Que saudade da aurora da minha vida, da escola querida, que acho que nem voltando mais.
Que conta é essa, perguntou a professora?
De mais.
E esta?
De menos. (Se dissesse “menas” era exame, segunda época e reprovação irrecuperável).
E esta aqui, crianças?
De vezes.
E esta?
De dividir.
A professora completou: Como só acertaram, por aproximação, a divisão, dividirei a nota de vocês até aprenderem que a de menos é subtração, de vezes é multiplicação e a outra é adição. Não é demais aprender o nome certo?
Nós custávamos a aprender aritmética. A professora trabalhava muito, passava-nos dezenas de problemas, continhas, expressões, et coetera.
Eu pensei que aprendera.
Mas sabe gente, são tantas coisas que ouço e faz tanto tempo que aprendi... Assim tipo a nível de estou começando a achar mesmo que mudaram a matemática (ou aritmética) junto com a nova ortografia.
Rádio e TV também são educação. Ou não, diria ouvir estrelas. E .ensinam errado, despudoradamente, sem direito a revisão.
Outro dia o spiquer do football protestava que o preço do ingresso dobrara de valor. Aumentara 200%. Não fosse o amor a minha calculadora, presenteada pela madrinha, tê-la-ia defenestrado. Refleti e guardei-a, pois é uma raridade não chinesa.
Consultei um dicionário de matemática. Dobrar significa aumentar 100% e não 200.
Um economista não economizou na análise. Disse que a taxa de inflação crescera 3% menos. Acho que terei voltar para terapia analítica.
Já me assustei com demanda ociosa, paralisei-me ao aumento negativo. Assim, sinto-me diminuído em meus conhecimentos.
Uma pérola? O valor do produto (não era o resultado da conta de vezes) está oitenta vezes menor. Tentei decifrar a conta, mas essa nem pedindo socorro a Dona Graciosa (*)!
Coisa de louco, sô!
“Me solta, enfermeiro. Amarra eles”.
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(*) – Professora de Matemática do Colégio Estadual Brasílio Machado, nos anos dourados da aurora de minha vida, no século passado, que muito me ensinou.
28 janeiro 2011
20 janeiro 2011
DORINA NOWILL - HOMENAGEM DO GRUPO RETINA
Reproduzo o Texto de Marieta Boemel, publicado na Veja Falada e Recanto das Letras, nas vozes de Roseli e Pedro Galuchi.
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Dorina, mestra querida!
Dispensamos, hoje, o tratamento mais cerimonioso.
Receba-nos como humildes discípulos, já que tanto nos ensinaste.
Há pessoas que nascem com maior ou menor brilho.
Tu nasceste com brilho esplendoroso, tão intenso que iluminou não apenas tua existência, mas os caminhos dos que te rodeavam e a vida dos que necessitavam de tua luz para sobreviver.
Libertaste os cegos da clausura; estavas convencida de que o saber era o único caminho a trilhar pelos que pareciam condenados às trevas.
Desbravadora e pioneira iniciaste, a princípio sozinha, a batalha pela possibilidade de aprendizado.
Não havia um único livro em braile quando querias prosseguir os estudos. Iniciaste solitária, a busca do material necessário.
Aos poucos, formou-se um pequeno grupo de colaboradores, embrião da futura Fundação para o Livro do Cego.
Anos mais tarde, mentes brilhantes, numa justíssima homenagem perpetuaram teu nome, renomeando-a Fundação Dorina Nowill para o Cego.
Quantos, desprovidos de visão, nesta fundação, aprenderam a ler, a escrever e a caminhar?
Quantos renasceram após o processo de reabilitação, passando a encarar a vida sob outro prisma, tornando-se pessoas independentes?
Incontáveis os que Brasil afora, se beneficiam dos livros da biblioteca do livro falado e atualmente, do livro digital acessível.
O pequeno grupo que no início se formou foi crescendo; tornou-se uma multidão que conseguias arregimentar com teu carisma, um exército cujo armamento era o conhecimento.
Era a alavanca que conduziria o cego à condição de cidadão, ofertando-lhe, inclusive, oportunidade de trabalho para que sobrevivesse dignamente.
Nós, Grupo Retina São Paulo, somos uma entidade com pouco tempo de existência.
Nosso objetivo é o bem estar dos que enfrentam as dificuldades da gradual perda de visão.
