(ou a imortalidade)
Quando era criança a vida parecia eterna e não tinha noção de que já estava na fila da morte.
Lembro que assisti alguns filmes de terror onde almas eram vendidas para o diabo em troca de felicidade e riqueza.
Adorava esses filmes.
Dorian Gray não era exatamente isso, mas era um dos meus preferidos. Somente depois de muito tempo compreendi um pouco a realidade filosófica da história. Entendê-lo mesmo, creio que nem com duzentas releituras.
Sempre achei que nunca fizera esses pactos.
Afinal, se o diabo tivesse tantos poderes assim não viveria no inferno.
Já nasci com genes céticos.
Mas, fazia pequenas promessas para uns santos.
Era só quebrar alguma coisa e esperando um milagre, imaginava que ela se refaria sozinha. Jurava que nunca mais a quebraria.
Sempre cumpri a segunda parte. Nunca mais a quebrava porque ela não se refazia.
Era só perder algo e...
Alô! São Longuinho?
Parecia mais um Saci-Pererê e ainda bem que não morava em apartamento, porque desde a primeira infância eu já tinha os primeiros sintomas de “anciedade”.
Ficava à frente do rádio, quase Galena, orando...
Ai! Meu deus, não deixa o Pelé marcar outro gol contra o Manto Sagrado...
E nada de milagre...
“Ele”, o “negão” era uma “fera”. Fazia o “diabo” em campo.
Ia marcando gol atrás de gol...
Vá pro inferno marcar tantos gols assim.
Enquanto ele jogou, o Manto nunca foi campeão nem de torneio de cara ou coroa com a mesma face dos dois lados da moeda. A danada caía em pé.
E olha que eu rezava.
Foi um dos primeiros motivos para eu descrer em divindades.
Se Jorginho (São Jorge) era arrasado pelo Santos como poderia acreditar em igualdade social.
Quando estava voltando a acreditar no Jorginho após a quebra do tabu, em 1968, aquele Capadócio foi cassado pelo Papa Paulo VI em 1969.
Era época do governo militar. Talvez tenha sido alguma influência.
De repente, a vida passa voando e a morte começa a se avizinhar.
É muito comum, ao aparecimento das primeiras doenças mais sérias começarem as negociatas com deus com aquela fala mole: “Se eu sarar, eu prometo...”
Quase o mesmo que vender a alma a Satã...
Para falar a verdade, tenho que confessar...
Quando criança, também fiz uma promessa ou impus minha condição para morrer.
Não me lembro com qual dos lados foi o acordo, o pedido, a negociata, a promessa, ou a manifestação de último desejo...
O desejo era que antes de morrer eu gostaria de ver o Corínthians campeão da Libertadores da América.
Se essas coisas de fato existirem, aviso a Dercy (in memorian) e ao Niemeyer:
A pessoa mais velha do braziu serei eu...
Provavelmente, serei imortal sem entrar para a Academia Brazileira de Letras...
Agüenta, coração!
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3 comentários:
Quanto a este assunto de "pacto", leia o Fragmentos de um Romsnce e descubra que eles existem, e estão ao alcance de qualquer um.
Já sobre o curinta, acho que nem sendo imortal.
Braços!
PS: Comece o fragmentos pelo capítulo Nativity in Black.
Oi, Pedro,
Olha eu aqui, te comentando. Adorei teu artigo, é bastante cômico. Sempre que puder virei aqui.
Saudações literárias
Tereza Neumann
Eu tenho um santista aqui em casa e outro dia morri de rir quando ele disse que Pelé tinha que baixar no time todo para poder jogar bem. Moleque, Pelé ainda está vivo!
Resposta: então é melhor ele morrer rápido... rssss
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