27 outubro 2011

O SEQUESTRO DA FILHA DA SECRETARIA ELETRÔNICA

Alô! Você ligou para 5081-XYXZ. Mansão do Pedrão. Após o sinal deixe seu recado, que retornaremos – proposital a cruel dúvida: retornaremos de algum lugar ou retornaremos a ligação? - assim que pudermos ou ligue para meu celular - se for alguma coisa importante, a pessoa terá meu número.
A secretária lá de casa atende mais ou menos assim as ligações quando não estou ou não quero atender. Viva o B Identifica Número de A.
Tenho que confessar que eu acho que é assim.
Tem muito que na frase anterior? Não gostou, vá a Delegacia e faça um Boletim de “Oqueorrência”.
Eu ia dizendo que não se exatamente o que minha secretária eletrônica responde quando é incomodada.
Deve ser porque não ligo para ela.
Confesso: certa época eu ligava muito, para não me esquecer de algo. Deixava alguns recados para mim, como não “se esqueça de pagar a conta do telefone”.
Juro que sempre escuto as mensagens e retorno quando é algo importante.
Hoje, encontrei minha secretária quase em pânico.
Piscava desesperadamente.
Corri para ouvi-la.
A fita fazia fita.
Dizia, com voz de medo: Mãe! Mãe! Responde, mãe! Fui assaltada! Me ajuda! Me seqüestraram!
Breve silêncio...............
...................................................................
Dona! Seqüestramos sua filha! Responde, dona! Vamos matar sua filha!
Toin...toin...toin...toin...
Claro que o esperto leitor já deve ter concluído o lógico. Tratava-se daqueles telefonemas onde bandidos assustam familiares dizendo que seqüestraram seus filhos.
Estou acostumado a esse tipo de ligação.
Certa noite “meu filho” telefonou as três da matina dizendo que estava sendo seqüestrado. Ele jamais me ligaria às três da manhã. Cortaria sua mesada se fizesse isso. E as baladas acabavam geralmente as quatro.
Noutra madrugada, novo seqüestro. Minha filha. Mandei que a matassem, pois ela me enchia a paciência. Além disso, não tenho filhas.
Em outro seqüestro, voz convincente. Quase cai na esparrela, não estivessem meus filhos viajando fora do país.
A ameaça recebida hoje causou indignação com a queda da qualidade do seqüestrador. Será que o Sindicato dos Seqüestradores não tem um curso de qualificação profissional?
Eita, bandido burro! Não sabe nem conversar com uma secretária eletrônica. Poderia ter ameaçado mais. Dizer aonde eu deveria levar o dinheiro do resgate. Para eu não chamar o CSI. Não ligar para o 190. Ao menos deixar um telefone para retorno. Algo assim, não acham?
De outra parte, o telefonema deixou-me encafifado. Minha secretária parece ter ficado muito preocupada com o recado.
Será que a “filha seqüestrada” seria mesmo a minha? Ou será que a minha secretária terá mesmo uma filha que eu desconheço?
Nestes tempos de modernidade, nada surpreende. Espera-se qualquer coisa.
Estou desconfiado!
Será que a minha secretária terá tido um caso nessas conduítes da vida? Com o cabo da antena de TV, da TV a cabo, do alarme.
Sei não!