Temos também o compromisso de estar em permanente contato com a comunidade científica para transmitir aos componentes de nosso grupo os avanços da ciência no sentido de combater as doenças da retina.
Buscamos forças, mirando-nos em teus exemplos de pertinácia e perseverança.
Prometemos aqui, inesquecível Dorina, não esmorecer no trabalho a que nos propusemos, buscando ofertar aos que nos procuram o empenho, o apoio e a força mostrando lhes a esperança.
Pregamos otimismo, enquanto aguardamos que a Ciência, um dia traga a solução de nossos problemas e nos encontre bem preparados para uma nova vida.
Seguiremos com nosso trabalho, baseados em teu lema:
“Vencer na vida é manter-se de pé, quando tudo parece estar abalado.
É lutar quando tudo parece adverso.
É aceitar o irrecuperável.
É buscar um caminho novo com energia, confiança e fé.”
Dorina! Perene será tua lembrança!
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Acesse o site do grupo Iris e veja como você pode colaborar para um deficiente visual obter um cão-guia.
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Dorina, mestra querida!
Dispensamos, hoje, o tratamento mais cerimonioso.
Receba-nos como humildes discípulos, já que tanto nos ensinaste.
Há pessoas que nascem com maior ou menor brilho.
Tu nasceste com brilho esplendoroso, tão intenso que iluminou não apenas tua existência, mas os caminhos dos que te rodeavam e a vida dos que necessitavam de tua luz para sobreviver.
Libertaste os cegos da clausura; estavas convencida de que o saber era o único caminho a trilhar pelos que pareciam condenados às trevas.
Desbravadora e pioneira iniciaste, a princípio sozinha, a batalha pela possibilidade de aprendizado.
Não havia um único livro em braile quando querias prosseguir os estudos. Iniciaste solitária, a busca do material necessário.
Aos poucos, formou-se um pequeno grupo de colaboradores, embrião da futura Fundação para o Livro do Cego.
Anos mais tarde, mentes brilhantes, numa justíssima homenagem perpetuaram teu nome, renomeando-a Fundação Dorina Nowill para o Cego.
Quantos, desprovidos de visão, nesta fundação, aprenderam a ler, a escrever e a caminhar?
Quantos renasceram após o processo de reabilitação, passando a encarar a vida sob outro prisma, tornando-se pessoas independentes?
Incontáveis os que Brasil afora, se beneficiam dos livros da biblioteca do livro falado e atualmente, do livro digital acessível.
O pequeno grupo que no início se formou foi crescendo; tornou-se uma multidão que conseguias arregimentar com teu carisma, um exército cujo armamento era o conhecimento.
Era a alavanca que conduziria o cego à condição de cidadão, ofertando-lhe, inclusive, oportunidade de trabalho para que sobrevivesse dignamente.
Nós, Grupo Retina São Paulo, somos uma entidade com pouco tempo de existência.
Nosso objetivo é o bem estar dos que enfrentam as dificuldades da gradual perda de visão.
Temos também o compromisso de estar em permanente contato com a comunidade científica para transmitir aos componentes de nosso grupo os avanços da ciência no sentido de combater as doenças da retina.
Buscamos forças, mirando-nos em teus exemplos de pertinácia e perseverança.
Prometemos aqui, inesquecível Dorina, não esmorecer no trabalho a que nos propusemos, buscando ofertar aos que nos procuram o empenho, o apoio e a força mostrando lhes a esperança.
Pregamos otimismo, enquanto aguardamos que a Ciência, um dia traga a solução de nossos problemas e nos encontre bem preparados para uma nova vida.
Seguiremos com nosso trabalho, baseados em teu lema:
“Vencer na vida é manter-se de pé, quando tudo parece estar abalado.
É lutar quando tudo parece adverso.
É aceitar o irrecuperável.
É buscar um caminho novo com energia, confiança e fé.”
Dorina! Perene será tua lembrança!
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18 janeiro 2011
NÃO SEI SE SOU...
Descobri não ser quem pensava ser, logo deixo meu passado para reencontrar minha família.
Sou ou não sou quem sou?
Se depender de meus avôs, não sou neto deles e sim de outras pessoas que jamais imaginei existirem.
Se os leitores estão achando o texto meio confuso, imaginem a minha cabeça ao descobrir que meus avôs maternos não eram eles e sim... (Ah! coloquem o que quiserem, oh! raios).
