19 janeiro 2012

ELIS - A FALTA QUE ELA ME FAZ

Quase tudo já se falou sobre Elis Regina...
Exceto da falta que ela me faz.
19 de Janeiro de 1982, estava exatamente sobre a ponte pênsil de São Vicente, quando ouvi, sem maiores avisos: “Elis morreu”...
Freei o carro e travei-me...
Rápido, a idéia: “Ela não podia fazer isso”...
Morrer aos trinta e seis anos...
Como Marilyn...
Elis não tinha esse direito...
Havia muitas músicas para gravar...
Muitos compositores para lançar...
Muito a apimentar o mundo...
Lembro-me de frases marcantes de Elis...
Uma vez ela disse que parara a terapia para dar uma folga para a terapeuta...
Tinha razão!
Às vezes é preciso dar folga para os outros...
Mas não era o caso...
Elis dava prazer como seu canto...
Outra frase de Elis: “As pessoas se esquecem de dizer eu te amo...”
E não custa nada...
Não adianta dizer-lhe agora... Ela não vai ouvir...
Elis não tinha o direito de abandonar seus fãs amantes sem prévio aviso...
A gente tinha que se preparar...
Fazer uma terapia...
Por mais que escute as músicas de Elis, elas parecem sempre novas...
Aquela voz, que brincava com as notas musicais, não morre...
Felizmente...
È só fechar os olhos e ela parece ali fascinando, querendo a volta do irmão do Henfil, homenageando as Marias, levando-me de arrastão a tamborilar os dedos e acompanhando-a, esperando que ela fosse sair de dentro do CD e cantar só para mim, levando-me num trem azul, tirando-me o medo de amar e ser livre...
Elis você tinha que avisar a gente...
Você que cantava toda mistura de ritmos, bagunçou tudo na nossa cabeça com a sua ausência...
Embora nestes trinta anos tenham surgido excelentes cantoras com vozes maravilhosas o espaço de Elis é insubstituível...
Olho para meus CDs e fazer o quê?...
Numa repetitiva overdose de tantas madrugadas, ouço mais um, na esperança que entre uma música e outra, Elis apareça com outra frase surpreendente...
Ela não aparece...
Entretanto, nunca irá desaparecer...

Um comentário:

Zaymond Zarondy(ZZ) disse...

parabéns pela crônica. ficou 10.