24 outubro 2011

ADOTE UM CÃO E LEVE UMA CRIANÇA

Dirão cobras e lagartos.
Texto sem pata nem focinho.
Voltas em torno do rabo.
Claro que gosto de animais.
Tenho a pata atrás com certa raça bípede e mamífera.
Chegada a uma ditadura.
Sou contra todo tipo de ditadura.
Inclusive a dos cães abandonados.
Quem adota um?
Dei uma volta pela cidade.
Vi umas filas.
De pobres e abandonados.
À porta do Posto de Saúde.
Não eram cães.
Talvez tratados pior que os cães da fila da tosa.
Todos prosas.
Quem não quer tomar banho e tosar a barba não entra no albergue.
Dorme sob o Minhocão.
Um cão comia restos de cachorro quente.
Sob o sol quente, crianças mendigavam.
À espera de adoção?
Sem qualquer chance.
Já adotados pela miséria, sem esperança
Deu na TV: Tosador descuidado mata cachorro.
Proíbam-se os “mata-cachorros”.
Pega! Pega! Morde o motoqueiro.
Pega! Pega o filhote no colo.
Uma gracinha!
É castrado!
Castrado o destino dos mal nascidos.
Nos berços da vida.
Nos corredores do SUS.
É sem sentido?
É sem sentido.
Canil é orfanato de cachorro?
Alguns cães são como crianças para muitos.
Muitas crianças queriam ser tratadas como alguns cães.
Atenção!
Promoção!
Quem adota uma criança?
Leva um cachorro de brinde.
Quem adota um cachorro?
Leva uma criança de brinde.
Leva, vai!

19 outubro 2011

FIAT LUX

DIVAGAÇÕES ILUMINADAS



Hoje quase entrei em estado de choque.
Queria escrever um texto e pus-me a matutar à busca de uma idéia luminosa.
Oh! Raios!... Porque me falham, conexões cerebrais? Onde estão vocês, neurônios? Melhor consultar um neurologista. Posso estar com um axônio com defeito químico na sinapse.
Eu, que sempre diziam estar ligado em duzentos e vinte, talvez esteja com algum plug desligado.


Esperem um pouco. Preciso ter uma conversinha com o corretor automático de textos.
“Se liga, meu! Pare de corrigir para plugue. Em meados do século XX era plug mesmo. De mais a mais o plug é meu, eu escrevo como eu quero. Se continuar grifando meu texto, eu lhe desligo”
Essas máquinas!
Continuando...
Puxando pelo fio da memória, imagens surgem lentamente como nas velhas televisões valvuladas.
Algumas notícias tristes.
Lembrei-me da história do Nélson, um rapaz tamanho guarda-roupas, que trabalhava com manutenção de elevadores. Deve ter conectado o vermelho no amarelo, quando era para conectar o preto no branco e foi lançado ao fosso. Felizmente estava apenas no segundo andar e não veio (ou foi) a óbito. Entretanto, o deslocamento de ar e o barulho levaram parte de sua audição.
Em outra situação, perdi um aluno. Empinava pipa e tentou desenganchar uma do fio com uma barra metálica. A descarga foi fatal.
Um terceiro caso nunca foi muito claro.
Diz a lenda que um casal estava no escurinho, fazendo sei lá o que. Não era no cinema, nem chupavam dropes (no meu tempo era drops) de anis, que nem a Rita Lee. De repente, como em outra música: A lâmpada acendeu...
Que foi grilo falante? Como você é chato! Se liga, mano! Qual o grilo desta vez?
Ah! A música era “... a lâmpada apagou....”
Sei lá! O fato é que a lâmpada acendeu, o marido apareceu e encheu o rapaz de porrada.
Está muito trágico? Parecendo aqueles programas de fim de tarde?
Para iluminar seu sorriso, lembrei-me de uma historinha singela.
Bem light...
Um menininho assistia a um filme no cinema, quando um black-out (prefiro o estrangeirismo a esse neologismo do apagão) apagou (ou blequeteou?) o bairro. Inocentemente, o garoto perguntou à mãe se iriam passar o filme a vela.
Engraçadinha, não?
Algo mais sério?
Minhas linhas de transmissão levam-me às usinas energéticas.
Itaipu... Furnas...
A quantidade de pessoas em cargos dos Conselhos de Administração dessas estatais não lembra uma árvore de Natal cheia de penduricalhos, enfeites e estrelinhas, entre pisca-piscas coloridos?
Por essa luz que me ilumina: Disse algo que não devia?
Que foi desta vez, grilo? Ainda troco você por um vaga-lume falante.
Ah! Eles preferem ficar longe dos holofotes?
Melhor homenagear alguém? Mais seguro?
Já sei!
Ninguém melhor que Thomas Edison.
Oh! Iluminado descobridor (e não inventor) da energia elétrica. Você merece todas as homenagens e loas. Foi o grande transformador do mundo. Sua descoberta, depois da roda, a maior de toda humanidade. Sem ela, quase nada seria possível. Basta-nos abrir os olhos e veremos quantas coisas o ser humano pode desenvolver com sua descoberta....
Epa! Que foi isso?
A lâmpada piscou...
Será que dará tempo de terminar o tex...