Eu que sempre admirei o Vô Mané e a vó “da parede” – não a conheci, exceto pela foto no túmulo – depois de mais de cinqüenta anos descubro que não eram eles.
Acho que minha mãe sempre quis revelar esse segredo. Várias vezes, disse-me que a cegonha me trouxera, encontrara-me dentro de um repolho, numa caixa de sapatos – não! isso foi em Monthy Pyton –, abandonado na porta da igreja.
Não a condeno!
No fundo, talvez tenha morrido sem saber que ela sim não era filha de seus pais.
É provável.
Uma coisa bate fundo em minha dúvida. Meus avôs não eram eles, mas meus bisavôs eram.
Raios! Raios! Raios!
Custei a entender. Mas tentarei explicar!
Tentava a obtenção da cidadania portuguesa.
Se Marisa (não a Tommei, que ganhou o Oscar) é italiana, porque eu não posso ser português? Só porque meu apelido é italiano e meu avô carcamano registrou doze filhos com sete apelidos diferentes?
Pus-me a desvendar a árvore genealógica.
Meu avô Manoel nascera no final do século XIX, num vilarejo cheio de terrinha no continente. Ele e milhares de Manuéis.
Manoel que era bom mesmo, nenhum.
Isso se conserta, dirá o atento leitor.
Respondo: claro! Dá um pouco de trabalho e, de fato, não faz tanta diferença. Difícil está de ensinar o galo. Acostumou-se com o cocorococó e não quer de jeito algum cantar cucurucucu.
Mané pra lá, Mané pra cá foi o de menos.
Quem?
Maria de Lourdes?
Não tem ninguém com esse nome, não!
Tem que ter.
Não tem...
Tem...
Não tem...
Ai! Jesus!
Maria de Jesus tem... Dezenas...
Maria de Jesus era a bisavó.
Tem Maria de Jesus filha de Maria de Jesus.
Um aparte! Não entendo por que minha mãe dizia tanto que queria ser filha de Maria? Será que era para aumentar a confusão?
Oh! Gajo! Veja se a Maria de Jesus filha da Maria de Jesus era filha do Antonio filho do Francisco. Esse Francisco teve um monte de filhos, mas nenhum Mirosmar.
Era!
Outra dúvida paira sobre o enevoado.
Será que meu avô Manalgumacoisa desposou a Maria certa ou casou-se com a mãe dela para livrar-se da sogra?
Dirá o leitor: Que confusão, minha Nossa Senhora de Lourdes...
Lourdes, não! Por favor! Lourdes é na França. E nem remende com Fátima, que ela apareceu depois da confusão.
Averbações para lá, averbações para cá e quase tudo certo, exceto por estar ouvindo vozes.
Deve ser um bate-papo no além. Pedrão conferindo se os Manuéis e Manoéis estão nos lugares certos. Minha avó ele que se atreva a conferir. É de Jesus, xará. Vai se meter com o filho do Chefe? As Marias são todas de Jesus e pronto.
Posso até obter a cidadania, mas aí será que estará correta?
E se a Lourdes e o Manoel existiram e eram espiões? Mudaram de nome para enganarem os agentes da KGB e CIA?
Improvável, pois elas não existiam.
Francamente, não sei mais quem sou.
Nem sei se existo.
Sou um fenômeno da natureza?
Um ET?
Coisa de louco, sô!
“Solta eu”, enfermeiro! Solta! Desta vez, não tenho culpa.
Sou ou não sou quem sou?
Se depender de meus avôs, não sou neto deles e sim de outras pessoas que jamais imaginei existirem.
Se os leitores estão achando o texto meio confuso, imaginem a minha cabeça ao descobrir que meus avôs maternos não eram eles e sim... (Ah! coloquem o que quiserem, oh! raios).
Eu que sempre admirei o Vô Mané e a vó “da parede” – não a conheci, exceto pela foto no túmulo – depois de mais de cinqüenta anos descubro que não eram eles.
Acho que minha mãe sempre quis revelar esse segredo. Várias vezes, disse-me que a cegonha me trouxera, encontrara-me dentro de um repolho, numa caixa de sapatos – não! isso foi em Monthy Pyton –, abandonado na porta da igreja.
Não a condeno!
No fundo, talvez tenha morrido sem saber que ela sim não era filha de seus pais.
É provável.
Uma coisa bate fundo em minha dúvida. Meus avôs não eram eles, mas meus bisavôs eram.
