23 setembro 2007

DIA MUNDIAL SEM CARRO

Em outras épocas, fui um pedestre. Já fui ciclista... Hoje sou hexápode (duas pernas e quatro rodas)... Acho curiosas essas ações de dia sem tabaco, dia sem carro, dia sem álcool. Como bom braziuleiro, estou mais acostumado aos atuais dias sem governo e de há muito, dos dias sem dinheiro... Sempre falta quase um mês para que eu tenha dinheiro no dia seguinte ao pagamento... Até a gasolina tem de ser comprada no cartão...
Enfim, no dia 22.setembro (véspera do equinócio, que nada tem a ver com equinos) suspeito que fabricantes de bicicletas e tênis ou mesmo sandalinhas, resolveram que era o dia mundial sem carro... Pode ser movimento de algum grupo de meio ambientalistas ou ecochatos inteiros...
Espero, sinceramente, que a população da Namíbia, do Alasca, do Turguistão ou do Saara Ocidental tenha aderido... Nesta última, tenha poupado os camelos...
Em Porto Alegre, caiu um dilúvio que os carros não saíram mesmo... Só não entendi porque no telejornal, disseram que as atividades tiveram de ser canceladas... Ora, o objetivo tinha sido alcançado... Era impossível sair-se de casa de carro ou de qualquer outro modo...
Eu que, particularmente, aos sábados não saio de modo algum durante o dia, pensei comigo, hoje é um dia excelente para sair de carro... Como o braziuleiro é um adesista, tipo PMDB, vai haver menos motoristas nas ruas... Vai todo mundo para o Ibirapuera, Avenida Paulista ou Minhocão de bike, de skate, de velocípede... Eu vou de carro para fora de São Paulo, até para evitar que algum ciclista risque a pintura da porta de meu carrinho do século passado... Sabem que eu ainda não tive a oportunidade, digo dinheiro, de comprar um carro deste século...
Ledo engano...
Calculo que 120% dos motoristas paulistanos pensaram a mesma coisa... Suspeito que até o pessoal dos confins da Zonas Leste e Sul pegaram suas bicicletas e vieram pedalar no Ibirapuera... Com as bicicletas em cima dos carros velhos e fumacentos, é claro...
Eu só queria sair de São Paulo... O congestionamento começou surpreendentemente logo ali no semáforo da esquina... Coisa rara... E prolongou-se até a Marginal do Tietê, quase perto do templo sagrado da Fazendinha e liberou o geral na Dutra, quase uma hora após eu sair de casa... Pasmem, a Dutra não estava congestionada, após Guarulhos...
Neste percurso, sem novidade, quase fui abalroado por um motociclista... Pensei, mas não era o dia sem carro... Não valia para motos também?...
Espero sinceramente que esses movimentos parem... São Paulo e o mundo todo precisam mesmo é tomar consciência que precisamos, sim, de melhor transporte público, de trens, de ciclovias seguras, de gasolina bem cara, do fim dos consórcios e financiamentos de 60 a 72 meses para que os banqueiros e financeiras enriqueçam com o sonho de consumo de trocar o ônibus cheio pelo carro parado...
E ônibus é bem mais seguro... Quantas pessoas são assaltadas e assassinadas em ônibus parados no semáforo... Está certo que no Rio de Janeiro, às vezes, os traficantes incendeiam alguns...
É muita hipocrisia...
Finalmente, o farol abriu e vou terminando... Vai pedalando aí, que você me alcança no próximo farol... Suado, gotejante, sedento e fazendo exatamente o que não se deve fazer neste clima de deserto que estamos sofrendo cá nas terras de além mar... Mas, como sempre, alguém decidiu que você devia fazer e você fez...

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