23 julho 2010

E agora, Zé...

E agora Zé?...
E agora você?
Que fazer com esse bebê?
Justo você...
Mineiro dos românticos...
Caiu no realismo!
E agora, Zé?
Mineiro?
Come quieto!
Batom no casaco?
Batom nas cuecas...
Também tinha?
Cuecas não foram esquecidas...
Ah! Nas cuecas coloca-se dinheiro...
Essas modernidades...
Maldito DNA...
Podia ter dormido...
Definitivamente...
sem essa...
Rosinha nem era fora do casamento...
Mas, Zé...
Desculpe-me pelo Zé, Zé...
Agiu igual a um Zé qualquer...
Zé Mané Matuto calibrado a caninha...
desqualificado...
Tinha que desqualificar?
Ser um ser comum?
Chamar a mãe de prostituta?
Zé...
E se as prostitutas se solidarizarem?
Na hora de votar?
Nem é bom lembrar...
Muitos perderão o foro privilegiado...
A imunidade...
Você deve ter razão...
Conhece bem essa gente...
Agora, Zé...
Como reagiria?
Chamassem sua filha disso?
Sairia no braço?
Serviria um queijinho?
Um doce de leite?
Mulherzinha de programa?
Cuidado com essa raça...
Mulheres...
De programa...
Por falta de programa...
São terríveis...
Contam segredos...
De alcova...
Das cercas...
De trás da igreja...
Para a imprensa...
Escrevem livros...
Zé...
Podia ter mandado umas camisetas...
Arranjado um cargo comissionado...
È assim que se faz, Zé...
A festa acabou...
Sua luz apagou...
Sozinho no escuro
Sua doce palavra,
Está sem discurso...
se você morresse…
você não morre,
você é duro, Zé!
quer ir para Minas?
Minas não há mais.
Zé, e agora ?
Que mancada, Zé!

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Versos incidentais propositais do poema "E agora, José" de Carlos Drumond de Andrade..

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