Raios! Raios! Raios!
Custei a entender. Mas tentarei explicar!
Tentava a obtenção da cidadania portuguesa.
Se Marisa (não a Tommei, que ganhou o Oscar) é italiana, porque eu não posso ser português? Só porque meu apelido é italiano e meu avô carcamano registrou doze filhos com sete apelidos diferentes?
Pus-me a desvendar a árvore genealógica.
Meu avô Manoel nascera no final do século XIX, num vilarejo cheio de terrinha no continente. Ele e milhares de Manuéis.
Manoel que era bom mesmo, nenhum.
Isso se conserta, dirá o atento leitor.
Respondo: claro! Dá um pouco de trabalho e, de fato, não faz tanta diferença. Difícil está de ensinar o galo. Acostumou-se com o cocorococó e não quer de jeito algum cantar cucurucucu.
Mané pra lá, Mané pra cá foi o de menos.
Quem?
Maria de Lourdes?
Não tem ninguém com esse nome, não!
Tem que ter.
Não tem...
Tem...
Não tem...
Ai! Jesus!
Maria de Jesus tem... Dezenas...
Maria de Jesus era a bisavó.
Tem Maria de Jesus filha de Maria de Jesus.
Um aparte! Não entendo por que minha mãe dizia tanto que queria ser filha de Maria? Será que era para aumentar a confusão?
Oh! Gajo! Veja se a Maria de Jesus filha da Maria de Jesus era filha do Antonio filho do Francisco. Esse Francisco teve um monte de filhos, mas nenhum Mirosmar.
Era!
Outra dúvida paira sobre o enevoado.
Será que meu avô Manalgumacoisa desposou a Maria certa ou casou-se com a mãe dela para livrar-se da sogra?
Dirá o leitor: Que confusão, minha Nossa Senhora de Lourdes...
Lourdes, não! Por favor! Lourdes é na França. E nem remende com Fátima, que ela apareceu depois da confusão.
Averbações para lá, averbações para cá e quase tudo certo, exceto por estar ouvindo vozes.
Deve ser um bate-papo no além. Pedrão conferindo se os Manuéis e Manoéis estão nos lugares certos. Minha avó ele que se atreva a conferir. É de Jesus, xará. Vai se meter com o filho do Chefe? As Marias são todas de Jesus e pronto.
Posso até obter a cidadania, mas aí será que estará correta?
E se a Lourdes e o Manoel existiram e eram espiões? Mudaram de nome para enganarem os agentes da KGB e CIA?
Improvável, pois elas não existiam.
Francamente, não sei mais quem sou.
Nem sei se existo.
Sou um fenômeno da natureza?
Um ET?
Coisa de louco, sô!
“Solta eu”, enfermeiro! Solta! Desta vez, não tenho culpa.
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15 janeiro 2011
ZELÃO (atualizando S.Ricardo)
Quando Zelão chorou...
Todo morro entendeu
Mas não resolveu
Outra chuva caiu
Encosta escorregou
A casa sumiu
O mundo desabou
A mulher morreu
A criança morreu
A esperança quase...
Tremeu na base
Amanhã passa o luto
Semeia novo fruto
Espera a vida mudar
Tem que melhorar!
Juntar muito cobre
Não ser mais pobre...
Não ter que ajudar
Não ver ninguém chorar
Trovejou de novo
Corre! Meu povo
Levanta a mobília
Protege a família
Corre, Zelão!
Socorre! Zelão!
Zelão! Zelão!
Não morre, Zelão!
Todo morro entendeu
Mas não resolveu
Outra chuva caiu
Encosta escorregou
A casa sumiu
O mundo desabou
A mulher morreu
A criança morreu
A esperança quase...
Tremeu na base
Amanhã passa o luto
Semeia novo fruto
Espera a vida mudar
Tem que melhorar!
Juntar muito cobre
Não ser mais pobre...
Não ter que ajudar
Não ver ninguém chorar
Trovejou de novo
Corre! Meu povo
Levanta a mobília
Protege a família
Corre, Zelão!
Socorre! Zelão!
Zelão! Zelão!
Não morre, Zelão!
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09 janeiro 2011
TUDO É PERMITIDO
Férias...
Verão...
Sol... (não esqueça o protetor)
Cerveja...
Era um domingão (Premê)...
Brasília Amarela (Mamonas)...
