23 setembro 2008

ERA UM DOMINGÃO!



(Lembrando o Premeditando o Breque)

Três ou quatro chutam bola ao lado da Kombi, bege-ferrugem, enquanto duas mulheres estão sentadas na beira da pista, com ar de cansadas, descascando mexericas.
A porta do motor aberta alerta que algo não está certo.
Os dois homens coçam a cabeça, tentam a partida e nada!
A fumaça branca que sai do escapamento não é de paz!
Quantas pessoas cabem num fusca cereja?
Parece cartola de mágico.
Fora os apetrechos do convescote.
O vento frio contrasta com o sol e os tops não são vestimenta apropriada.
O telefone parece não comunicar com ninguém.
Para a meninada tudo é festa.
O ronco do motor e o “nhec-nhec” da bateria não dão muita esperança de chegarem ao final de seus destinos.
Talvez já tivessem chegado.
Podia ser pior.
É.
O carro da policia rodoviária chega junto com o pessoal da assistência mecânica da concessionária.
Pede os documentos do motorista enquanto o mecânico faz um gesto desanimador.
Revira os bolsos, remexe nas sacolas, procura embaixo do banco da perua e nada.
O extintor está com a recarga vencida.
Quem se preocupa com isso?
Talão de multa na mão e o guincho chegando.
De chinelo não pode dirigir, apontando para os pés do motorista do velho cerejinha, com seu traje passeio típico.
Bermuda, camiseta de umbigo de fora e boné com propaganda política.
Um sapato que não serve aparece do nada.
Pé de pobre não tem tamanho, dizia meu avô.
Aperta que dá!
Se deu aquele monte de gente dentro do carro porque não caberiam cinco dedos ali dentro?
Claro que faltou cinto de segurança no banco de trás.
No da frente também.
Opa! O velho guerreiro pegou!
Era a correia dentada.
Sobe todo mundo.
Tem uma criança sobrando no banco da frente.
Em cima do guincho a perua repousa.
Pode ou não pode ir gente dentro de carro rebocado?
Tem que ir!
O sentido inicial era o oposto.
Aos poucos quase nada faz sentido.
Ainda vai dar praia, grita alguém no fusca.
Melhor retornar, aconselha o policial.
Na vicinal não tem concessionária para socorrer.
O jeito é pegar o primeiro retorno e comer o frango em casa.
Dentro do carro o frio é menor.
Só falta um bebê chorando!
Não vi nenhum, mas devia haver.
Sempre há!
Olha lá! Olha lá!
Inacreditável...
O DKW preto quatro portas completa a paisagem, passando devagar como convinha.
Um de seus passageiros aponta pela janela.
Eles estavam lá, cada qual em seu tempo e lugar na estrada que levava ao litoral.
O sol não bronzeou o corpo todo de todos...

Um comentário:

PreDatado disse...

Pois é amigo, faltava mesmo o bebé chorando mas juro que estava lá. Você é que não viu. Ah e a sogra. Cadê a sogra? Era uma das duas que descascavam mexericas? Obrigado pela visita.