30 novembro 2009

COISAS DE TEATRO

Não vou a cinema há anos...
Uma pelas filas para entrar em cinemas apertadíssimos e outra para não ficar escutando o mastigar de pipoca e sorvidas de refrigerantes dos ruminantes ao redor...
Prefiro, não só por isso, o teatro.
Uma apresentação nunca é igual à outra...
Mas tem gente que deveria ir somente ao cinema...
Nesta semana, em três diferentes espetáculos, vi algumas cenas tragicômicas.
Numa delas, uma professora levava um grupo de alunos, provavelmente de nível médio, ao teatro. Chegaram atrasados e os artistas retardaram em mais de quinze minutos o início da apresentação. Resolveram, então, interagir com os artistas...
Essas coisas de sessão pipoca...
Vaiar uma cena! Aplaudir a declaração de amor! Contar piadinhas sobre o gay! Arriscar o final do enredo... Dizer: Eu não disse!
Foi pior que celular tocando em ópera!
Mereceu até uma reprimenda do ator ao final do espetáculo...
Depois de levarem a carraspana, aquela cara de virgem saindo de motel... Olhando pros lados, ressabiados, como se todos olhassem para eles...
E o público incomodado olhava mesmo.
A professora responsável pelo grupo, envergonhada, refugiou-se rapidamente no ônibus que os transportava.
A segunda cena, felizmente não interferiu no espetáculo. Uma “doce e meiga” jovem teve que jogar fora o pacote de pipoca salgada na porta. E entrou reclamando...
A terceira, na fila de ingressos.
Não entendia porque a fila não andava travada por um casal umas três posições á minha frente...
Achei que não encontrassem a carteira de estudante... Essas coisas...
Mas não...
O rapaz apontava e apontava a tela de lugares...
Não resisti e estiquei as anteninhas...
Acreditem no diálogo:
G14 e 16? Disse a bilheteira...
Isso...
A bilheteira marcou a tela e fez a besteira de perguntar: Certo?
Não! Esses dois e enfiou o indicador na tela...
Foi um tal de F14, D12, H18 que eu estava com vontade de pegar uma AR-15...
Ou gritar: ”Água”!
De repente, o alívio...
Esse mesmo! Esse e o do lado...
Pensei: Ufa! Afundaram o destroyer...
Posso imprimir? Disse, com ar de arrependimento, a bilheteira...
Pode...
Enquanto aguardava mais um pouco chegar nossa vez, fiquei conversando
com meus zíperes sobre a intenção séria da lei que obrigou a numeração dos lugares nos espetáculos teatrais em São Paulo...
O legislador se esqueceu que nem todos jogaram batalha naval ou estudaram gráficos cartesianos na escola...
Ao chegar nossa vez, não resisti e perguntei à moça:
Afinal, os jovens escolheram qual local?
G14 e 16?
Mas...
Isso mesmo... E o senhor, qual lugar quer?
Tirei os óculos, franzi a testa e ameacei enfiar o dedo na tela...
Juro que bilheteira riu antes de mim...
Só para terminar a pantomima, havia duas entradas para a platéia.
Uma para o lado par e outra para o lado ímpar...
Adivinhem por qual porta o casal entrou?
Elementar, meu caro Watson!

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