Vamos a La Playa?... Oh! Oh! Oh!
Chegamos...
Colocar cadeirinhas, guarda-sol...
Dá licença?
Só um espacinho...
Não pode?
Tem que pagar consumação?
Eu trouxe o frango, a farofa e a tubaína...
Tem que pagar?
As areias das praias paulistas – de Ubatuba a Peruíbe – foram loteadas pelos quiosques.
Notícia velha ou crime continuado?
Chama a polícia!
Chame o ladrão (Jorginho da Adelaide)
As praias são patrimônio da União... Não podem ser “alugadas”, cedidas em comodato, et coetera, et coetera, et coetera...
Arruma uma desculpa, rápido!
Aqui é “terras brazilis”....
Estamos abaixo do Equador (Chico e Ruy Guerra)...
É proibido proibir (Caetano)...
Não tem fiscal suficiente...
Está todo mundo em férias...
Não é comigo...
Nem com eu...
Tem culpa todo mundo...
Só não tem culpa eu...
E os demais turistas.
Pensando bem, temos...
Olha lá! Pega o binóculo...
No Guarujá...
É ele... O exemplo da nova classe média...
Forte da Marinha... Só para ele?...
Que é isso companheiro? (Gabeira)... A família inteira...
Mas pode?
Também não!
Nem com passaporte diplomático?
Devolve a câmera(jornalistas da Folha de S.P)...
Olha a chuva! (quadrilha)
A ponte quebrou! (quadrilha)
Está insinuando o que?
Deixa pra lá...
Circulando... Circulando...
Verão...
Sol... (não esqueça o protetor)
Cerveja...
Era um domingão (Premê)...
Brasília Amarela (Mamonas)...
Vamos a La Playa?... Oh! Oh! Oh!
Chegamos...
Colocar cadeirinhas, guarda-sol...
Dá licença?
Só um espacinho...
Não pode?
Tem que pagar consumação?
Eu trouxe o frango, a farofa e a tubaína...
Tem que pagar?
As areias das praias paulistas – de Ubatuba a Peruíbe – foram loteadas pelos quiosques.
Notícia velha ou crime continuado?
Chama a polícia!
Chame o ladrão (Jorginho da Adelaide)
As praias são patrimônio da União... Não podem ser “alugadas”, cedidas em comodato, et coetera, et coetera, et coetera...
Arruma uma desculpa, rápido!
Aqui é “terras brazilis”....
Estamos abaixo do Equador (Chico e Ruy Guerra)...
É proibido proibir (Caetano)...
Não tem fiscal suficiente...
Está todo mundo em férias...
Não é comigo...
Nem com eu...
Tem culpa todo mundo...
Só não tem culpa eu...
E os demais turistas.
Pensando bem, temos...
Olha lá! Pega o binóculo...
No Guarujá...
É ele... O exemplo da nova classe média...
Forte da Marinha... Só para ele?...
Que é isso companheiro? (Gabeira)... A família inteira...
Mas pode?
Também não!
Nem com passaporte diplomático?
Devolve a câmera(jornalistas da Folha de S.P)...
Olha a chuva! (quadrilha)
A ponte quebrou! (quadrilha)
Está insinuando o que?
Deixa pra lá...
Circulando... Circulando...
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06 janeiro 2011
ANO NOVO: SAUDE E VIDA NOVA
Não tem como!
Mesmo para quem, como eu, a passagem de ano nada mais é que o dia em começamos a nos preocupar com o aumento dos valores das extorsões – digo impostos, preço dos transportes, et coetera, et coetera, et coetera... – quando paramos para assistir a São Silvestre e um brasileiro vence, pensamos: “Ano que vem, que já quer dizer este ano, vou prestar mais atenção na saúde, fazer check-up, avaliação física e recomeçar meus treinamentos – o conselho vale também para quem nunca fez nada, ouviram sedentários? Quem sabe participar da São Silvestre? Agora ficou fácil mostrar que esteve lá. Entregam a medalha junto com a camiseta,antes da prova.
Onde eu estava mesmo quando parei?
Na subida da Brigadeiro?...
Cala a boca, grilo!
Estão vendo como preciso de exames médicos preventivos? Já estou misturando conversa, esquecendo o que falava. Pode interagir, leitor. Revele sua deficiência.
Decidi marcar exames médicos logo no primeiro dia útil do ano.
Senão esqueço.
