11 dezembro 2007

A DURA REALIDADE DE UM DESPEJO


Juro que um dia desses eu revido umas piadas que tenho recebido sobre o Corinthians... Preferia, mas não consigo...

Hoje foi um prato cheio para os vibrantes programas que vivem da desgraça alheia... Desapropriaram uma invasão e destruiram os barracos construídos num terreno da EMAE (empresa Metropolitana de Águas e Esgotos) no Real Parque, um bairro próximo ao Morumbi... O bairro também tem favela, sim... A maior de todas, Paraisópolis é ali, coladinha...
Estava esperando o médico e assisti a mais de meia hora de gritos condenando a ação violenta da Policia Militar, condenando as autoridades constituídas pelo “descaso” com o trabalhador que perdia sua moradia e exercia seu “animus sperneandis”...
Tudo conseqüência, realmente do descaso do governo em tomar atitudes rápidas...
Não demorasse tanto tempo, neste caso cinco meses, para a justiça se manifestar quando terrenos são invadidos e não teríamos o caos que tivemos nas marginais, pessoas feridas...
Não cabe todo mundo em São Paulo, no Rio de Janeiro e vai chegando gente... Tem tanta gente que brota prédio todo dia, porque não tem mais onde enfiar nem a classe média que quer sair do chão, buscando a ilusória segurança no alto de seu apartamento...
É preciso atividade governamental para melhorar a qualidade de vida no interior do país... Nos grotões... Para que as pessoas tenham vontade de permanecer em sua terra natal...
Não é discriminação, não... É a constatação do desespero do homem que sai da terra em busca do eldorado, que não existe... O ser humano desloca-se para onde acha que tem melhores oportunidades de sobrevivência...
E se está optando por uma favela na periferia, algo está errado... Sinceramente, acho que eles prefeririam morar em Manhattan, Madri, (não conheço nenhum dos dois lugares)...
Incentivar agricultura, levar saúde, educação e trabalho aos municípios...
Sai mais em conta que cesta básica...
Ninguém, em sã consciência quer morar em morro, em favela... Ser dominado pelo tráfico, não ter um endereço...
Não é preconceito, mas eu não quero uma favela ou invasão ao lado de casa...
Se quiser leve para seu bairro...
Favela é como ambulante, MST... É um tumor social... Tem que agir rápido... Extirpar... Ou vira metástase... Não basta expulsá-los de um local pontualmente... É preciso dar-lhes esperança...
Favela, camelôs e conexos só interessam a grupos de exploração... Sejam grupos políticos, rede de tráfico, fiscalização corrupta, contrabandistas, falsos movimentos sociais, etc..
É uma dura realidade, mas enquanto não tivermos no “braziu varaemnós” um governo com efetivo programa social, que realmente se preocupe em acabar com a pobreza, reduzir natalidade, dar saúde e educação pública decente, entre outros atos básicos vamos ter que continuar assistindo a essas situações constrangedoras que tanto fazem vibrar os repórteres da desgraça alheia...
Não há solução simplista, mas há solução... É uma herança cada vez mais maldita e nunca neste país se fez nada, concretamente, para resolvê-la...

Um comentário:

Enio Luiz Vedovello disse...

Concordo com você, é como sempre digo: Ninguém, em sã consciência (exceto, talvez, alguns traficantes) deixaria uma vida melhor e mais confortável para viver em um barraco de favela. Se as pessoas se sujeitam, é porque a vida anterior era muito pior.
A única solução é criar condições para um fluxo inverso, onde as pessoas deixem São Paulo, Rio, etc, porque em seus locais de origem vão encontrar condições minimamente dignas de viver. Sem ter de morar novamente em favelas.