22 setembro 2009

CUNVERSA DE CUMPADE – PINGUE PONGUE DE CHÃO

Cumpade, tô chateado!
Pacença! Os peixe logo belisca...
To chateado com a muié...
Oh! Cumpade, mais pacênça ainda... Que cunteceu?
Ela mi jogô na cara que num presto prá nada!
Uai! Isso é sério... Qui ocê feiz, desta veiz?
Nadica, home! Por isso é que ela disse que num presto pra nada!
Ansim sem motivo?
Eu tava quietinho assistino um jogo na TV.
Curintia? Perdeu de novo e aí ocê bebeu demais, né?
Que nada! Tava veno um jogo que tem uma rede no meio e ficam jogano uma bolinha deste tamanico de um lado para o outro.
Volibor?
Não, cumpade! Volibor eu sei o que é... A rede é arta e tem um monte de jogadô. A rede era baixinha e tava jogano só um jogadô de cada lado cuma raquete dessas que parece matadô de mosquito.
Acho que eu já vi. É pingue-pongue de chão... Coisa mais chata!
Cumpade, acho que é isso memo.
Mais pruque a cumade ficô brava?
Pruque o jogadô do braziu perdeu.
E daí? Quar a novidade?
Ela ficô indignada cume que nóis pode perdê do Quadô...
Ora, cumpade, ocê num expricô prá ela que esporte é ansim memo?
Tentei... Só que aí ela disse que o Quadô só tem dois jogadô... Dois irmão...
Cume ela sabe disso?
Sei não... Deve ter ovino nalgum lugá... Na feira, na quitanda, sei lá... E ela se ârreto a dizê que o braziu com esse monte de povaréu num consegue nem dois jogadô para jogar esse tar de pingue-pongue de chão...
A cumade é muito nevrosa... Mas pruque ela disse que ocê num serve pra nada?
Disse que sô vagabundo...
Oh! cumpade... Que ofensa! Cumade tava cum essa tar de Tepeme?
Sei não... Ela tava cum monte de roupa pra recoiê da corda, loça na pia e vassora na mão... Liás, a vassora ela quase quebrô na minha cabeça, quando eu mudei de canár e ia começá a assistí otro jogo...
De pingue-pongue no chão?
Não! Campeonato ingreis de cuspe de caroço de melancia... Aí eu me animei e cuspi uma lasquinha de minduim no chão... A vassora quebrô o abaju...
Cumpade! Cumpade!
Que foi?
Acho que levaro sua isca... Ocê num presta atenção...

Um comentário:

Anônimo disse...

Pedro,sensacional seu conto nesse caipirês impecável!Parabéns!Abraços,