SERVIÇOS PUBLICOS UM ESTREICE

Quer se estressar? Precise de algum serviço público...
Pode escolher...
Telefônica, Eletropaulo, SABESP, COMGAS...
O melhor a fazer é se fazer de surdo... Mas, aí como ouvir aquela musiquinha irritante que surge após você teclar oito se for cliente, cento e vinte se estiver com problema, como se alguém que não fosse cliente e não estivesse com problema fosse ligar para algum desses órgãos?...
O áudio sexo seria muito mais interessante, acho...
Quando você consegue finalmente ser atendido escuta:
“Esta conversa está sendo gravada para segurança... Marjorie Aparecida, em que posso ajudá-lo?”...
Às vezes, esqueci porque ligara, mas desta feita, não...
“Por favor, preciso confirmar alguns dados... CPF, RG, nome completo do titular da linha...”
Que linha?... Aí não é a ELETROPAULO?
“Ai!! desculpe-me... O senhor ligou certo, sim, mas é que eu trabalhava na Telefônica...”
“Aguarde um momento, por favor...”
Ao fim do terceiro movimento de uma das árias de Rachmaninoff interpretada por Mano Soul, Marjorie Aparecida retorna...
“Obrigado, por ter aguardado... Infelizmente tenho que informar que não poderemos executar o serviço, porque nosso sistema registra que consta que o senhor está em débito referente ao mês de ” (O excesso de “quês” é substituição ao gerundismo)
Ao michê da mãe, já me vêm à cabeça, mas resisto...
Impossível, estou com todos os pagamentos em dia... E estou sem gás...
(Senhores, reparem meu estado!!!... Eu estava ligando para a Eletropaulo...)
Marjorie Aparecida replica com aquela monocórdica e doce voz, característica de quem tem absoluta segurança de não saber o que está lendo: “O senhor pode enviar um fax para nós, e retornar a ligação 48 horas após acusarmos o recebimento, registrar o pedido que em até 72 horas efetuaremos os reparos, dentro das possibilidades técnicas...”
Mas, como mandar o fax, se justamente, estou sem lux... E faço débito em conta...
“Então entre em contacto com o seu Banco...”
Repliquei: “Onde já se viu (ou foneticamente semelhante)” ... Bancos não fazem reparos elétricos, nem cortam energia, apenas nos explodem cobrando extorsivas tarifas por respirarmos dentro da agência...
“Lamento senhor, são normas da empresa... Algo mais que possa ser útil?...”
Mas, a senhorita ainda não foi útil... Pretende ser?
“Lamento, senhor, são normas da empresa... Algo mais que possa ser útil?...’
Claro... A senhorita poderia me responder algumas perguntas:
Marjorie, toda solícita: “É claro...’
Preciso saber onde a senhorita mora, se tem energia elétrica funcionado para eu ir até lá jantar, tomar banho, assistir televisão, essas bobagens...?
Majô (somos quase íntimos) já está sem paciência e interrompe:
“A COMGAS agradece sua ligação...”
E eu estou sem gás desde o dia doze porque o idiota sistema da COMGAS não acusa o recebimento de pagamento feito através de débito em conta...
Mas, vou descobrir o telefone da Marjorie (o nome não é fictício) e saber se ela faz massagens “antiestreice”...
Onde já se viu?... No “braziuuuuuuu varaemnós;”...