07 janeiro 2010

EU, MANEQUIM DE ACADEMIA?

A falta de respeito de minhas roupas em não me aceitarem mais dentro delas fez-me tomar algumas atitudes.
Aliás, se dependesse da opinião do médico, após refazer-se do susto, ao ver meu exame de sangue e calcular meu IMC (Índice de Massa Corpórea), eu teria que tomar muitas atitudes.
Após ouvir diversas ladainhas aconselhativas sobre os males do sobrepeso e ver negado meu argumento de que o problema com o IMC não era o excesso de gordura mas a falta de altura, tomei decisões firmes.
Comecei pelas mais simples, é óbvio.
Lancei um ar de desprezo àquelas roupas que, de tão apertadas, faziam-me parecer um toureiro espanhol. Digamos melhor, plagiando João Ubaldo: Parecia mesmo era um provolone.
Ia jogá-las fora, mas achei um desaforo separar-me de calças e camisetas que são companheiras de tantos anos. Já sabem inclusive onde se dependurar, para aonde vamos.
Conversei com elas, consolei-as prometendo que o afastamento será breve. Depois dobrei-as amarrotando-as com delicadeza e coloquei-as num canto da gaveta.
Mãos à obra.
Primeira descoberta.
A gente engorda, mas os pés não.
Meus tênis continuam o mesmo número. Só tive que colocar um cadarço maior para amarrar.
Comecei os treinos com caminhada pelo quarteirão.
Sabem que não achei o trânsito tão lento assim. Para me incentivar, resolvi apostar corrida com um ônibus, que não sou cachorro para correr atrás de carros. Cheguei ao semáforo (farol ou sinaleira, dependendo de onde o leitor more) junto com o ônibus. Cem metros e cinco minutos após.
Quase chamei a atenção do motorista pelo excesso de velocidade.
Ia parar na padaria para pedir um copo de água, mas lembrei-me de um conhecido que engordou três quilos com duas semanas de treinamento.
Havia dois bares nas diagonais do quarteirão onde ele morava, onde latinhas de cerveja repunham os sais minerais perdidos no suor do treino.
Venci incólume a vontade de imitá-lo.
Cansado de apostar corrida com ônibus e para ter a impressão de maior velocidade passei a caminhar na contramão do trânsito. Estava me animando, mas fiquei envergonhado quando fui ultrapassado duas vezes no mesmo dia.
Primeiro passou por mim uma babá empurrando um carrinho de bebê.
Depois uma senhora de uns setenta anos puxando um carrinho de feira cheio ousou ultrapassar-me.
Gente desaforada.
Resolvi parar de prestar a atenção no que estava ao meu redor e comecei a olhar para os prédios.
Erro fatal.
Descobri que no quarteirão de casa há uma academia, dessas envidraçadas com pessoas pedalando bicicletas e esteiras sem sair do lugar.
Ainda bem que não saem do lugar ou cairiam todos do primeiro andar.
Reparei que não havia ninguém com meu porte físico na vidraça ou vitrine, como quiser o leitor, da academia.
Só pessoal “sarado”, colants apertadíssimos, camisetas machão sem peitinho.
Meu anjinho da guarda e o diabinho malas-artes se ouriçaram e em uníssono disseram: Vai lá!
Reagi com firmeza: Peraí! Vocês concordando em algo? Boa coisa não vai sair.
Atropelaram-se para explicar e decidi ouvir primeiro o anjinho.
Pode falar “de asinhas”.
Animado, me sugeriu: Entra na academia e se matricula num programa de treinamento. Ficará com um corpinho igual ao do pessoal que está na vitrine.
Em quanto tempo?
Depende de sua força de vontade.
Porque devo ir lá, “do Rabinho”?
Para ver as mocinhas de outro ângulo.
Enquanto fico no impasse de entrar para uma academia, que sempre rejeitei, mudei o trajeto.
Assim não me distraio, nem me frustro vendo o pessoal na vitrine.

2 comentários:

Anônimo disse...

Dá até medo de não te reconhecer na rua! :)))

Miriam de Sales disse...

Faça como eu:quem tem q/se preocupar se a roupa vai caber em mim é a loja q/me vende.
Numa dessas suas corridinhas porque n/vai me visitar no meu blog,preguiçoso!? bjks