Alô! É da clinica cardiológica?
Queria marcar um consulta com o doutor... Doutor... Doutor... Por favor, veja na minha ficha o médico que me acompanhava.
A última consulta?
Ora, minha querida, se não lembro nem o nome do médico, vou lembrar quando passei em consulta.
Esse mesmo!
Ele não atende mais?... Aposentou?... Que pena! Mas ele não fazia exames periódicos, as atividades físicas que tanto recomendava? Não dava tempo?... Lamento... A senhora me indica algum outro? Pode ser. Só volta em fevereiro?... Depois eu ligo...
Já que estava no telefone com o manual do plano de saúde, tentei outra especialidade.
Alô! É da clinica do Dr. Rinaldo? Isso, o urologista. Queria marcar uma consulta.
Esta semana não dá?
Ah! Não acredito... Teve duas crises de litíase? Natal e Reveillon? Tentou chá de quebra-pedras?... Não adiantou?... Tem que explodir a laser?... Deseje uma boa recuperação para ele... Posso ligar daqui a uns quinze dias?
Alô! Dá para marcar uma consulta com o Dr. Armstrong?
Só daqui vinte dias? Engessado? Rompeu os ligamentos numa pelada? Poxa! Justo ele, que sempre me disse para não jogar mais futebol por causa do joelho. Aconselhava esportes mais suaves depois de certa idade. Caminhada, hidroginástica. Bom, ligo depois.
Caracas! Nenhum médico disponível... Nem tudo está perdido... Posso começar o ano mudando minha alimentação.
Alô! Queria agendar com a nutricionista. Acho que era Fátima
Fat... Isso mesmo... Só dia 10?...Está se recuperando de uma lipo?... Lipo-escultura, não?... Para perder quatro quilinhos?... Sei...
Nessa eu não prometi retornar a ligação...
Coisa de louco!
Pensando bem... Alô... Clinica do Dr. Freud?...
Obrigado por haver ligado para a Clínica Mental Dr. Freud. Voltaremos a atender após o dia quinze. Deixe seu nome e telefone, que entraremos em contato... Em caso de urgência, ligue para o CVV ou dirija-se ao SUS (e que fique doido mesmo)...
Ah! Deve ter ido relaxar um pouco. Sempre falava nisso. Até yoga me recomendou.
Não digam que não tentei...
Alô! É do delivery?
Duas calabresas bem gordinhas, três pastéis... Sim... Pode mandar duas latinhas de cerveja.
Mesmo para quem, como eu, a passagem de ano nada mais é que o dia em começamos a nos preocupar com o aumento dos valores das extorsões – digo impostos, preço dos transportes, et coetera, et coetera, et coetera... – quando paramos para assistir a São Silvestre e um brasileiro vence, pensamos: “Ano que vem, que já quer dizer este ano, vou prestar mais atenção na saúde, fazer check-up, avaliação física e recomeçar meus treinamentos – o conselho vale também para quem nunca fez nada, ouviram sedentários? Quem sabe participar da São Silvestre? Agora ficou fácil mostrar que esteve lá. Entregam a medalha junto com a camiseta,antes da prova.
Onde eu estava mesmo quando parei?
Na subida da Brigadeiro?...
Cala a boca, grilo!
Estão vendo como preciso de exames médicos preventivos? Já estou misturando conversa, esquecendo o que falava. Pode interagir, leitor. Revele sua deficiência.
Decidi marcar exames médicos logo no primeiro dia útil do ano.
Senão esqueço.
Alô! É da clinica cardiológica?
Queria marcar um consulta com o doutor... Doutor... Doutor... Por favor, veja na minha ficha o médico que me acompanhava.
A última consulta?
Ora, minha querida, se não lembro nem o nome do médico, vou lembrar quando passei em consulta.
Esse mesmo!
Ele não atende mais?... Aposentou?... Que pena! Mas ele não fazia exames periódicos, as atividades físicas que tanto recomendava? Não dava tempo?... Lamento... A senhora me indica algum outro? Pode ser. Só volta em fevereiro?... Depois eu ligo...
Já que estava no telefone com o manual do plano de saúde, tentei outra especialidade.
Alô! É da clinica do Dr. Rinaldo? Isso, o urologista. Queria marcar uma consulta.
Esta semana não dá?