10 outubro 2011

LIDER TAXI - DESRESPEITA DEFICIENTE VISUAL

Divulguem e boicotem a TAXI LIDER

Nota publicada no
Jornal o Estado de S.Paulo.

Érsea é vice-presidente do Instituto Iris, onde presto trabalho voluntário.


TAXISTA SE NEGA A TRANSPORTAR DEFICIENTE VISUAL

Sou deficiente visual e me locomovo com a ajuda de meu cão-guia. Embora exista uma lei que garanta o meu direito de ser transportada com ele em veículos públicos e privados, muita gente ainda insiste em desrespeitá-la. Em 15/9, por volta das 22 horas, liguei para a Líder Táxi solicitando um carro. Quando o taxista chegou ao local solicitado, negou-se a fazer a corrida e disse: "Animal dentro do meu carro, nem pensar". O motorista arrancou com o veículo ainda com a porta aberta. Naquele momento, eu estava apoiada na porta e, por pouco, não fui jogada ao chão. No ano passado, tive o mesmo problema. Fiz uma reclamação na Líder Táxi e, desde essa época, quando ligo de meu celular, nunca há um carro disponível. Novamente telefonei para reclamar, mas a ligação só chamava. Porém, ao ligar de outro telefone, fui atendida já no primeiro toque. A atendente justificou dizendo que "infelizmente, não dispomos de veículos adaptados para o transporte de passageiros com cão-guia". Ora, não é preciso nenhuma adaptação para fazer esse tipo de transporte. O cachorro, além de dócil, é treinado e fica sentado no assoalho do veículo durante todo o trajeto - sem causar qualquer interferência no trabalho do motorista. Além disso, a Lei 11.126/05 assegura ao portador de deficiência visual o direito de ingressar e permanecer com o animal nos veículos e nos estabelecimentos públicos e privados de uso coletivo.

ERSÉA MARIA ALVES / SÃO PAULO

07 outubro 2011

MORRI E NÃO ME AVISARAM

Olá!
Por favor! Alguém fale comigo...
Moço, não finja que não existo...
“Deixa eu” levar fiado!
....................................................
Sabe, gente! São tantas coisas pra gente... Pra gente o que mesmo, Gil?
Ah! Sim... Você colocou no cartão de lembretes...
Cartão?!?!
Arghhhhh....
Cartão, cartão, cartão...
Faz quinze dias que meu cartão do banco foi mastigado pela máquina do terminal e não repuseram. Não posso sacar dinheiro, não posso comprar, não posso nada. Tornei-me um incapaz... Civilmente incapaz... Talvez seja interditado, pois desapropriado já me sinto.
Quero um cartão novo, pedi. Urgente, por favor!
A culpa é da greve, disse meu gerente, que não é meu, mas do banco...
Greve de quem?
Do banco, dos correios, da.... (interatividade aí, leitor).
Tem culpa todo mundo, seu doutor, só não tem culpa eu, que estou “me ferrando-me”.
De Jobin e Vinicius: Eu não existo sem você...
Desliga esse rádio, cáspite!
Nem me venha com a desculpa (culpa... culpa...culpa... ecoa em meus ouvidos) que vão sortear um par de ingressos para o show do Tôfrito e Cuzido para os primeiros que ligarem.
Estou sem telefone há dois dias... Erraram a minha portabilidade...
Quem se importa?
Alô!
Não! Não foi meu telefone que tocou... Foi o orelhão comunitário.
Acho que estou enlouquecendo.
Pelo menos isso... É uma esperança que não tenha morrido...
Sem poder torrar a fortuna de minha aposentadoria, sem receber um telefonema, sem receber uma correspondência – nem que fosse boleto de cobrança - tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu...
Desculpa, Chico!