sei se é verdade, mas se há fumaça fogo tem...
Muitas histórias rolaram quando braziu era arraial
Se disser que acredito, vão me acusar de ser Pinel
Mas também não digo que é mentira, não...

Eu, hein...

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom! :D

Andre Martin disse...

Excelente!!!

Eu geralmente não faço questão de ler poesias, mas esta me prendeu do começo ao fim!

Achei ótimas as rimas intercaladas a cada duas estrofes. Coisa rara e difícil de se fazer, sem perder a condução do enredo ou forçar a frase. No caso, percebi suavidade e naturalidade nas transições.

Ademais, ficou uma histórinha muito factível e verossímel (exceto a referência a outro Santos, o do monte rss). Quando menciona o Ponte Preta, já é o outro Pedro, o narrador, e não o imperador.

Parabéns!!

É seu mesmo?
Gostaria de copiá-lo e referenciar outras vezes, posso?
Eu colocaria os diálogos precedidos de travessão e as falas entre aspas, assim como até coloriria as frases rsss Mas prometo citar o autor!

Clap, clap, clap, clap, clap!
Aplausos! (e de pé!)

AndréM
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