Gegê... Este ano não quero presente.
De que você está falando?
No mês que vem eu faço aniversário, mas não precisa
comprar nenhum presentinho para mim.
Pina! Nem tinha pensado nisso.
Não!?
Ainda... Agora que você me lembrou, vou pensar no
assunto.
A senhora tinha esquecido do meu aniversário?
Não, Pina! Apenas não tinha me lembrado ainda. E você
sempre faz uma confusão com a data do seu nascimento. Diz que nasceu num dia,
mas foi registrada em outro.
Verdade, Gegê! Você não acredita nunca.
Acho que é só para ganhar dois presentes. Ainda bem que
este ano não quer ganhar nenhum.
Gegê! Não é que eu não queria, mas pode ser perigoso.
Temos que nos cuidar...
Perigoso? O que tem de perigoso num presente de
aniversário para uma empregada doméstica?
Empregada doméstica? Eu não era sua secretária do lar.
É, Pina! Mas na Carteira de Trabalho é empregada
doméstica. É parecido com sua data de nascimento.
Que confusão!
Pina! Desembucha logo... Qual é o perigo no presente de
aniversário?
Gegê! Você sabe que eu fico escutando o rádio o dia
inteiro?
Sei! Você para de trabalhar para escutar.
Não consigo fazer duas coisas ao mesmo tempo. Nenhuma sai
direito.
Ai! Pina...
O moço do rádio falou
que um homem mandava presente todo mês para um outro.
E o que tem isso de
mais?
Os dois foram presos. O moço do rádio disse que os presentes vinham de dinheiro roubado...
Os dois foram presos. O moço do rádio disse que os presentes vinham de dinheiro roubado...
Meu dinheiro não é
roubado, Pina! É suado...
Já pensou, Gegê... Polícia
Federal na porta às seis da manhã. A gente aparecendo na TV? O que vão pensar
de nós.
Você está ouvindo muita
notícia de política. Comece a escutar uma emissora que toque música.
Eu coloco, a senhora
manda trocar.
Aquelas músicas não dá,
né, Pina. A vizinhança pode reclamar...
A senhora tem razão.
Algum vizinho pode me denunciar, a Polícia vem aqui, revista a casa, encontra
meu presente e eu sou presa.
Por que você seria
presa?
Porque eu não tenho
advogado e a senhora tem.
Ai... ai... ai... ai...
ai... Pina, pare de me enrolar.
Se eu for presa, vou
mofar na cadeia, sem nenhuma visita... A senhora vai me visitar na cadeia?
Claro que não...
Claro que não...
Está vendo só...
Pinaaaaa.... Para...
Você não será presa.
Tem certeza?
Claro que tenho.
Gegê... Estou pensando
melhor...
Pina pensando, perigo chegando...
Diga logo, que a bacia de roupas está esperando na lavanderia.
Acho que a senhora pode
me dar um presentinho de aniversário. Uma lembrancinha... Qualquer coisinha...
Eu sei que a situação está difícil para todos nós.
Pina! Pode parar o
discurso... Seu presente já está comprado...
Já?
Já...
A senhora lembrou de
mim? Que maravilha! O que é? O que é?
No dia de seu
aniversário você verá...
Perfume da TV?... Roupa
daquele brechó chique?... Rasteirinha outra vez?...
Pinaaaaaaa! Vai lavar a
roupa... Vai... Vai...
Calma, Gegê... To
indo... E prometo que não escuto mais essas notícias.
Ai... ai... ai... ai...
ai... Pina... Pina...
Piiiiinaaaaaa!....
Abaixa esse volume... Para de cantar!... Troca de estação...
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