31 agosto 2010

CORINTHIANS - CENTENARIO - MOMENTOS INESQUECIVEIS


“Ser corinthiano é muito além de ser ou não ser o primeiro”.
Toquinho e Sócrates acertaram na mosca.
Títulos sempre são bons, mas o que fica mesmo na memória são os jogos.
Jogos especiais.
Vitórias quase impossíveis, derrotas amargas ou, lembrando o Paulinho Nogueira: ”um simples empate quando era preciso ganhar...”
Puxem pela memória e verão. Todos temos jogos inesquecíveis. Geralmente, costumamos nos lembrar mais das amarguras que das alegrias.
Comecei a sofrer desde que nasci. Sou daqueles nascidos quase imediatamente após o empate de um a um contra o Palestra em fevereiro de 1955, que nos deu o título de “Campeão do Centenário” de 1954, que passaram toda a infância sofrendo com o “Faz-me rir”, amargando o “tabu” e o “jejum”...
Nem Gandhi agüentaria tanto, mas não foram 23 anos... Foram “vinte e dois anos, oito meses e seis dias”.
Esclareça-se ainda que o “tabu” existiu em Campeonatos Paulistas. O Manto ganhou pelo menos uma vez das Viuvinhas em jogos de menor importância. Em 1962, por três a um, no Monumental da Fazendinha..
Enfim, às partidas memoráveis.
A primeira foi uma derrota. Acho que chorei naquele dezembro de 1964.
Começamos ganhando de um a zero, gol do Ferreirinha (alguém lembra?). Ainda ficamos à frente, com Bazzani marcando dois a um, Mas os dois gols do Silva não foram suficientes para impedir a derrota. Sete a quatro. O curioso é que Oswaldo Brandão, técnico campeão de 1954, estava em seu primeiro jogo em mais uma de suas passagens pelo Corinthians, amargou dezoito gols do Edson em uma semana. Tinha perdido de onze a zero como técnico do Botafogo de Ribeirão dias antes.
Nova esperança de quebra do tabu no ano seguinte. Já tínhamos o reizinho Rivelino (com um ele só ainda). Justo ele foi fazer um pênalti no Rei, que marcou mais um e definiu o placar de quatro a quatro.
Fevereiro de 1966. Torneio Rio São Paulo. Quarta à noite no Pacaembu. O Manto havia tirado Ditão e Nair da Lusa, numa conturbada negociação. O Reizinho não usava o Manto número dez, vestido por Thales. Em menos de dois minutos ganhávamos de dois a zero do pessoal da Padaria. Gols de Flávio e Roberto Bataglia. Empataram dois a dois com Silvio e o Príncipe Ivair... Depois, passávamos à frente e os teimosos bigodudos de sotaque empatavam... Flávio fez três a dois, Caldeira três a três, o baiano Gilson Porto quatro a três e o Príncipe novamente empatou. Quatro a quatro a dez minutos do final. Aos quarenta e dois, Flávio Minuano de falta marcou nosso quinto gol. Foram mais alguns minutos de angústia, mas vencemos.
Dezembro de 1967. Campeonato Paulista. Os Bambi eram apenas pó-de-arroz. Ganhavam o jogo de um a zero. Lourival fizera o gol. Comemoravam o título. Menos de cinco minutos para o final e Benedito Carlos da Silva, Benê, marcou o gol de empate. Comemoramos como se fôssemos os campeões. O tricolor perderia das viuvinhas, que ainda estavam casadas, na decisão por dois a um.
Seis de Março de 1968. Pacaembu. Campeonato Paulista. Diogo, Oswaldo Cunha, Ditão, Luis Carlos e Maciel, Edson e Rivelino, Buião, Paulo Borges, Flávio e Eduardo (que faleceria meses depois, juntamente com Lidu, em um acidente de automóvel) vestiam o Manto Sagrado. Ao final do jogo, a Fiel gritava: “Um, dois, três... O ....... é freguês”. Era o fim de onze anos e vinte e dois jogos sem vitórias diante das viuvinhas. Precisa dizer quem marcou os gols? Está bem... O Gazela fez o primeiro aos treze e o Minuano aos trinta e um do segundo tempo. Era o fim do tabu...
