Houve tempos de terror
O medo era rotineiro
Noites de pesadelos e temor
De tornar-se prisioneiro
Respirava-se o rancor
Perigoso e traiçoeiro
Poemas do compositor
Censurados por inteiro
Não se ouvia o trovador
Escondeu-se seresteiro
Sem palavras, o escritor
Foi embora pro estrangeiro
Proibido cantar-se a flor
Pisotearam o canteiro
Muitas lágrimas e dor
Nos porões do cativeiro
Gritou no portão o mensageiro
Trago notícias do professor
Pra esperar o companheiro
Comprei champanhe e licor
Continua o mesmo sonhador
Um perfeito cavalheiro
Fez-me um elogio lisonjeiro
Trouxe bombons e uma flor
Não perdeu o bom humor
A malícia e jeito galhofeiro
O sorriso encantador
E o sotaque bem mineiro
Perguntou do velho cobertor
Cheirou o seu travesseiro
Entreguei-me sem pudor
Como fosse meu posseiro
No fundo é mesmo meu senhor
Meu defensor e escudeiro
Atento anjo protetor
Rei do nosso tabuleiro
Ouça, meu bravo guerreiro
Fiz estes versos em seu louvor
Só lhe peço, por favor
Fica a meu lado, companheiro
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(*) Escrita nos anos 80, apropriado alerta aos dias de hoje.
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