28 novembro 2007

CONFRATERNIZANDO

Não são muitos, mas já suficientes os agendamentos de datas para confraternizações de final de ano...
Vem aquele telefonema dos amigos do clube da Peteca que foi campeão interzonal em 1985.
Depois, o jantar dos amigos da associação da Vila Qualquer Coisa...
Se você participar de algum grupo de terceira idade, tem o almoço no self service...
E tem de ser baratinho...
Às vezes, até o padre comparece, se não tiver que pagar, é claro...
Trágico é ser convidado para algum churrasco de confraternização regado a pagode... E tome cerveja quente, refrigerante segunda linha – os de primeira já são sofríveis –ou ainda caipirinha de vodka de R$ 5,00... Uma delicia para sua ranitidina...
Agora, o mais constrangedor é a infalível festa de confraternização de empresas...
Se tiver amigo secreto, oculto ou qualquer nome que se dê a troca de presentes, é muito pior...
Começa que democraticamente, um chefe escolhe a data a seu bel prazer...
Ele já se desviou de todos os compromissos... E provavelmente só vai ficar um pouquinho na festa, afinal é homem de compromissos e precisa se encontrar com alguém...
E festa de confraternização é excelente desculpa em casa...
Às vezes, nas duas...
Aí, começa o drama...
Pode ir acompanhante ou não?
Se não puder não vou, vão logo choramingar os que tem acompanhante ciumento...
Se puder quem não vai sou eu... É arriscado...
Um acompanhante pode se estranhar, ou se engraçar, digamos com outro acompanhante... Aquela caipirinha de vodka – lembram-se dela – às vezes tem efeito devastador... Cura até miopia e mau hálito...
Um perigo...
Como a festa é democrática, são convidados do gerente geral ao rapaz que faz limpeza na sala de manutenção da máquina do elevador...
Está certo que ficarão sentados bem distantes um do outro...
Cada macaco em seu galho... E o pessoal das classes menos abastadas da empresa são discretos... Ficam na sua... Acham até a cerveja quente uma delícia...
Afinal, naquele dia não precisam do vale coxinha para bater um rango, forrar o estômago...
Vão até esnobar o pasteleiro do ponto de ônibus...
Mas, não vão esquecer aquelas broncas que levaram e os bons dias que não receberam...
Aí, vem a hora do amigo oculto... Melhor se ocultar, mesmo...
A telefonista sorteou o coordenador de assuntos estratégicos...
Que bom... Exatamente o que eu queria... Um CD de funk do “Mato a Pau...”
Esse rapper é dez...
Claro que ele já garantiu o presente do filho mais velho da diarista de sua casa...
Eu adorei esse top lilás... Combina exatamente com minha calça fusô laranja...
A secretária do chefe teve mesmo bom gosto para presentear a moça do café do turno da noite...
Micos à parte, as confraternizações deveriam ser feitas em qualquer época do ano, menos ao final...
Afinal, temos de correr para fazermos as compras nas Av. Mars 25th, Orient, Mary Marcolin e outras regiões das altas griffes chinesas que exploram bolivianos em São Paulo...
Temos ainda de levar as crianças para ver os enfeites do Shopping, participar da festa de final de ano da escola deles...
Ver a mega-super-hiper árvore da Prefeitura...
Que é igualzinha do ano passado...
Só muda o patrocinador...
Fora os compromissos de família...
Visitar a tia Lindinha, que já está com 90 anos e nem vai lembrar que fomos lá...
Mas pode nos incluir na herança daquele terreno em Ilha Comprida...
Você teve o ano inteiro e nem lembrou que ela existia...
Enfim, meus sábados já estão cheios...
Estarei disponível apenas terça feira, das 14h as 17.30h, às segundas feiras das 19h até antes da novela...
Ah! Quinta pela manhã, dá...
Verifique se a sua festa se encaixa em um desses horários antes de me convidar, para não ficar com aquele aspecto que desprezei o seu evento...
Teremos o ano que vem inteiro para nos confraternizarmos...
Se nossos compromissos deixarem que nos lembremos que existimos...

Um comentário:

Enio Luiz Vedovello disse...

Não vai agendar participação em nenhuma das dezenas de festas da falsidade?

Uma sugestão, não mande o texto nos e-mails, mande o título e o link para o post.