Em 1971, uma virada no Morumbi! Os porquinhos, que eram ainda periquitos, em dez minutos estavam ganhando de dois a zero, com César Maluco. No segundo tempo, o técnico Francisco Sarno coloca um tal de Adãozinho para estrear no Manto. Aos cinco minutos, Mirandinha diminui. Depois três minutos que devem ter matado centenas de cardíacos. Vinte e dois minutos, não é que o Adão Ambrósio acerta o ângulo e empata. Não deu nem para comemorar. Aos vinte e três, Leivinha coloca os periquitos à frente. Tira o nó da garganta aos vinte e cinco quando Tião empata de novo. Nos minutos finais, Mirandinha marca e ganhamos de quatro a três.... Um, dois, três... Outro freguês.
Dezembro de 1972. Ado, Zé Maria, Baldochi, Luis Carlos e Pedrinho, Edson, Rivelino e Sicupira, Paulo Borges, Mirandinha e Aladim vestiam habitualmente o Manto naquele ano. Um dos melhores times que vi jogar. Nesse jogo eu estava lá sofrendo na curva do Pacaembu lotado. Aladim não jogou. Pressão total sobre o Ceará. Helio Show, o goleiro defendendo tudo. Só a vitória interessava. Enfim, aos quarenta e tantos do segundo tempo, bate-rebate na área nordestina. Até hoje não se sabe se o gol foi do Sicupira ou contra. Estávamos nas semifinais do campeonato Brasileiro. Nem me lembre que perderíamos de virada para o Botafogo, numa falha do goleiro Ado, há menos de dez minutos do final da partida.
Tome sofrimento. Vésperas do Natal de 1974. Morumbi tingido de branco e preto. Tinha que ser naquele dia o final da espera. Até hoje vejo Ronaldo acertando o chute que além de entrar no gol de Buttice, fez calar a mim e mais milhares de Fiéis por uns dois minutos. Depois, incentivamos até o fim, mas perdemos de um a zero. Mais um ano na espera.
Dezembro de 1976. Será que o Campeonato Brasileiro viria antes do Paulista? Ilusão naquele domingo de muita chuva na Cidade Maravilhosa. Mais maravilhosa ainda para nós, naquele dia. Máquina pó-de-arroz com o Reizinho do outro lado fez um a zero. Ruço empata e Tobias fechou o gol na disputa em pênaltis. Na semana seguinte, fomos até Porto Alegre para perdermos a final contra o Colorado. Mas esta também não me lembre.
Finalmente o jogo inesquecível de todos. Duzentos e setenta minutos de sofrimento e glória em três atos no Recreio do Morumbi. De seis a treze de outubro de 1977. No primeiro ato, Palhinha de cara, e sem querer, faz um a zero e se machuca. No segundo, Vaguinho faz dois a zero. Era o título ambicionado... Quase... Dicá e Rui Rei jogaram água no chopp... Lembrando-me de Fiori Gigliotti, as cortinas seriam abertas para o terceiro ato... O final todos sabem... Faltavam oito minutos para o final, quando o “Pé de Anjo” Basílio levou a Fiel ao céu.
Depois disso, para mim, não haveria mais jogos inesquecíveis. Os títulos viraram hábito. Lembro-me vagamente do gol de Tupãzinho no primeiro titulo brasileiro e de lances da época da democracia. ´
Do “Faz-me-rir ao fim da fila” ficaram registradas as maiores emoções que o Manto Sagrado me proporcionou.
Acho que nem a Libertadores me emocionará tanto.
Parabéns Corinthians...
Obrigado por existir...
Dá licença de novo, Toquinho!
Ser corinthiano é ser também um pouco mais brasileiro.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu não acredito!!! Depois de consultar todo dia o seu blog para ler algum assunto interessante,durante dezenove dias... vc. escreve ISSO!!!
Abraço PALMEIRENSE.