07 fevereiro 2010

A ARTE DE ROUBAR...

Roubar está na essência do homem... Alguns produzem e a ampla maioria rouba...
É assim desde os primórdios... Diria que a cobra que tentou Eva roubou a maçã...
Se não roubou a maçã, roubou o Éden do casal...
Só não sei exatamente o que foi, posteriormente, roubado por Adão e Eva...
Caim roubou a vida de Abel...
Todos roubam algo em algum momento...
“Eu, não!!!”.
Reajam, repudiando-me...
Acalmem-se e, mais calmos, reflitam...
Não é necessário ir à santa Madre Igreja confessar o roubo secreto que é impossível mentir para si.
Ela é uma das maiores infratoras desse pecado.
Roubava na Idade Média explicitamente.
Vendia indulgências.
Que estelionato!
Ainda que ninguém tenha voltado para reclamar, o ouro dos pecadores purificados ainda deve brilhar em algum anel de Bispo.
Hoje roubam em garagens e templos e escondem em bíblias.
Não se deve discutir religião?
Então, passemos ao futebol.
Não vou falar do superfaturamento das construções de estádios para a Copa.
Falarei apenas do esporte.
Logo nos lembramos de algum gol de mão, algum pênalti suspeito contra o braziu...
A favor, não foi roubo... Foi esperteza, a malícia do atacante brazileiro...
Não se deve discutir futebol.
Política não se deve discutir.
Pô, aí é sacanagem!
Falar em roubar na política é igual falar de corda em casa de enforcados... Entre “excelências para cá, excelências para lá...”, a gente sabe que vamos ser roubados.
IPTU, ISS, IPVA...Aqui em St.Paul tem até um impostômetro.
De impostos, não de impostores...
Saindo da letra I, tem precatório, verba de representação, et coetera...
Chega?...
Concordou que somos roubados?
O patrão rouba o suor do empregado pagando o mínimo pelo máximo suor.
O empregado se vinga e faz corpo mole.
Ou invade uma fazenda e destrói a produção de laranjas... Mata o vigia... Quebra o maquinário.
Ladrão roubando ladrão, cem anos de perdão.
Onde eu roubei?...
Perguntem-se...
Você comprou algo, a preço vil, de alguém em desespero?
Pô, meu... Foi negócio de oportunidade, responde, vai...
E se você fosse o desesperado?
Os povos bárbaros roubavam suas riquezas entre si.
Os ingleses, portugueses, holandeses, espanhóis saqueavam-se, mares afora...
Lá pelo canal da Mancha ainda hoje fica muito dinheiro roubado...
Enfim, viver é a arte de roubar e ser roubado...
O tempo todo, o dia todo.
Se você produz é escorchado pelos impostos.
Sonega, roubando, justificando-se de algum modo.
Se você compra de camelô, você está roubando o emprego de um brasileiro.
Acha que está ludibriando o imposto do governo que rouba você.
Um chinês explora o suor de um boliviano, numa máquina de costura no Brás ou Bom Retiro... Você vai lá e compra a roupa do chinês que rouba o boliviano que rouba o emprego de um brasileiro... E pode ser até que revenda a roupa... Tudo sem nota...
É uma corrente sem fim...
Uma imensa cadeia de ladrões onde somos um elo...
Ou vice-versa...
Agora, sabem, realmente, porque eu escrevi isso há dois anos?
Revoltado com uma notícia que li, narrando o drama de uma mulher pobre, quase negra, aidética que está presa há dois anos e meio porque roubou bolachas e biscoitos no supermercado...
Cadê os outros, perguntaria o macaco?
Os que roubam panetones, por exemplo?
Não vamos dar nome aos bois, porque o espaço é pequeno e o rebanho imenso.
Liste você os ladrões deste país.
Inclua os que roubam a vida diretamente, os que traficam e roubam os sonhos dos jovens, dos que ingressaram em cooperativas habitacionais...
Faltam dedos para a contagem?
Se não gostou de ser enquadrado, rasgue...
Ou passe esta corrente “prá frente, braziu...”
Salve a Seleção!

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