Hoje reproduzo matéria sobre o treinamento de câes guias.
CÃES GUIAS - INSTITUTO IRIS - VISITEM O SITE
Saiba como esses animais são treinados
Por Rebeca Alcoba
É comum vê-los nas ruas, no transporte público ou dentro de estabelecimentos - até porque eles têm passe garantido em qualquer ambiente, de acordo com a Lei Federal 11.126, de 2005. A reação a esse encontro quase sempre é de empatia. “É bonito ver um cachorrinho com ar dócil auxiliando alguém que necessita dele”, comenta Luciana Oliveira, usuária do metrô, em São Paulo.
Os mais apaixonados por cães tentam interagir com o bichinho e, em alguns casos, até iniciar uma conversa com o proprietário, afinal, a cena desperta interesse. Contudo, existem vários elementos nessa parceria entre cão-guia e o dono com deficiência visual. Conhecimento, amor e, acima de tudo, voluntários (famílias acolhedoras na fase de treinamento) são fundamentais para que em dois anos o animal chegue às mãos de quem ele vai acompanhar. É justamente esse universo encantador que você conhecerá por aqui.
Companheiro de todas as horas
Quem já tem um cão-guia para chamar de seu não consegue mais imaginar como seria a vida sem ele.
A advogada Thays Martinez perdeu a visão aos 4 anos de idade, por complicações de caxumba, mas teve a sua rotina transformada com a chegada do Boris, o labrador adquirido no exterior para guiá-la.
“Depois do Boris, eu passei a caminhar pelo simples prazer de sentir o corpo em movimento e conseguia até correr de vez em quando, porque ele cuidava de tudo para mim”, revela.
A experiência foi tão animadora que Thays resolveu ajudar outras pessoas, fundando em 2002 o Instituto de Responsabilidade e Inclusão Social (Iris), uma ONG para treinar e distribuir cães-guia, melhorando a qualidade de vida das pessoas com deficiência visual. Atualmente, Thays segue com o seu segundo cão, o Diesel.
Passo 1: antes do nascimento
Tudo começa com a escolha da raça. As mais adaptadas ao trabalho de cão-guia são labrador, golden retriever e pastor alemão. No entanto, boxer e collie também atendem aos requisitos, que incluem porte, resistência, facilidade em se adaptar a pessoas diferentes e temperamento adequado. A partir daí é feita uma seleção genética, ou seja, os responsáveis pelo treinamento buscam referências comportamentais e de saúde dos pais que irão gerar os filhotes.
Passo 2: a eleição
Após a gestação e o nascimento dos filhotes, é necessário detectar quais são os mais equilibrados emocionalmente. O cão ideal para receber o treinamento estará no meio-termo, ele não pode ser dominante ou submisso demais. Esse período leva em torno de oito semanas, enquanto os filhotes permanecem próximos à ninhada e à mãe. Assim como qualquer cachorro comum, é imprescindível oferecer a eles uma alimentação de qualidade e todos os cuidados veterinários desde o início.
Passo 3: primeiro lar
Uma vez aprovados, os cães seguem para as famílias socializadoras, onde ficam até um ano ou um ano e meio, de acordo com o desempenho de cada um. Essas pessoas são voluntárias, que disponibilizam o seu tempo para acompanhar e apresentar aos cachorros atividades cotidianas, como afazeres domésticos, passeios externos, ida ao supermercado ou uso do transporte coletivo. Nessa fase, o treinador acompanha a distância o desenvolvimento da relação, observando as reações positivas ou negativas que o cão tenha diante dos acontecimentos. Assustar com determinado barulho ou ter medo de criança são exemplos de fatores a serem trabalhados posteriormente, a fim de alcançar a superação.
Passo 4: o treinamento
Os cães retornam para as escolas e só então começa o condicionamento, que dura de três a cinco meses. O treinador mostra o que o canino deverá fazer, dá suporte e, com o tempo, transfere para o animal a responsabilidade pelos trajetos. Ele aprende, entre outras coisas, a andar em linha reta, a parar em esquinas, driblar obstáculos móveis e fixos. Todo esse trabalho é feito com base na técnica de reforço positivo (o animal recebe em troca elogio e carinho), sem que haja excessos para não desviar a atenção do cão.
Durante a transferência de responsabilidade, o treinador chega a andar na rua de olhos vendados para testar a aptidão do cão. Esse momento provoca o maior nível de estresse no animal, por isso é fundamental respeitar os limites dele e trabalhar em cima de suas características individuais para garantir a segurança do cego.
Passo 5: o lar definitivo
Aqui se inicia a procura por alguém cujo ritmo de vida seja compatível com as características apresentadas pelo cão. Formando-se a parceria adequada, começa a instrução à pessoa com deficiência visual, que durante 20 dias transitará com o novo amigo por seus locais habituais. A presença do treinador vai se afastando aos poucos e, por vezes, ele anda escondido do cão para desvincular-se como referência. Quando o cão-guia é cedido por instituições, mesmo após o entrosamento da dupla, há um acompanhamento regular, que inclui visitas e intervenções caso haja problemas. A vida útil de um cão, desempenhando suas funções de maneira eficiente, gira em torno de 8 a 10 anos, depois ele começa a perder a capacidade de resposta.
Quem faz o trabalho
Existem poucas instituições brasileiras que treinam cães-guia. Em São Paulo foi assinado um convênio em 2009 entre a Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência e a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Universidade de São Paulo (USP), a fim de criar um Centro de Estudos e de Treinamento do Cão-Guia com a participação financeira do Governo Estadual. No entanto, o projeto ainda não foi iniciado.
Formação profissional
Para tornar-se um treinador ou instrutor de cães-guia é necessário estudar no exterior, já que no Brasil não existe esse tipo de formação. Moisés Vieira, que atua na ONG paulista Iris, cursou quatro anos na Nova Zelândia. Ele diz que poderia dar aulas no Brasil, no entanto, não há estrutura para isso. “Eu precisaria de pelo menos 12 cães disponíveis para formar um treinador”. Para se ter ideia, de acordo com a Iris, estima-se ter apenas 60 cães guia atualmente em todo o País. Segundo dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, em outubro de 2009, há 1,4 milhão de cegos no Brasil e mais cerca de 5,4 milhões de deficiência visual séria (que conseguem utilizar-se do que resta da visão para realizarem tarefas cotidianas). ?
SERVIÇOS:
IRIS - Instituto de Responsabilidade e Inclusão Social
São Paulo (SP) - www.iris.org.br
Helen Keller Escola de Cães-guia
Balneário Camboriú (SC) - www.caoguia.org.br
Esta matéria foi extraida da revista Vida Natural & Equilíbrio.
03 setembro 2010
CÃES GUIAS - BRAZIU NÃO TEM OLHOS PARA OS CEGOS
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