12 janeiro 2012

REVEILLON NA PRAIA

Alerta: Qualquer semelhança deste texto com fatos reais significa que o autor atingiu sua meta. Este relato acontece em tudo que é cidade do litoral.

Réveillon! Oba!
Vamos a La playa, oh! oh! oh! oh! oh!
Atentem para a diferença!
É narrativa do réveillon.
Fosse Natal seria ho! ho! ho! Apenas três ho!
Réveillon na praia é uma delícia. Aquele marzão... Sol... Praião... Tudo maravilhoso em nossos planos...
De repente, muito mais que de repente chega aquele monte de gente...
Os turistas...
Esse ser estranho no qual os humanos se transformam quando saem de seu habitat.
Um caso científico a ser estudado.
O que é o turista de réveillon?
Dirão rapidamente... Turista é aquele contribuinte que será esfolado nos preços das diárias de hotel, apartamentos de aluguel, restaurantes, ambulantes.
As prefeituras os esperam com todo carinho.
Preparam shows de cantores sertanejos – conhecidos ou não, de bandas absolutamente desconhecidas, provavelmente, a serviços de médicos otorrinolaringologistas especializados em surdez.
Claro! Gastarão em cerca de dez minutos de fogos de artifícios a verba que poderia ser destinada a compra de material escolar, medicamentos. Mas, o turista nem perceberá esse detalhe.
Réveillon não é hora de pensar nessas coisas. De mais a mais, ele estará mais preocupado em descobrir onde comprar mais cerveja, pois as três dúzias de latinhas que começou a beber as oito da manhã estão terminando.
Ele não tem culpa da Prefeitura não haver providenciado latões para recolher as latinhas. Diga-se de passagem, não tem mesmo... Então, fazer o que? Deixar as latinhas pela praia.
Quase meia noite!
Viva!
Hora dos fogos de artifício.
Alguém já definiu bem o que são os fogos de artifício: Algo que explode e fica fedendo.
Seria bem mais econômico e ecologicamente correto, se todos ficassem soltando puns na praia, ao invés de queimar-se verba pública.
Os cachorros ficariam menos assustados com o barulho.
Barulho! Barulho! Barulho!
Por que quase todos adoradores de funk, acham que a população inteira tem que ouvir? Passei a madrugada toda escutando carros tunados desfilando pela avenida.
Quero ver quem dirá que meu mau humor matinal foi sem razão.
Piorou, quando resolvi andar pela praia.
Pobre Iemanjá! Quem disse que ela queria aquele monte de flores? Devolveu tudo. Junto com garrafas de uísque vagabundo, garrafinhas de vodka – inteiras ou em caquinhos, garrafas pet e preservativos.
Tudo espalhado pela areia, onde as, ainda hoje inocentes, crianças, e talvez futuros bárbaros, insistem em brincar de castelinho.
Aliás, eu que jurava ter certeza fosse o homem descendente dos macacos – até pelas macaquices praticadas durante as “festividades de confraternização”, passei a raciocinar se, na verdade, não descendemos do porco.
Com certeza, não! Porcos são animais limpos. Cobrem-se de lama para proteger a pele.
Não posso afirmar convictamente se as pessoas estiradas pela areia, na manhã do dia primeiro eram “madrugadores”, conscientes dos males causados pela radiação dos raios solares, bronzeando-se antes das dez horas ou mero rescaldo da noite anterior, pela aparência em cacos da maioria. Mais cacos que eles somente os de garrafas deixados na areia.
Para felicidade geral dos moradores da cidade, neste ano o réveillon foram apenas dois dias de caos.
Poderia ser pior.
No ano passado emendou quinta, sexta, sábado e domingo.
Parece absurdo, mas alguns vizinhos, que puderam abandonar a cidade, procuraram refúgio lá em São Paulo para ter um pouco de paz.
Feliz ano novo aos sobreviventes de mais um réveillon na praia.
Ao trabalho para pagar o IPTU e sustentar o próximo.

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