Ah! Não acredito... Teve duas crises de litíase? Natal e Reveillon? Tentou chá de quebra-pedras?... Não adiantou?... Tem que explodir a laser?... Deseje uma boa recuperação para ele... Posso ligar daqui a uns quinze dias?
Alô! Dá para marcar uma consulta com o Dr. Armstrong?
Só daqui vinte dias? Engessado? Rompeu os ligamentos numa pelada? Poxa! Justo ele, que sempre me disse para não jogar mais futebol por causa do joelho. Aconselhava esportes mais suaves depois de certa idade. Caminhada, hidroginástica. Bom, ligo depois.
Caracas! Nenhum médico disponível... Nem tudo está perdido... Posso começar o ano mudando minha alimentação.
Alô! Queria agendar com a nutricionista. Acho que era Fátima
Fat... Isso mesmo... Só dia 10?...Está se recuperando de uma lipo?... Lipo-escultura, não?... Para perder quatro quilinhos?... Sei...
Nessa eu não prometi retornar a ligação...
Coisa de louco!
Pensando bem... Alô... Clinica do Dr. Freud?...
Obrigado por haver ligado para a Clínica Mental Dr. Freud. Voltaremos a atender após o dia quinze. Deixe seu nome e telefone, que entraremos em contato... Em caso de urgência, ligue para o CVV ou dirija-se ao SUS (e que fique doido mesmo)...
Ah! Deve ter ido relaxar um pouco. Sempre falava nisso. Até yoga me recomendou.
Não digam que não tentei...
Alô! É do delivery?
Duas calabresas bem gordinhas, três pastéis... Sim... Pode mandar duas latinhas de cerveja.
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05 janeiro 2011
AS LÁGRIMAS DE MARISA
Dona Marisa chorou
Lágrimas de crocodilo
De derreter botox
Num instante se lembrou:
Era o fim de tudo aquilo?
Cadê a baixela de prata?
Voltar às peças de inox
Dona Marisa chorou
Vida mais ingrata!
Quanta malvadeza!
Quantos afazeres agora!
Ter que marcar hora
No salão de beleza.
Uma cidadã italiana,
Por nada condecorada,
Colocar as mãos na maçaneta?
Coisa mais careta!
Era tudo tão bacana:
Acordar no Alvorada
Assovia! Vem empregada!
Ver jogo da Copa,
Passear pela Europa.
Nem tudo é perfeito
No carro foi esquecida
Mas deu-se um jeito
Coisas da vida!
Dona Marisa chorou
Mordomia quase findou...
Não é assim tanto trampo.
Fazer bobs, colocar grampo
Acostumar com a vizinhança
Em São Bernardo do Campo
Que horror!
Barulho de criança
Gente no elevador
Oh! Vida, oh! Dor!
Oh! Azar...
Quero mais é viajar
Dona Marisa chorou
Querer requentar o café
E ver que o gás acabou
Quem atende a campainha?
Pedir açúcar pra vizinha?
Assim não dá pé!
Dona Marisa chorou
Entendi sua tristeza
Acabou a moleza!
E agora?
Chora Marisa, chora!
Lágrimas de crocodilo
De derreter botox
Num instante se lembrou:
Era o fim de tudo aquilo?
Cadê a baixela de prata?
Voltar às peças de inox
Dona Marisa chorou
Vida mais ingrata!
Quanta malvadeza!
Quantos afazeres agora!
Ter que marcar hora
No salão de beleza.
Uma cidadã italiana,
Por nada condecorada,
Colocar as mãos na maçaneta?
Coisa mais careta!
Era tudo tão bacana:
Acordar no Alvorada
Assovia! Vem empregada!
Ver jogo da Copa,
Passear pela Europa.
Nem tudo é perfeito
No carro foi esquecida
Mas deu-se um jeito
Coisas da vida!
Dona Marisa chorou
Mordomia quase findou...
Não é assim tanto trampo.
Fazer bobs, colocar grampo
Acostumar com a vizinhança
Em São Bernardo do Campo
Que horror!
Barulho de criança
Gente no elevador
Oh! Vida, oh! Dor!
Oh! Azar...
Quero mais é viajar
Dona Marisa chorou
Querer requentar o café
E ver que o gás acabou
Quem atende a campainha?
Pedir açúcar pra vizinha?
Assim não dá pé!
Dona Marisa chorou
Entendi sua tristeza
Acabou a moleza!
E agora?
Chora Marisa, chora!
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